A (Des)Entrevista
Cavaco ontem fingiu conceder uma entrevista à TVI. A indomitável Constança ontem foi-o menos. O candidato continua a dar a ideia que é um homem que, se pudesse, se candidatava a outro lugar. A conjunção destes factos resultou num programa com menos ruído de fundo, com a compensação de se ter ouvido, ainda melhor, o silêncio do candidato Cavaco, que agora que já é candidato e que já apresentou o seu manifesto continua, igual a si próprio, a não querer dizer rigorosamente nada, ou,à semelhança de outros políticos muito "verticais," a por a "Cassette".
Segundo o próprio dar opiniões sobre algumas das questões que marcaram e marcam a agenda nacional, ou é faltar ao respeito a quem esteve envolvido nelas, ou então é quebrar o dever de neutralidade. Estranho para quem achava, no início da entrevista, que era movido por imperativos de intervenção cívica.
Também de acordo com Cavaco não são as sondagens, nem puro calculismo, mas a mudança dos tempos que justificam que passe de um estilo de ataques políticos bipolarizadores, para um género "português suave", que aparentar fragilidades logo que depara com a mínima contrariedade, até porque se há algo que Cavaco não é é suave...
Mais, e sem querer ir aos "particulares" da desentrevista porque esses diminuem, quer o próprio, quer quem os comenta, para Cavaco o passado é, ao mesmo tempo, uma menina bonita que gosta de apresentar a todos e uma menina horrível que gostava de esconder de todos. O homem que muitos gostam de dizer é um bom executor e um ainda melhor gestor não consegue decidir. E é por isso que não pode reivindicar feitos do passado (alguns dos quais ainda por cima falsos) por um lado e, por outro, dizer que essas "coisas" já se passaram há vinte anos.
Por último, por momentos, quando Cavaco mencionou as palavras "corrupção" e "ética" na vida pública confesso que me empolguei (afinal não era difícil numa entrevista de resto morna), pensei que iria fazer um mea culpa relativamente aos tempos em que podia de facto ter feito algo em relação a esses fenómenos. Mas afinal não, "the professor is not for turning"...
De Bag
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