sábado, outubro 30, 2004

Buttiglioni vai (literalmente) pregar para outra freguesia

sexta-feira, outubro 29, 2004

How many members of the Bush Administration are needed to replace a light bulb?

TEN

1. One to deny that the light bulb needs to be changed.

2. One to attack the patriotism of anyone who says the light bulb needsto be changed.

3. One to blame Clinton for burning out the light bulb.

4. One to tell the nations of the world that they are either:"Forchanging the light bulb or for darkness."

5. One to give a billion dollar no-bid contract to Halliburton for thenew light bulb.

6. One to arrange a photograph of Bush, dressed as a janitor, standingon a stepladder under the banner "Light Bulb Change Accomplished."

7. One administration insider to resign and write a book documenting indetail how Bush was literally "in the dark."

8. One to viciously smear #7.

9. One surrogate to campaign on TV and at rallies on how George Bushhas had a strong light bulb-changing policy all along.

10. And finally one to try to confuse Americans about the differencebetween screwing a light bulb and screwing the country.

quinta-feira, outubro 28, 2004


Será que está para voltar o Emidio Rangel? Provando que a vingança é um prato que se serve frio???

Cavaco e as Celebridades

Passou despercebido no meio do ruído geral que Cavaco resolveu puxar pelos galões para responder às acusações de Paes do Amaral de pressões osbre o Independente durante o tempo em que foi Primeiro Ministro. O problema é que os puxou pelas piores razões. Dizendo que tinha sido durante o seu governo que se procedeu à liberalização dos media, sem que acrescentasse: com o resultado que está à vista de todos.

Cavaco é de facto responsável pela atribuição de licenças de rádio e de televisão a quem se calhar nunca deveríam ter sido atribuídas, bem como pela venda de publicações impressas sem qualquer preocupação que evitasse que fossem quase todas parar às mesmas mãos.

Logo, como Cavaco teve a amabilidade de nos lembrar foi o responsável pela Quinta das Celebridades e pelo Big Show SIC. E o país agradecido regista o feito.

pensamento do dia

E se Buttiglioni estivesse a falar sobre aborto? Dizendo que apesar de o considerar pecado, não o iria criminalizar... Porque não vemos os católicos a virem defender esta posição?

A qual seria inteiramente compatível com a muito inteligente contribuição feita ontem por Prado Coelho para este debate:

"O problema da interrupção necessária da gravidez deixaria de existir se os católicos aceitassem que as leis que pretendem impor seriam aceitáveis pelos católicos, mas que não tinham de modo algum que se aplicar aos não-católicos, que não aceitam as premissas doutrinárias dessa legislação. Onde acaba o direito natural? Onde acaba o pecado e se criminaliza a sua prática?

Daí que, num país onde a discriminação é frequente (a ponto de assistirmos hoje a uma devoração da imagem de Marcelo e mesmo de Cavaco Silva) e onde muitos militantes de esquerda sabem que, por maior que seja a sua competência, jamais poderão ocupar certos lugares (e há mesmo certos independentes, como Clara Ferreira Alves, que têm a coragem de os recusar), vir falar na perseguição daqueles que manifestam posições do catolicismo mais conservador não será exagerado?"

Com Fome de mudança

"I feel Ralph Nader was partially responsible for George Bush's victory in 2000. Stupidity is not a progressive value."

Jerry Rubin, um activista de 60 anos que começou uma greve de fome para protestar contra a participação de Nader nas eleições Americanas. Los Angeles Time, 3 Outubro.

quarta-feira, outubro 27, 2004

Marcelo e a Censura

Marcelo falou hoje e disse:
1. Miguel Paes do Amaral exerceu sobre ele pressões para que ele, ou alterasse o formato dos seus comentários, ou os suspendesse durante algum tempo;
2. Estas pressões teriam a ver, de acordo com o MPA, com novas exigências colocadas por uma tomada de posição de novos acionistas na TVI, a RTL;
3. Bem como com o clima criado pelas declarações públicas e obviamente as privadas do Governo e de interesses a ele ligados.

Será que alguém vai retirar as conclusões devidas? Eu acho que não. Nem aquele senhor que se desdobra em declarações absolutamente inconsequentes em Belém, nem nenhum membro do Governo.

