Balde de Água Fria
Está prestes a acabar o circo da formação de listas. Com a excepção do PSD, o processo de formação de listas foi relativamente pacífico, como pacíficos podem ser estes processos.
Podem-se, pois, tecer algumas considerações. A primeira, as listas do PSD são a corporização da maior parte dos aspectos negativos da personalidade de Lopes, com a inclusão de uma série de individualidades cujo único mérito parece ser, ou a sua relação pessoal com o líder, ou o mediatismo que possuem. Mais, a composição que se adivinha das listas deixa antever um período pós eleitoral, pós-derrota difícil para o partido com o Senhor que se seguir a ter uma tarefa hercúlea para conseguir arrumar uma casa, com uma série de personagens que lhe serão hostis instaladas no hemiciclo.
A formação de listas do CDS/PP confirma a boa gestão de Portas e torna plausível um cenário de uma subida significativa do resultado eleitoral daquele partido. Especialmente "esperta" a mexida de Nobre Guedes de Lisboa para Coimbra, prevendo-se para aí um debate ainda que perfeitamente populista sobre a co-icineração.
Quanto ao PCP, as listas confirmam no essencial aquele que tem sido o percurso do partido nos últimos meses, com o afastamento de quase todos os "renovadores".
Já o BE pode acabar por surpreender, à semelhança do outro partido pequeno da Direita, pela positiva, muito embora, para quem quer ter responsabilidades acrescidas na governação do país se note que no BE continua-se a criticar sem apontar alternativas.
As listas do PS essas foram um balde de água fria e bem fria. Se é certo, por um lado, que não clamo, como certas pessoas, a vinda de um tirano para o governo de Portugal, por outro, é para mim claro que quem vier a ser o próximo primeiro ministro de Portugal irá ter de ter convicções fortes, ideias claras e um rumo definido para o país.
A formação destas listas não deixam antever nenhuma destas qualidades de forma nitida. Se não vejamos afastam-se algumas personalidades que embora polémicas dão muito do "sabor" que o PS tem, como Helena Roseta, mantêm-se outras que são unanimemente apontadas como causas para o último e recente débâcle partidário, como é o caso de Pina Moura, ou, ainda, vão-se buscar personalidades que, não obstante ninguém pôr em causa as suas qualidades pessoais, ninguém lhes conhece as qualidades políticas, como é o caso da viúva de Sousa Franco (situação aliás que permite uma leitura ainda pior: aproveitamento partidário da morte do Professor pelo PS e pela própria viúva). Por último dá-se ainda o caso daquela que seria sempre uma decisão difícil, mas necessária e que acaba por não ser tomada, que era a do afastamento de Pedroso, uma vez que o próprio não se auto-excluiu, e que revela uma aparente pouca inclinação para a tomada de decisões penosas.
Pobre país, pois, que se prepara incrédulo para aquilo que parece ir ser um valente banho de água fria.
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