quarta-feira, outubro 26, 2005

As Ilusões de Cavaco (III)

O terceiro “engano” de Cavaco é um pouco Santanista no seu estilo. É que Cavaco, já se percebeu, tal como Santana, gosta de afirmar aquilo que deveria ser óbvio com a única intenção de fazer o oposto. Passo a explicar, quando Cavaco manda dizer que fará campanha sem família, trata logo de permitir, no mesmo dia, a publicação num jornal dito de referência de fotografias da sua intimidade familiar, com o próprio a aparecer rodeado de netos. Quando Cavaco diz que fará a sua campanha pela positiva é porque acaba de dar a sua bênção aos ataques mais baixos que alguns dos seus apoiantes fazem, especialmente, a Soares. Quando Cavaco afiança que pretende exercer o mandato de Presidente, caso seja eleito, no actual quadro constitucional, percebe-se, quer pelas figuras que o rodeiam, quer pelo seu passado que deseja exactamente o oposto.

A quarta “ilusão” com Cavaco está directamente relacionada exactamente com o seu passado e com a sua forma de ser. Cavaco tenta passar agora uma imagem de homem com pose de estado, capaz de iniciativa e, ao mesmo tempo, comedimento, com abertura intelectual para ouvir os portugueses e os grupos de interesse que os representam. Capaz aqui de, não só os ouvir, mas de os pôr em acordo, quando tal não se verifique, ou, pelo menos, de conseguir que falem uns com os outros. Cavaco tenta passar a imagem de um homem que está tão à vontade com intelectuais e artistas, como com políticos profissionais e amadores, como, ainda, com economistas, professores e outros. Alguém pode, honestamente, e tendo em conta o percurso passado da figura, bem como os sinais do presente, acreditar que Cavaco será capaz, ou terá "feitio", ou até paciência para fazer alguma destas coisas?

De Bag


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