sexta-feira, setembro 09, 2005

Um pic-nic ao Martim Moniz

Ontem lá resolvi ir, curioso, até ao número 88 da Rua de São Lázaro, que é o local onde se encontra a Associação ILGA-Portugal, para ir assistir àquilo que os partidos políticos candidatos à governação da capital achavam que tinham de dizer de importante aos lgbts e a alguns dos seus representantes.

Comecei por ficar admirado com o facto de estarem todos presentes. Até um senhor do CDS/PP, que por falar em estereotipos, lá teve, a dada altura, de puxar de um cachimbo. Depois continuei pasmado com duas coisas em particular.

A primeira era a de quem ouvisse aqueles senhores e senhora julgaria com certeza viver num país diferente, pois afinal todos eles ofereciam mil e uma coisas aos lgbts lisboetas e até o único que não ofereceria nada de especial prometia, pelo menos, que não discriminaria. Claro que esta cena trasladada para qualquer outro país, ou capital um pouco mais civilizada daria logo inúmeras reacções, mais, ou menos edificantes por parte do público, público esse que assistia um pouco amorfo de mais às sucessivas baboseiras...

A segunda foi a apresentação de alguns argumentos para a não concessão da Igualdade de Direitos a todos os cidadãos, independentemente das suas orientações sexuais, por parte, primeiro da senhora do Bloco e, depois, dos senhores do CDS e do PPD que apesar de gastos e pouco lógicos demoraram a ser rebatidos.

Começando pelos últimos, chocou-me que pessoas supostamente inteligentes ainda admitam recorrer à velhinha fórmula jurídica da Igualdade (igual o que é igual, diferente o que é diferente...) que não mudou muito desde o século XIX nem na formulação, nem nas situações em que a procuram aplicar, sempre, sempre para justificar uma oposição a qualquer avanço de direitos. Mais, o representante do PPD, como quem não vê o abismo para onde alegremente caminha, continuou a argumentar que o Direito precisava de consultar outras ciências antes de avançar, algo, outra vez, exactamente igual àquilo que as pessoas que se opunham à concessão de direitos políticos e económicos às mulheres diziam até há algumas décadas atrás (alguém deveria republicar a quantidade de estudos, hoje hilariantes, sobre a importância das diferenças fisiológicas e os seus reflexos comportamentais e diminuidores da responsabilidade)...

Igualmente grave foi o facto de a senhora do Bloco de Esquerda procurar escudar a inactividade parlamentar bloquista nestas matérias numa falta de consenso na sociedade portuguesa quanto a estas mesmas matérias. Ora aí está mais uma originalidade que aplicada a tudo nos daria um legislador que provavelmente reintroduziria a pena de morte para alguns crimes, ou retrocederia na concessão de direitos políticos aos cidadãos de raça diferente e por aí em diante, tudo em nome de satisfação do consenso social na matéria, uma vez que isso é, aparentemente mais importante para o Bloco, do que a defesa de Princípios, ou de Direitos Humanos...


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