sábado, janeiro 15, 2005

Frederico Lourenço

Acabei hoje de ler o último livro da trilogia de Frederico Lourenço, "À Beira do Mundo". Foi uma das leituras mais motivantes e "refrescantes" dos últimos tempos. Gosto do estilo de escrita de Lourenço. Não obstante, achar que, por vezes, roça, em certos trechos, o "pedantismo". Ou será que somos nós que já não estamos habituados a ler romances que misturam sentimentos crus com referências de qualidade académica a grandes autores, como Camões?

Ao longo destes três livros o leitor deixa-se ir num novelo incerto, sem conseguir prever onde a próxima volta da história e da vida de Nuno, o personagem central, o levará. E depois tudo acaba perto donde começou, de forma elíptica, com os regressos quase a donde partimos.

Estou certo de que se Frederico Lourenço fizesse um trabalho de adaptação para o mercado internacional, estes livros poderiam ter um consideravel sucesso. Houve mesmo alturas na história, em que o meu envolvimento com as personagens foi semelhante ao que senti com as personagens de um livro que marcou a minha transição dos 19, para os 20 anos de idade: a série de seis volumes de Armistead Maupin, chamados de "Tales of the City". E dá vontade, também por isso, de implorar a Lourenço a continuação da história de Nuno, ou outras histórias.

Gostei, em especial, desta passagem do terceiro volume da trilogia:

"Houve uma certa atrapalhação na despedida: nem foi bem um aperto de mão nem um abraço; antes o reconhecimento tácito de que haveria outras exteriorizações mais vocacionadas para a tradução fiel dos gestos interiores."

Frederico Lourenço, "À Beira do Mundo", in página 193

1 Comments:

At 3:00 da tarde, Blogger Nan said...

Também gostei muito dos três livros e também fiquei com a sensação, vagamente incómoda, de um autor um pouco pedante. Acho que não tem muito a ver com o misturar de «sentimentos crus com referências de qualidade académica a grandes autores, como Camões» mas com a sensação de que o autor está a piscar-nos o olho, murmurando «Tanto que eu sei, sou tão bom, li tanto, toco cravo, falo grego, sou tão diferente de vocês, povinho anónimo!». É um mal (ou, se calhar, é um bem, mas é desagradável!) de que os intelectuais portugueses e franceses sofrem com frequência.

 

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