"Cavaco o Democrata"
Confesso que quando ouvi esta declaração de Cavaco, aquando da sua entrvista com Judite Sousa (em relação à qual Judite nada disse, ou procurou contrapor):
«as pessoas sérias com a mesma informação chegam a um acordo»
senti um arrepio, porque, como aliás já aqui tinha dito a insistência no conceito, definido pelo próprio, de cooperação estratégica só pode levar a uma de duas coisas: ou à dissolução da AR, ou a um estatuto de ainda maior irrelevância do PR, porque, como é óbvio, não resulta automático que, ainda que tenham as mesmas informações sobre determinadas questões, duas pessoas tenham que entrar em acordo sobre caminhos a seguir para essas questões. Há outras variáveis como os objectivos, ou as prioridades de determinados contextos, entre outras que podem e, na maioria dos casos, influenciam as decisões.
Mais grave ainda é que Cavaco, ao formular a sua posição desta forma, o que ainda não tinha feito até então, deixa entender que quem não estiver de acordo com ele só pode estar de má fé; ou, então, que mesmo que haja um entendimento entre ele e o Primeiro-Ministro, outros partidos, ou pessoas que não partilhem desse acordo estarão necessariamente de má fé. Estranha e perigosa forma de entender a democracia em que o dissídio não é patriótico e em que o acordo tem de ser inevitável.
De notar, ainda, o curioso desementido que Cavaco faz de uma pequena história que Soares contara, uns dias antes, com uma remissão para o seu livro de memórias, como se o facto de estar lá escrito bastasse para que a sua versão fosse a verdadeira. Tamanha devoção por obra própria só é comparável a de Mao pelo seu livrinho vermelho...
De Bag
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