terça-feira, outubro 12, 2004

Esquerda, Direita Parte II

Já tinha escrito sobre aquilo que eu considero serem algumas das diferenças entre a esquerda e a direita (ver post de sábado 2 de Outubro) e, por isso, foi interessante acompanhar o programa Prós e Contras ontem na RTP1 e constatar as diferentes versões de esquerda e de direita e as enormes dificuldades sentidas por alguns membros do painel em identificarem-se.

Foi doloroso ver o Carlos Encarnação, o mesmo que serviu com Dias Loureiro reclamar-se do centro, quando toda a sua carreira política, especialmente quando esteve na administração interna, foi marcadamente de direita securitária, mais próxima de Bush, do que da social democracia.

Foi uma agradável surpresa ver Rui Pereira, o qual enquanto Secretário de Estado da Administração Interna de Guterres não se aproximou, nem de perto do brilho da sua intervenção de ontem.

Foi, também, um alivio ver Alegre, um alívio porque já sabemos que ele não vai ser o Secretário-Geral do PS. Não obstante ter sido interessante a forma como ele assumiu uma série de causas "fracturantes" como queridas à esquerda, talvez já esquecido de um altura em que não era tão liberal.

Quanto a Jaime Nogueira Pinto, apesar de ter mostrado mundo e cultura, é notóriamente um homem preso ao passado e amargurado pela história que deu voltas com as quais ele não consegue conviver. Não percebi algumas das suas considerações sobre a direita da Europa Continental contra a Direita Anglo-Saxónica, porque, por um lado, creio serem dificeis de isolar e porque, por outro, alguns dos fenómenos que ele atribuia à direita continental europeia são antes atribuíveis à esquerda moderada.

Relativamente a Nuno Magalhães demonstrou uma fraqueza surpreendente num "jovem" que já é Secretário de Estado. Nem trouxe nenhum argumento novo ao debate, nem apresentou uma posição nova perante questões importantes, ao contrário do que o comentador de direita, Pedro Lomba, mais tarde veio a fazer.

Sem dúvida os momentos altos da noite aconteciam quando Louçã tomava a palavra e com o seu habitual brilhantismo recentrava o debate, ou colocava alguma questão mais picante. Faz parte da tragédia deste país que um homem como Louçã não faça parte de um partido de poder. Não obstante fiquei desapontado porque esperava da parte dele algumas palavras sobre a posição da sua esquerda sobre sigilo bancário, principio da não discriminação em função da orientação sexual, economia e o papel do estado na sua regulação e acho que ele não abordou nenhum destes temas.

Por último gostei menos de Osório e mais de Lomba como comentadores de serviço. Osório foi atabalhoado, nervoso e não disse muito. Lomba, sistemático, soube abordar alguns dos temas que fazem os analistas e cientistas políticos andarem um pouco confusos com a distinção tradicional entre direita e esquerda, ao falar de uma direita que quer que o estado se imiscua menos na regulação de costumes, ou numa direita menos interventiva em matéria de política externa em função de defesa de valores e mais orientada em função da defesa pura do chamado interesse nacional.

Penso que é precisamente devido às questões levantadas por Pedro Lomba que há uma crescente confusão entres dois campos políticos. E serão concerteza necessários muitos mais debates como este.


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