segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Ler os outros: Richard Zimmler na revista do JN/DN, excerto abaixo:

A sua relação com Alexandre Quintanilha, que dura há 30 anos, é quase coisa de contos de fadas, não é?

[Risos] Sim, um bocado. Mas também temos problemas; não é perfeito. Mas temos respeito e amor mútuos, que é o mais importante.

 Por que razão, em pleno século XXI, se fala tão pouco de homossexualidade com essa sua abertura?

É uma questão difícil e complicada. Quando eu cresci, o homossexual tinha que ultrapassar os seus próprio preconceitos. Eu entrei em pânico, pensei: “Estou mais interessado em homens do que em mulheres. O que é que isso signfica? Vou ter que mudar a minha personalidade toda? Deixar de gostar dos Beatles e dos Rolling Stones e passar a gostar mais de JudyGarland?” Não tinha modelos de comportamento com quem pudesse testar a minha personalidade. E depois, nem todas as pessoas estão em posição de assumir a sua homossexualidade sem que isso lhes traga repercussões graves e terríveis na vida. Há jovens que se o dissessem aos pais, seriam corridos de casa. E os políticos portugueses se dissessem: “Tenho uma relação com este homem”, não conseguiriam as posições altas que ambicionam.

Acha mesmo que haveria essa relação de causa-efeito?

Não sei. Como ninguém o faz, não podemos saber. A homossexualidade só é assunto porque há preconceito. Caso contrário, seria tão banal como ter olhos azuis ou verdes, ser alto ou baixo. Luto para um dia seja assim.Eu não falo da minha sexualidade po mim; falo dela por causa do jovem que vive em Beja e da rapariga que vive em Vila de Conde. Ambos se sentem frágeis devido á sua sexualidade, não conseguem assumi-la porque estão rodeados de pessoas com preconceitos. Têm que viver atrás de uma máscara. É por causa deles que falo, para que entendam que podem ser felizes, realizados, viver com amor, com paixão, com tudo. E que não têm que mudar. É importante que cada um de nós viva como é.

Mas acha que pos políticos, artistas, etc, poderiam contribuir para a abertura de mentalidades se assumissem a sua orientação sexual com tranquilidade?

Os políticos – e os cozinheiros, os advogados, os escritores, os músicos - poderiam ter um efeito muito positivo sobre a sociedade portuguesa. Se falassem abertamente da sua vida íntima, as pessoas perderiam os tabus, aprenderiam a lidar frontalmente com os problemas, com a violência e as violações sobre crianças, a denunciar os abusos. Os tabus não criam uma sociedade saudável. É preciso muita gente a falar dos seus desejos, dos seus problemas, para receber a solidariedade das pessoas individualmente e da sociedade em geral. Mas não posso dizer que as pessoas têm obrigação de o fazer.


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