quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Algumas notas casamenteiras

Em relação ao processo iniciado pela Teresa e pela Lena, patrocinado judiciáriamente por Luís Grave Rodrigues, muito se tem escrito nos últimos dias. Algumas pessoas escolhem comentar o caso pelo lado estético das putativas nubentes, ou melhor, por aquilo que consideram ser a falta de estética, quer do facto de duas mulheres estarem juntas, quer, ainda, do tipo de estracto sócio-económico das mesmas. São os argumentos típicos de uma certa intelectualidade que não olha aos argumentos para atingir os fins, veja-se Cavaco e os livros, ou a ausência deles.

Outros preferem comentar o lado burguês da instituição casamento, manifestando a sua estranheza quanto a este "súbito capricho" homossexual que consideram ir conferir novo vigor a um conceito em decadência. O que é, mais ou menos, a mesma coisa que ir dizer a um Sudanês do Darfur que comer hamburgueres do MacDonald's engorda e provoca colesterol.

Outros, ainda, referem-se à história do casamento, acrescentando que como não foi pensado e "desenhado" para uniões de pessoas do mesmo sexo, não seria a forma mais adequada para conferir protecção jurídica a estes casais. Esquecem-se estes opinantes que o casamento também não foi pensado em função da igualdade do género, ou da não procriação, e não consta que as mulheres se queixem, ou que os casais inférteis, ou que tomem a opção de não ter filhos, também o façam.

Toda a gente esquece que o casamento, tal como uma série de outras palavras, originalmente, de foro religioso foi adoptado e nessa adopção transformado pela sociedade. Assim como o Natal passou a ser uma festa de família e amigos, o casamento é hoje, antes de mais, um contrato civil, que, como qualquer outro contrato entre duas pessoas, dá origem a direitos e obrigações. Quem quer que o queira fazer, deve poder fazê-lo. E mais nada.

De Bag

1 Comments:

At 11:05 da tarde, Blogger Sofia C. said...

Mais uma vez concordo.Como em todas as discriminações está em causa o direito à escolha. E como sempre quem já tem esse direito arroga-se poder dizer porque é que alguns não o devem ter. Todos os motivos são bons: porque o casamento é conservador, porque o casamento é para fundar família (says who) e os homossexuais não devem faze-lo (says who), porque já têm a união de facto deviam contentar-se com isso, etc... Esquecem-se que para estas duas mulheres o casamento é importante, é por aí que passa a sua felicidade por motivos que são seus e que não dizem respeito a mais ninguém. Eu sou heterossexual e o casamento não me diz nada, mas se dissesse poderia escolher casar. Elas ainda não podem.Ainda, espero que só ainda.

 

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