O Novo Lápis Azul, ou a Censura Renovada
Ao longo da última semana acompanhámos todos as notícias sobre a demissão da Editora de Política Nacional do Diário de Notícias. E pudemos constatar, mais uma vez, a existência de alinhamentos político-partidários nos media, por vezes, de acordo com a lógica de grupos económicos a que pertencem. A história é a seguinte, alguém terá tido o trabalho de ir desenterrar umas declarações feitas por Álvaro Barreto há muitos anos atrás a propósito do actual Primeiro Ministro. Nessas mesmas declarações, como é óbvio, Barreto desfaz o Senhor Lopes sem cerimónias, afinal de contas viviamos ainda sob Cavaco e o Lopes nãp era própriamente o seu favorito...
O ressuscitar dessas declarações é algo que é normal e até esperável. Se alguma coisa peca só por tardio, uma vez que esse trabalho deveria ter sido feito logo na altura da revelação dos nomes do elenco do Governo. E seria assim que seria feito em qualquer outra parte do mundo.
No entanto não o entendeu assim a Direcção daquele vetusto jornal, que escudando-se em razões subjectivas, como a qualidade da peça, optou por publicar ao invés uma peça sobre os desentendimentos entre os vários candidatos do PS à sucessão de Ferro.
Este caso faz-nos ver muito claramente que a chamada política editorial de um jornal há muito que já foi mais longe que questões de estilo, ou de puritanismo na sua definição. Sob uma máscara de suposta isenção e imparcialidade os jornalistas fazem, no fundo a pior política sem estarem sujeitos sequer ao eleitorado. Ao escolherem, por critérios de conveniência, as peças a ser publicadas tornam-se nos piores "Their Masters' Voices".
Por último este caso faz-nos, ainda, ansiar por um tempo passado de regras mais claras, tempo esse, em que a censura institucionalizada nos permitia perceber que naquele espaço faltava um texto, uma informação, uma inconveniência. Ao contrário de agora, em que estamos convencidos que vivemos com liberdade de informação e que não desconfiamos que há uns senhores sentados nas redações dos jornais a decidirem sobre o que é conveniente que saibamos.
Pergunto-me, não seria melhor mudar o código deontológico dos jornalistas, retirando o dever de isenção e de imparcialidade e deixando enrão cair essa máscara, passando os media a assumirem em pleno que prestam uma informação preconceituosa, parcial e completamente subjectiva?
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