Afinal sempre é o petróleo, estúpido!
Tenho acompanhado com um misto de curiosidade e consternação o evoluir de uma crise que tem merecido pouca atenção dos nossos media, apesar de ter todos os ingredientes apelativos: petróleo, familia Bush, mercenários e ditadores. Estou a falar da Guiné Equatorial.
Foram detidos, há algumas semanas, em Harare cerca de 40 a 50 mercenários, na sua maioria brancos, quando iam a caminho de um estado vizinho da Guiné Equatorial. Quase ao mesmo tempo foi detido e libertado sob caução o filho de Margaret Thatcher, residente na Cidade do cabo, na África do Sul, igualmente acusado de fazer parte de uma operação para derrubar o ditador que governa a GE desde os anos 70 e que, desde então se apropria quase por inteiro das imensas receitas de petróleo de um país com uma população total que ronda o meio milhão de habitantes e que apesar disso tem uma esperança de vida média de 40 anos. Uma população, ainda, que é perseguida por uma eficaz polícia política que utiliza a tortura de forma regular.
Nesta suposta operação, para além da participação destes mercenários movidos pela possibilidade de lucrativos contratos de prospecção e extracção de petróleo, havería ainda o envolvimento do Senhor Aznar, que disponibilizaria entre 300 e 3000 forças espanholas, sendo que seria a Repsol a beneficiar de concessões de qualquer governo futuro que resultasse de uma operação bem sucedida.
Aparentemente agentes ligados a estes interesses consultaram o Departamento de Estado Americano antes de avançarem, e na altura não foi explicitada qualquer oposição por parte dos EUA a esta operação. Aqui começa a falhar, quanto a mim, esta operação. Porque quem está neste momento a explorar o petróleo na GE são exlusivamente empresas dos EUA. Mais, quer o Presidente, quer o seu sobrinho têm várias propriedades nos states, avaliadas em vários milhões de dólares. Mais, ainda, o banco por onde passam a maior parte destas transacções e onde se concentrarão também a maior parte das poupanças destes senhores é um banco americano (por diversas vezes investigado devido a suspeitas de branqueamento de capitais) administrado por um tio de...adivinharam de George W. Bush. Daqui até os senhores envolvidos nesta operação serem apanhados foi um rápido esfregar de um olho.
Daqui se pode concluir que nem sempre o petróleo é justificação suficiente para se invadirem países alheios. Também nem sempre o regime político ditatorial, ou as violações dos Direitos Humanos são suficientes para tal. Afinal basta que o petróleo seja explorado por interesses Norte Americanos e que o ditador saiba quem manda.
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