A morte de Yasser Arafat e Israel
Tudo indica que a morte de Yasser Arafat irá ser anunciada em breve (para ler acima o artigo de Alexandra Lucas Coelho no Público de hoje sobre a polémica quanto ao local onde o mesmo irá ser enterrado) . Arafat foi o grande responsável pela legitimação do direito a um estado para os Palestinianos, não foi propriamente um pai da nação, porque já no tempo do dominio Otomano havia uma pretensão Palestiniana a maior autonomia e independência.
Foi, isso sim quem, partindo de uma situação em que os Palestinianos foram o elo fraco face a um Sionismo insuflado pela consciência culposa do Mundo Ocidental pelo Holocausto Nazi, que não tendo sido consultados viram a sua terra retalhada pela ONU nos anos 40, após um abandono cobarde da autoridade colonial Britânica que não foi capaz, ou não quiz resistir aos ataques terroristas de Judeus na Palestina, conseguiu alertar o Mundo para a necessidade de constituição de um estado Palestiniano. Realidade que só recentemente Israel aceitou oficialmente.
Arafat infelizmente não conseguiu captivar as sucessivas administrações americanas, tarefa aliás que lhe foi bastante dificultada por um furioso lobby Judaíco em Washington. Nem conseguiu, mesmo após os acordos de Oslo, assumir um papel semelhante ao de Mandela na África do Sul, com gestos corajosos capazes de desarmar os obstáculos sistematicamente impostos por Israel à implementação daqueles acordos.
Arafat também não quis, ou não conseguiu demarcar-se claramente das vozes mais fundamentalistas da resistência Palestiniana, nem conseguiu criar uma administração com regras transparentes que transmitisse confiança a Israel e ao Mundo.
Acima de tudo Arafat tem a infelicidade de não se ter conseguido colocar, nem ele, nem a sua causa, do lado dos vencedores. Talvez muito do que se tem escrito sobre Arafat nos últimos dias, especialmente pelos seus criticos, seria semelhante ao que se escreveu sobre Beguin (que já a bordámos aqui em Outros Terrorismos) caso Arafat morresse como líder de uma Palestina independente, com fronteiras e governo completamente formados e internacionalmente reconhecidos.
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