I still know what you did last...
Por essa Europa fora quando um político, ou titular de orgão de soberania erra, ou perde o lugar (demite-se, ou é demitido), ou pede desculpa. Por cá, é eleito Presidente, ou vai para a UNICEF, ou para a Comissão Europeia.
A mais recente demonstração desta falta de modéstia lusa chega-nos da Presidência da Républica. Cavaco, com a activa cumplicidade da maioria dos media (cumplicidade que vem desde a campanha para as presidenciais e que se prolonga, encorajando nos leitores um sentido de que qualquer grunho emitido em Belém corresponde a uma enorme novidade e a uma excelente ideia para o país e não a algo cansado, exasuto e sem efeitos na prática), no seu mais recente discurso do 5 de Outubro perorou ao país sobre a Corrupção. E o país dos jornais, televisões, rádios, comentadores políticos respondeu rendido ao engenho do noss Homem em Belém, que, com um simples discurso, teria efectivamente colocado o tema na agenda de todos.
Pareceu-me que ninguém se lembrou que acabou de ser celebrado um "Pacto para a Justiça" onde o tema não consta. Também me pareceu que Jorge Sampaio já tinha falado neste tema numa das últimas efemérides por si assinaladas em que tinha chegado ao ponto de sugerir uma inversão do ónus da prova nos casos do enriquecimento "injustificado" (alguém ainda se lembrava disto? que efeitos teve?).
Por fim parece-me que o conjunto de notáveis que fazem as opiniões das redações dos media continuam, olímpica e autistícamente, a ignorar, ou a querer esquecer, o "cadastro" de Cavaco neste tema. O que fez o nosso Presidente enquanto foi Primeiro Ministro para combater os sucessivos enriquecimentos "injustificados" no seu Governo, Grupo Parlamentar e Partido?
Apetece dizer: "I still know what you did last summer"...
De Bag
2 Comments:
os editores dos jornais sofrem de demência de Alzeihmer...
É pungente este estado de coisas. Esquecimentos demenciais dos media. E pensar que a jornalista Anna Politkovskaia morreu há dois dias por denunciar o que se passava na Tchetchénia. É disto que todos, no fundo , sabemos e, estupidamente tememos. É que existem as mortes fisicas e as outras, não menos horríveis,que são as prateleiras douradas....para quem quer fazer jornalismo de investigação como profissão. Estamos a tornarmo-nos campeões do medo em Portugal. Sócrates, intervem por favor. Assim não há democracia que resista. Até lá.
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