Acabou de se saber que no Parlamento alguns deputados que mais parecem cãezinhos amestrados vão propor um plenário excepcional sobre o assunto o qual irá resultar em nada também. Mais do mesmo.

Quem pode, pois, acreditar nesta gente e neste país?

A Turquia e a Europa

Antes de tirarmos conclusões definitivas sobre o assunto é interessante e estimulante mesmo acompanhar o debate sobre as: http://http://jornal.publico.pt/2004/10/27/Mundo/I04.html "novas fronteiras da Europa".

Como também é interessante ler o artigo de Eduardo Lourenço sobre o mesmo assunto, que o http://resistenteexistencial.blogspot.com/ teve o vagar para transcrever em parte.

A minha posição vai, ainda assim, no sentido de não olhar para a Europa como um clube Cristão, pelo que qualquer estado que esteja, ainda que só em parte, geográficamente na Europa e que esteja em condições para respeitar o acquis comunautaire pode ser membro da UE.

Visto e copiado do Almocreve sobre o DN

Assim deve ser. O mesmo jornal que, admiravelmente, informou e formou gerações de portugueses é hoje uma caricatura do que foi. O esforço vergonhoso dos comissários políticos Luís Delgado e Mário Bettencourt Resendes, a soldo da estratégia da PT/Governo Lopes & Portas para tornar o DN um farol da Central de Informação da governação, é uma grosseria desorientada, alvoraçada e infame. E mesmo que se queira regressar ao articulado do seu primeiro número, no tempo distante de 1864, onde se lia que "não se discute política, nem se sustenta polémica", seria bom também não esquecer que se assegurava, no mesmo programa, prestar "culto à liberdade na sua mais elevada expressão".

O imprevisto bizarro destas semanas é uma descarada e intencional ingerência no normal desempenho do jornal, uma invectiva contra os seus jornalistas e um insulto à inteligência dos seus leitores. Por isso não se compreende que no decorrer embaraçante da putativa escolha de Clara Ferreira Alves e mesmo antes do efeito das suas estridentes declarações, se tenha perdido o varejo dessa dupla de apparatchiks, supra-citados, iluminados pelo desejo do poder.E se em relação às intenções de Luís Delgado ninguém exerce o contraditório, tal a ambição desmesurada do medíocre jornalista, já a miopia política relativamente a Mário Bettencourt Resendes permanecia, dando-lhe algum benefício da dúvida em toda esta questão de "intenção conspirativa".

Hoje, porém, não há qualquer ilusão. A beatitude de Bettencourt Resendes, a sua verve espirituosa, a sua irracionalidade doentia, não é uma fraqueza sua, mas outrossim a eterna manifestação da nossa grande tolerância, indolência e bom humor. E até que um dia o imprevisto nos salte porta dentro, não teremos remédio, mesmo que muitos mais Delgados & Bettencourts, sinuosamente, apareçam.

Barroso (aparentemente) recua

1. Barroso aparentemente pelo menos recuou quanto ao portfolio de Comissários que vinha defendendo ao longo das últimas semanas face ao Parlamento Europeu;

2. Resta saber duas coisas: por um lado, se a este recuo equivalerá de facto uma mudança substancial dos Comissários mais polémicos; por outro, se este recuo implicará uma perda de poder negocial do PE face a novos nomes a propor no futuro (uma vez que se pode tornar mais dificil rejeitar, ou ameaçar rejeitar duas vezes a Comissão);

3. Por último, falta analisar as verdadeiras motivações dos deputados do PE para esta ameaça de chumbo. Se é certo que para alguns parlamentares europeus era injustificável face aos seus eleitores respectivos terem sancionado uma Comissão onde pululava alegremente um Buttiglioni, também não será menos certo que para outros tantos esta poderá ter sido uma oportunidade dourada para por em causa os equilibrios tecidos por Barroso na atribuição de pastas pelos diferentes estados membros e para, consequentemente, fragilizar a Comissão (com a culpa disto a caber toda por inteiro ao próprio Barroso que não soube avaliar correctamente nem o sentimento maioritário europeu em matéria de direitos das mulheres e dos homossexuais, nem a vontade do PE de exercer as suas competências e atribuições).

