HIV: uma boa e uma má notícia
Nos últimos tempos assistimos a uma feliz intervenção da Ordem dos Médicos relativamente a um médico do trabalho que denunciou a seropositividade de um colega à Administração do Hospital onde trabalhava, facto que levou esta última a suspender o médico com HIV. A OM considerou ilícito o comportamento do médico que violou o dever de confidencialidade e expôs o colega e inusitada a falta de informação sobre os riscos em torno do HIV por parte de uma Administração Hospitalar. Aguardamos as cenas dos próximos capítulos, os quais passarão esperamos pela reintegração do médico seropositvo e suspensão do colega "esbirro".
A má notícia conheci-a hoje. Os nossos inenarráveis tribunais, fontes das mais criativas decisões (recordamos ainda Esmeraldas, Gisbertas e tantas outras mais e menos divertidas) resolveram que há risco de contágio de HIV através da saliva e suor (sem comentários...) pelo que cozinheiros seropositivos não devem continuar a trabalhar. Já agora não deverão os educadores de infância, empregados de mesa, nadadores salvadores, auxiliares de acção médica, enfermeiros, médicos, professores e tantos outros profissionais ser analisados? Esta sentença de um Tribunal da Relação, em sentido igual ao de uma de um Tribunal de Trabalho, para além de contribuir para que menos pessoas façam o teste do HIV e para que as que o fazem e são seropositvas sejam injusta e irracionalmente discriminadas, recorda-nos dos papeis infelizes que os Tribunais em Portugal e não só desempenharam alegremente ao serviço dos mais variados regimes e preconceitos... Aguarda-se o que os Tribunais Superiores, demonstrem se têm razão para serem "superiores", ou se este será um caso que só em Estrasburgo será "tocado" pelo longo e geralmente benévolo braço da Razão.
De Bag
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