terça-feira, novembro 30, 2004

Cesariny e o drama do país de "tecto baixo"

Mário de Cesariny vai inaugurar hoje uma exposição da sua obra pela primeira vez. O Público tem hoje, na sua edição impresa, uma longa conversa com o artista e é impossível não deixar de sentir o seu drama, que é também o nosso drama da vivência no país do "tecto baixo" que é o nosso país.

Caro Mário, compreendo seu "se", quando diz não saber o que teria sido caso tivesse "nascido numa democracia". A questão é que se calhar a sua vida teria sido menos sofrida, mas também menos produtiva.

Também o compreendo quando confessa a sua admiração por "putas, marinheiros e gatunos, porque eles são "loucos e desenquadrados. Por escolha, são livres, livres no seu erro." Depois, não resisto à sua alusão ao Amtónio Lisboa: «Nós sabemos que somos um erro, mas a nossa consciência disso isola-nos do erro alheio.»

Acima de tudo Cesariny é Liberdade, que é Liberdade, que é Liberdade.

6 Comments:

At 11:45 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caro Blogger

A propósito da M. C. de Vasconcelos, lembro-lhe a entrevista que o mesmo deu ao Público de ontem.
Veja o que é dito sobre a homosexualidade, e aprenda ...
Deixe-se de tiques anglo-saxónicos.
Liberdade, penso que era essa a base ou sustentáculo da sua admiração por M.C.V.
Cumprimentos.

 
At 4:07 da tarde, Blogger para lá de bagdade said...

mantenho o que disse, por outras razões.
cesariny tem a importância que tem, vem do tempo e do movimento que vem, reduzir todos às opiniões tipo menu mcdonald's e a um novo totalitarismo intelectual é coisa com a qual não pactuo.
posso não concordar com tudo o que cesariny defende, mas compreendo-o e admiro a sua vida e obra e até algumas das suas convicções.

 
At 10:18 da manhã, Blogger para lá de bagdade said...

mas o cesariny não diz bem isso, o que ele diz é que são outra coisa...que são diferentes. é que para o cesariny há uma série de valores e principios que, ou não fazem sentido como a maioria das pessoas os vêm, ou então que ele vê ao contrário. coisas como o amor, casamento, fidelidade, dinheiro, poder, ou contrapoder são olhadas de forma diversa pelos surrealistas, especialmente pelos surreealistas mais puros como é o caso de cesariny, que é preciso recordar foi perseguido a maior parte da sua vida adulta precisamente pela sua homossexualidade (claro que também pelas suas opiniões políticas). convém também recordar que outros artistas da época renunciaram à sua própria sexualidade, por exemplo antónio botto que até se casou. cesariny não. pode ter algumas opiniões polémicas, mas são só isso...

 
At 3:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vejo com satisfação que o caro blogger entendeu perfeitamente onde queria chegar. Na verdade, a diferença não deverá assustar ou ser mascarada com ideia normalizadoras... como aliás resulta em grande medida dos movimentos de defesa da homosexualidade oriundos dos países anglo-saxónicos. Gay-pride? Já agora Hetero-Pride ... não se trata de uma questão de orgulho mas de pura existência.
Por outro lado, tal não significa que, numa assumida diferença, se lute contra as desigualidades que infelizmente existem, muito embora com menor expressão do que há anos atrás.
Quanto ao comentário deselegante que li, penso que empobreceu uma troca de ideias livre, e que provavelmente indicia alguma falta de back-ground da pessoa em apreço.

 
At 5:31 da tarde, Blogger para lá de bagdade said...

caro anónimo,
quanto à elegància do comentário, devo confessar que não o compreendo, a não ser que encare os macdonalds como símbolos de deselegância, e nisso até concordaria consigo.
já relativamente a backgrounds, de facto ainda tenho, felizmente, muito que aprender, e nesse sentido obrigado pela sua manifesta vontade em querer partilhar aqui os seus conhecimentos e opiniões.
quanto ao seu último comentário, assim como não acho condenável as opiniões de cesariny (qiuanto a concordar com elas ou não é outra coisa), também não acho condenáveis aquilo que o caro anónimo denomina como movimentos que pretendem normalizar situações que o não são.
quanto a mim, na sociedade ideal existiriam individuos que teriam total liberdade para contratar com outros individuos os direitos e obrigações que entendessem. como actualmente não é isso que se passa, é de certa forma compreensível que certos grupos a quem a sociedade não conferem quaisquer direitos, minimamente condignos, queiram, de forma a quiça queimar etapas enquadrarn mecanismos e institutos preexistentes de forma a alcançar mais rapidamente esses mesmos direitos que agora não têm
estamos a falar de coisas tão prosaicas como o direito a visitar o,a parceiro(a) no hospital, ou de coisas mais sérias como não terem de pagar direitos de transmissão sobre bens partilhados uma vida inteira quando algum, alguma morre.
se de facto a forma mais rapida de alcançar esses direitos for através do alargamento do conceito de casamento para incluir relações que não estavam previstas na sua génese, so be it!

 
At 10:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro Blogger

O comentário primário e deselegante que referi respeita am, não às suas palavras.

 

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