4. Caso seja este o cenário, a fragilização da Comissão tem sido má para os pequenos países e tem sido má para o aprofundamento do processo de construção da União Europeia. Resta-nos wait and see.

terça-feira, outubro 26, 2004

Até já os Americanos lhe chamam a "Barroso's mess"


Barroso's mess
International Herald Tribune Wednesday, October 27, 2004
It is a great shame that José Manuel Barroso has marred his preparations for the presidency of the European Commission, the European Union's executive arm, with a showdown of his own making: the nasty and unnecessary fight over his inexplicable assignment of the interior and justice portfolio to an Italian Catholic with ultra-conservative views on homosexuality and the role of women. Unsurprisingly, Barroso's appointment of Rocco Buttiglione, the Italian commissioner, has generated considerable resistance in the European Parliament. Barroso then made things worse by digging in on the nomination. So now, the European Parliament, which can approve or reject, but not amend, may vote down the entire 24-member commission on Wednesday, a few days before it is supposed to take power. Even at the 11th hour, Barroso should do everything possible to fix the mess he has created.
There is no easy way out. Buttiglione is a confidant of Pope John Paul II and of Prime Minister Silvio Berlusconi of Italy, who would both be furious if he were rejected. Many other European leaders don't want to set a precedent of letting the European Parliament block their nominees. Looking for a compromise, Barroso said he would personally oversee sensitive issues of civil liberties and discrimination. But that is not enough. The issue here is not only a power struggle with the 732-member Parliament, which is seeking to have its voice heard in EU affairs, but whether the Commission should have a member with personal views so out of synch with the policies he is required to uphold. Barroso showed admirable strength of mind in July in resisting French and German pressure to give the EU's heavyweights the best jobs, and he should be just as firm about giving Buttiglione a different role.
If the assembly does reject Barroso's whole team, the EU would risk losing the talents of many highly skilled commissioners - not least Barroso himself, who has shown vision and a determination to haul the Commission out of its current doldrums. The chaos that might ensue is the last thing Europe needs at the moment. On Friday, heads of state are scheduled to sign the treaty establishing a Constitution for Europe, a crucial step in managing the newly enlarged Union. Next on tap are such major issues as how to handle immigration, whether to let in Turkey, how to divide the budget, how to weld together a common foreign policy, and how to secure Europe against terrorists.
Risking all that for someone so obviously unsuited for the job makes no sense.



Afinal não é só a Igreja Católica a ter problemas quanto á definição da sua posição em relação à Homossexualidade. Também a Igreja Anglicana ameaça dividir-se devido a este tema. De um lado uma Igreja do Reino Unido e América do Norte aberta, que aceita práticas homossexuais e até casamentos. Do outro, as restantes Igrejas, especialmente, as representativas das antigas colónias Britânicas em África que não aceita, nem sequer, qualquer prática Homossexual, quanto mais possibilidades de casamentos, ou adopções. (copiado do jornal Guardian).


Sem comentários. Visto no Guardian. Posted by Hello



"Acabamos de ler com sumo gosto um ópusculo intitulado os Farpões e publicado em Pernambuco (...).


Analisa José (o autor do ópusculo) o número das Farpas consagrado à viagem de Sua Majestade o Imperador do Brasil, e dizendo-nos coisas pesadas e gordurosas como avalanchas de sebo, tanto a nós ambos - como a sua Majestade o Senhor D. luís I, destrói finalmente pela base todas as nossas observações, todos os nossos ditos, todas as nossas gargalhadas com o seguinte argumento admirável de lógica, de gravidade, de eloquência e de concisão:


Diz José que se algum dia nós formos a Pernambuco «Nos há-de ir aí bater com um cipó.»


Em vista desta lúcida análise de José Soares, declaramos aos nossos compatriotas, aos nossos leitores e aos nossos amigos que desistimos solenemente do projecto que tínhamos de ir amanhã pela manhã para Pernambuco.


E todavia sabe Deus, sabem todos os nossos amigos, que fora sempre esse o prémio que pedimos à glória, o galardão que esperávamos da fortuna, o ideal que sempre afagámos em nosso peito - irmos para Pernambuco!"



Estas Farpas são quase todas assim: uma delicia! E a fazerem-nos, com enorme facilidade, lembrar como tão pouco mudou no nosso país.

