Algumas notas sobre o programa Prós e Contras de ontem:
1. O Eduardo Nogueira Pinto procurou, não sem alguma habilidade e sofisticação, recentrar o debate e os seus pressupostos. Falhou. É necessariamente homófobo quem não defenda a igualdade no acesso ao casamento civil para todos independentemente da orientação sexual, da mesma forma que os seus colegas novecentistas que defendiam diplomas específicos para negros também eram racistas. O Estado não deve, nem pode à luz da separação Estado/Igreja, continuar a privilegiar modelos de organização social com base em matrizes puramente religiosas e preconceituosas.
2. O "iluminado" discurso da Isabel Moreira teria saído beneficiado caso a sua autora o tivesse proferido com um pouco mais de calma, foi de qualquer das formas magnífico e, apesar de rigoroso e técnico, inteligível.
3. A abertura e tolerância com que o Pe. Vaz Pinto começou a noite revelaram-se conceitos mais frágeis nas suas mãos que um castelo de cartas nas mãos de uma criança.
4. Interessante mesmo, talvez a motivar um outro programa só sobre o tema, a intervenção de José Ribeiro (?), gay católico sobre a Igreja e esta forma de sexualidade.
5. Menos bom na oralidade do que na palavra escrita, Rui Tavares, pena não ter estabelecido melhor ligação entre a sua situação pessoa e o tema em discussão.
6. Mau mesmo os Senhores da Associação da Familia e os senhores catedráticos autores de um livro sobre a união de facto.
7. Muito bem a Fernanda Câncio, o Daniel Oliveira (como de costume), o Miguel Vale de Almeida e o pouco que se conseguiu ouvir de Pamplona Corte Real.
8. Faltou explicar melhor que da mesma forma que num casamento entre pessoas de sexo diferente não há um qualquer automático direito a adoptar, num casamento entre pessoas do mesmo sexo o direito à adopção estaria naturalmente condicionado ao melhor interesse da criança.
9. Por último faltaram, ou não foram convidados, ou não quiseram estar presentes, representantes dos partidos políticos principais, o que empobreceu o debate.
De Bag