A Gaiola Dourada
Muitos se insurgiram,k estes últimos dias, quanto ao facto do Embaixador Português junto na Tailândia não ter imediatamente interrompido as suas férias e ido para o local da tragédia prestar assistência aos compatriotas que por lá se encontravam. A mim, este comportamento não me surpreendeu. Há muito que a carreira diplomática é um dos últimos refúgios de um grupo corporativista, que subsiste ao abrigo de regras que, na maioria dos casos, pouco têm a ver com o mérito (como aliás em tantas outras áeas do país). Para ser justo, também em muitos outros casos a diplomacia nacional é exercida sem condições e a expensas dos próprios diplomatas e respectivas fortunas.
Por isso, não fiquei admirado quando vi os estaminés, que os representantes diplomáticos de inúmeros países ocidentais montaram num abrir e fechar de olhos e não vi sequer vestigios do "nosso" estaminé. É que a nossa diplomacia está reduzida, nos tempos que correm, à feitura dos despachos e notas informativas, de comparência a beberetes e do aproveitamento do melhor que cada local tem para oferecer, e qualquer iniciativa que fuja a essa rotina está irremediavelmente condenada. No fundo muitos dos nossos embaixadores não passam hoje de mordomos de luxo encerrados em gaiolas douradas, com o essencial da política externa e das relações internacionais a passarem-lhes ao lado.
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