Quando se fala racional e objectivamente o resultado só pode ser este

Por EDUARDO PRADO COELHO O FIO DO HORIZONTE
Terça-feira, 26 de Outubro de 2004
"O número da Outubro da revista "Sciences Humaines" tem, como habitualmente, uma secção dedicada aos resultados de determinadas investigações.
O segundo texto deste número vai ao encontro de uma dúvida recorrente: que sucede às crianças educadas por um casal homossexual feminino? A nossa tendência leva-nos a imaginar consequências psicológicas nocivas. Ora, segundo o texto de Henny Bos, "Experience of parenthood, couple relationship, social suport anda child-rearing goals in planned lesbian mother families", publicado no vol. XLV deste ano do "Journal of Child Psychology and Psychiatry", não é nada disso o que acontece. As mães lésbicas mostram-se particularmente competentes e a estabilidade da sua vida social mantém-se. Isto resulta do facto de ter uma criança ser um acto energicamente voluntário. Segundo os inquéritos feitos, há apenas um traço que as distingue doutros casais, e que até nem é antipático: as crianças são educadas num clima de menor conformismo social, embora tenham uma educação sexual mais desenvolta e estejam mais habituadas a uma melhor partilha dos papéis parentais.

Daqui se conclui que por vezes é preciso analisar de perto a realidade para ultrapassar determinados preconceitos. Mas vale a pena."



Clara Ferreira Alves recusou o convite que lhe tinha sido feito para dirigir o Diário de Notícias. A Pluma Caprichosa alegou não ter condições, face à actual conjuntura, de transformar aquele matutino numa publicação de referência e isento. Será que é ela que está desfocada da realidade? Ou a dupla Delgado/Resendes é que está completamente focada?

Entretanto toda a gente começa a questionar quanto tempo irá manter-se, enquanto Director do Jornal de Notícias, António José Teixeira?

segunda-feira, outubro 25, 2004

Diários de motocicleta ou a importância de conhecer outros mundos

Mais do que um filme sobre a vida de Guevara, antes de se tornar Comandante, é um relato de uma viagem marcante de dois homens jovens à procura de conhecer mundo.
Encontram-se com a américa latina pobre, explorada e doente.
No Perú, o cenário da mina e os dias passados na leprosaria de San Pablo são dois dos momentos mais intensos da viagem. Os doentes com lepra ficam reconhecidos pela atitude dos dois homens, pois estes não hesitam em confratenizar, participar na vida quotidiana, jogar futebol e trabalhar na leprosaria, contrariando as regras das freiras.
Os actores, a fotografia e a música são excelentes e o filme é tocante.

Mário Pinto no Público de hoje sobre Buttiglioni

"Sucede que partilho as convicções católicas de Rocco Buttiglione, e gostaria de saber se isso é um impedimento para o exercício de funções políticas governativas (em certas áreas... só por enquanto). Não que seja candidato, mas só para saber qual é o meu estatuto cívico. Isto é: a democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).

Os defensores do casamento homossexual em igualdade com o casamento heterossexual têm podido manifestar-se e reclamar a não discriminação pelas suas "orientações sexuais". Pelos vistos, os católicos têm de preparar-se para também fazerem manifestações reclamando a não discriminação pelas suas "orientações religiosas". É que este episódio não é insignificante nem isolado. Em lugares diversos desta Europa dos direitos humanos, e em nome dos ditos direitos humanos (e talvez em resultado da novíssima revolução francesa que foi a lei escolar contra os símbolos religiosos), estão a multiplicar-se casos de repressão e condenação de crentes: porque ostentam sinais religiosos por vestirem uma batina (caso de um padre em Toulon); porque se manifestam contra os casamentos de homossexuais (pastor protestante na Suécia); porque usam véus religiosos equiparados aos véus muçulmanos (freiras no Baden-Wurtenberg); vários alunos islâmicos e sikhs, em França; etc. Os católicos que se cuidem. É prudente revisitar as catacumbas. "

