e os trabalhos dos alunos ficaram no chão...
Não tenho o previlégio de dizer que o tempo que passei na escola primária foi excelente, embora desejasse esse momento, pois tinha uma irmã que já lá estava e como tal queria fazer o a mesma coisa que ela. Antes pelo contrário, lembro-me das reguadas e dos puxões de orelhas e da forma discriminatória como as crianças mais pobres eram tratadas, do crucifico e das fotografias do Américo Tomaz e do Salazar na parede da sala de aula. Nem sequer me lembro do nome das duas professoras que tive ao longo de quatro anos.
Esta era a pedagogia há quarenta e tal anos atrás.
Lembro-me que há mais ou menos vinte anos, numa 2ª feira, quando fui buscar a minha filha à escola, a encontrei lavada em láfrimas porque no fim de semana tinham feito limpeza aos telhados e desintupimento dos algeirozes e tinham destruido tudo quanto era ninhos e deixado todos os passarinhos no chão do recreio da mesma escola das reguadas e dos puxões de orelhas. Desta vez os pais reclamaram e a direcção da escola reconheceu o erro e a dor das crianças.
Hoje, fecha-se uma outra escola, mudam-se os móveis e deixam-se os trabalhos dos alunos no chão. É claro que essa tarefa não competia de certo à equipa de mudança de móveis e nem provavelmente os professores no final do ano lectivo contavam sequer que este ano não iriam dar aulas ali. Então, qual é a pedagogia hoje? Quem decide a mudança está-se nas tintas e nem sequer percebe que este "pequeno" detalhe simboliza exactamente o que este país pensa da produção intelectual dos alunos, pois é exactamente disso que se trata. Tenho raiva, mesmo muita!!
Para lá
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