A China
No dia em que começam os Jogos Olímpicos de Beijing é dificil não recuar à cidade que conheci no princípio dos anos 80. Não havia nem turistas, nem produtos nas prateleiras. As longas e largas avenidas da capital impressionavam, não tanto pela sua dimensão, mas pelo seu vazio. Paralelas às avenidas, estreitas faixas para bicicletas monopolizavam o barulho e a confusão criadas pelos sinos das bicicletas e por quem queria atravessar incólume aqueles espaços. As cores da cidade não estavam desbotadas pela poluição, estavam-no sim pelo tom monocromático das roupas que todos envergavam, ora verde azeitona, ora uma espécie de azul pertóleo, com uns alçapões por trás para as crianças.
Atravessando a China, de Sul para Norte, de Oeste para Leste, percebia-se já naquele tempo a enorme injustiça nas enormes desigualdades. Nos gestos de alguns dos guias, ou dos contactos que íamos fazendo, percebíamos através dos atrevimentos e outras "traições" que se queria e desejava o mesmo que nós.
Passadas duas décadas, a emergência de uma classe média, o aparecimento de um embrionário movimento cívico com advogados a perseguirem, por vezes com sucesso, o Estado e a criação de "expectativas" na população levarão finalmente a China onde?
Estaremos, por ventura, longe já das célebres palavras de Lorde Montgomery of Alamein: "Rule one on page one of the Book of War is: Do not march on Moscow; Rule two is: do not go fighting with your land armies in China." Mas, estamos muito perto de um movimento profundo e tectónico que, tudo indica, conferirá um novo desequilíbrio ao Mundo.
De Bag
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