quinta-feira, julho 07, 2005

Londres 7/7/2005

Aconteceu aquilo que todos temiam, previam e, de certa forma, até esperavam: um ataque terrorista em Londres. Desde o ataque em Madrid, há um ano atrás, essa inevitabilidade paira sobre todas as grandes cidades europeias e, especialmente, sobre os seus lotados sistemas de transportes. À semelhança de Madrid, os alvos foram cidadãos comuns e não bases militares, ou sedes de Governo. Mas não será esta uma das principais características do terrorismo? A preocupação em obter um número máximo de vítimas civis e, com isso, semear Terror?

Nestes momentos as memórias dos locais atingidos surgem poderosas e irresistíveis. Aqueles locais não são só dos que por lá passam todos os dias, mas de todos os que já lá passaram.

O percurso das bombas, humanas, ou não, ainda não se sabe, assemelha-se de forma quase macabra aos meus percursos em Londres. O começo do dia em Liverpool Street, ou então um almoço rápido, na estação central da City Londrina, mastigando uma qualquer comida de plástico ao mesmo tempo que inspeccionava uma das três livrarias da estação, ou, em melhores dias, todas as três. Recuando mais alguns anos, Liverpool Street Station foi o palco dos episódios iniciais de um namoro, o primeiro, entre fatias de bolo de cenoura e declarações de amor e desejo com commuters furiosos com os atrasos sucessivos dos seus comboios e, obviamente, sem tempo para namorar.

Em Russel Square estudei e deambulei. Estudei num edifício assustador, que no filme 1984 foi utilizado como sede de Governo e que para mim se transformava todos os dias numa biblioteca como não conheci outra. Um local de leitura, de reflexão para alguns trabalhos mais complexos a dois passos de mais Universidades, do Museu Britânico e só a 20 minutos a pé, ou 5 de autocarro do Soho e de tudo aquilo que o Soho finge ter para oferecer.

Ao lado de King’s Cross experimentei, numa altura de incerteza, um grupo de ajuda. Por isso lembro-me de passar naquela estação primeiro expectante, depois satisfeito com a experiência, a qual embora tenha considerado não ser para mim, foi positiva por lá ter feito dois amigos, com os quais, ainda hoje, me mantenho em contacto.

Felizmente a “Rota do Terror” não passou pelas livrarias de Charing Cross, ou pelos espaços abertos do South Bank, ou pelos apertados passeios de Portobello Road, ou as largas avenidas ladeadas por bem artilhadas montras de Knightsbridge, ou muitos outros locais. No entanto foi a confirmação para todos que o que aconteceu hoje pode voltar a ocorrer a qualquer momento (é impossível revistar todos os passageiros um a um). Mas também não terá sido a confirmação de que a “Guerra contra o Terror” não estará a ser bem conduzida?


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