domingo, setembro 19, 2004

Homofobia 1, Activismo Inteligente 0

Li hoje no Público dois longos artigos sobre a situação actual dos Homossexuais em Portugal. O primeiro no caderno principal, o segundo na revista. O primeiro procurava fazer uma análise da forma como vivem os homossexuais em Lisboa, levando em linha de conta quer as iniciativas que lhes são destinadas (Arraiais, Festivais, etc) quer os efeitos que a mudança camarária teve nestes eventos e, por conseguinte, na comunidade. O artigo pareceu-me equilibrado, pouco, ou nada homofobo e como tal era o momento ideal para fazer passar a mensagem das dificuldades que a comunidade enfrenta no seu dia a dia (o exemplo do despejo de uma lésbica de uma habitação camarária podería e devería ter sido potenciado), bem como para reclamar em relação à mudança de tratamento que houve por parte desta equipa camarária quanto aos eventos lgbt. Em vez disso tivemos a pessoa responsável por aquela que é a principal organização lgbt Manuel Morais a dizer que não tinha razões de queixa da CML. Eu até compreendo que lhe tenha passado pela cabeça naquela altura qualquer coisa como, deixa-me lá dizer alguma coisa simpática senão os tipos lixam-nos ainda mais, e para o próximo ano nem no Calhau nos safamos...Mas há alturas caro Manuel em que é preferível nem ter o parque do Calhau, porque há alturas em que certos princípios devem falar mais alto. E o que eu acho que devia ter falado mais alto nas suas declarações deveria ter sido o facto da CML ter eliminado os apoios em matéria de divulgação (oferta de espaços de MUPIS), o que impede que a comunicação dos eventos ILGA/lgbt cheguem a mais gente; a CML ter mudado o arraial de um local central e acessível facilmente a todos e todas para junto a Monsanto, da praça onde a Républica foi aclamada (Praça do Municipio), passa-se para um local mais depressa associado à prostituição; mais de uma equipa camarária que fazia questão em aparecer na maioria dos eventos, dando a cara e demonstrando que apoiava activamente o evento em questão, passámos para uma equipa camarária que nem ao nível da vereação se dignou alguma vez em põir os pés, nem no Calhau, nem no Festival, nem na Marcha. E ainda afirma caro João que não tem razões de queixa? Então, no tempo de João Soares, devería andar num constante extâse orgasmático com o apoio da CML!

Assim, não vão os lgbt longe...

Em relação ao segundo artigo, uma entrevista de Miguel vale de Almeida, nada a apontar, como é bom ler a Razão. Vale de Almeida põe o dedo na ferida várias vezes ao apontar que não virão quaisquer mudanças no plano legislativo sem que o espaço político-partidário do centro adopte estas questões, à semelhança aliás do sucedido em Espanha. Dá vontade logo de questionar onde estão as associações lgbt nacionais. Com a excepção de um Gonçalo Dinis, ou de umas Panteras Rosas, parece-me que o resto é o deserto. Tenho uma vaga ideia de umas senhoras e senhores a discutir o sexo dos anjos numas reuniões de plataforma intermináveis, ou com uma enorme preocupação em fazerem umas aproximações aos sindicatos, ou, ainda, colocando as suas próprias agendas políticas à frente do que devería ser a agenda política do movimento lgbt. Até quando? Para sempre?

1 Comments:

At 3:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

mais outra oportunidade perdida para se passarem mensagens importantes! grave se considerarmos que os media raramente dão atenção a esta questão!!!!

 

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