PREGÕES MATINAIS
Passo às vezesz na cama um dia inteiro
De papo para o ar, como um madraço...
Fumando qual filósofo ou palhaço,
- Sem mulher...sem cuidados... sem dinheiro!
É de manhã então que me é fagueiro
Ouvir trinar no cristalino espaço
Um pregão mais macio que um regaço,
Que se esvai a carpir... como um boeiro...
De manhã é que passa a leiteirinha,
Com seu pregão chilrado de andorinha,
Passam varinas de gargantas sãs...
E ao escutar tais cantantes semifusas,
Eu creio que oiço ao longe as frescas musas,
- A vender uvas e a pregoar maçãs.
Gomes Leal
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