O que significa hoje em dia o 10 de Junho para a maioria de nós?
Para mim significou em criança a participação na inauguração da estátua de Camões no largo com o mesmo nome em Cascais. Depois, num território de estatuto jurídico sui generis, que estava ligado a nós, significou festas em grutas, jardins acompanhadas de umas declamações do soneto sobre a Leonor, que formosa seguia com o seu cântaro em direcção à fonte.
Agora não vejo bem qual a utilidade da celebração tão solene deste dia. A não ser a utilidade de pôr repetidamente o dedo na ferida do que é a insignificância e errância do Portugal dos nossos dias, quando nos comparamos com o chamado Portugal de antanho.
Tendo já vivido noutros países não me apercebi em nenhum deles de tamanha comemoração alusiva à "nacionalidade" e "comunidades". E nem essa ausência de celebração e festa alguma vez me pareceu relevante para a ligação desses cidadãos aos estados, ou mesmo o seu orgulho nessa ligação.
O 10 de Junho, acompanhado de ainda muitas outras coisas no país (por exemplo o "Expresso") não é mais do que um resquício de rituais do Estado Novo que ninguém tem coragem para reformar, porque quem eventualmente o fizer será naturalmente apelidado de pouco patriota.
E assim, enquanto alguns Barões e Viscondes da Républica convivem alegremente em Guimarães (quiçá comparando-se em importância a outras figuras históricas da "cidade-berço"), trocando os inevitáveis "galhardetes" entre si, a que muito pomposamente chamam condecorações, o país desenrola a toalhinha e mergulha o pé contrariado, porque a água ainda está fria, numa qualquer praia do país que já foi de Camões.
Adenda: Ler, em sentido semelhante o João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos com o "O Dia"
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