Depois de ler esta crónica de Mário Pinto acabo a acreditar ainda mais convictamente que Buttiglioni não deve ser Comissário para Assuntos Internos e Cooperação em Justiça. Há fés que por serem fés nos impedem de desempenhar com isenção certas profissões. Mário Pinto podia, mas não o fez, defender que seria totalmente normal advogar a nomeação de um Mulçumano purista, que defendesse os valores do Corão (entre os quais que o adultério é crime, sempre dizendo no entanto que não iria criminalizar a prática do mesmo) para o cargo de Buttiglioni. Mas creio que nesse caso Pinto não o defenderia tão acaloradamente. Porque o que se passa com Mário Pinto passa-se crescentemente com um série de outras pessoas, especialmente, Católicas, a constatação de que os sistemas de valores defendidos pelas suas fés não são compatíveis com o conjunto de valores que as sociedades modernas evoluíram para entender como fundamentais. E é exactamente nesse sentido que a profissão de determinada fé, aliada a uma defesa intransigente dos princípios que essa mesma fé entende como cruciais, deve ser uma causa de exclusão do exercício de certos cargos. Da mesma forma que de há anos a esta parte a defesa de valores racistas, ou de certas ideologias passou a ser uma causa de exclusão, basta recordar a Lei sobre os agrupamentos políticos de natureza fascista expressamente proibidos...



Desde miúdo que sinto um enorme fascínio por mulheres que conseguem vencer e concretizar aquilo que acreditam ser o seu destino. Talvez esta admiração tenha alguma coisa a ver comigo, com a minha sexualidade, com quem eu sou que me ajuda a compreender as dificuldades que as mulheres enfrentam nos seus quotidianos. Portanto sempre que descubro algum livro sobre uma mulher que tenha ficado para a história, ou que não tenha ficado, apesar de o ter merecido, normalmente devoro-o.

Foi o que aconteceu quando descobri as manas Mitford. Filhas de um aristocrata Inglês, o Lord Redesdale, educadas de forma excêntrica, as manas Mitford transformaram-se em ícones do século XX. Houve manas para todos os gostos. Uma, chamada Unity apaixonou-se por Hitler em Munique e quando o Reino Unido declarou guerra à Alemanha tentou suicidar-se, outra a Diana casou-se com o líder dos fascistas Britânicos o Mosley, outra, ainda, a Nancy foi um prolífica escritora quer de biografias históricas (o caso da inesquecível biografia da Madame de Pompadour), quer de romances auto-biográficos caso de Pursuit of Love, ou Love in a Cold Climate) com os quais provocou polémica.

Depois há a Jessica, uma das minhas preferidas, que escreveu o livro Hons and Rebels. Jessica era feminista e socialista. Desde criança começou a poupar dinheiro, poupança a que ela chamava o seu runaway money. Uma fuga aliás que ela iria concretizar com um parente seu (familiar de Winston Churchill), utlizando as suas poupanças para ir para Espanha como voluntária na guerra civil do lado dos republicanos. E nem a intervenção da familia, a qual incluiu o envio de um navio de guerra Britânico para a ir buscar ao país Basco a demoveu. Jessica vai depois para os EUA com o homem que mais tarde se torna seu marido e nao volta ao Reino Unido.

As notícias sobre as manas Mitford eram tão frequentes na imprensa da época, que a sua mãe, sempre que via um título qualquer dizendo "Peer's daughter..." já sabia que lá vinha mais um escândalo envolvendo uma das suas filhas.

As manas Mitford conseguiram de facto uma coisa notável na época que foi manterem-se livres, quer para o bem, quer para o mal, seguindo os seus sentimentos e a sua vontade e rompendo a maioria das limitações típicas de pessoas nascidas naquele meio social.

domingo, outubro 24, 2004

Eu não quero acreditar!

Sobre o VIH temos lido muitos disparates que têm influenciado algumas politicas nacionais e internacionais. O exemplo da África do Sul, as declarações de bispos católicos quetsionando a eficácia provado dos preservativos, etc, etc,
Mas estas últimas declarações de quem recebe o prémio Nobel da Paz, são inacreditáveis.

Kenyan ecologist Wangari Maathai, the first African woman to win the Nobel Peace Prize, on Saturday reiterated her claim that the AIDS virus was a deliberately created biological agent.
"In fact it (the HIV virus) is created by a scientist for biological warfare," she added.

sábado, outubro 23, 2004



Vou andar nos próximos tempos a ler aos poucos este livrinho do Séneca, que a Penguin acabou de editar, e que está integrado numa colecção que inclui, entre outros: As Confissões de um Pecador de Santo Agostinho, ou o On Friendship de Montaigne, ou, ainda, The Social Contract de Rousseau.

No inicio desta obra de Séneca houve já umas passagens que achei interessantes: "we are not given a short life, but we make it short, and we are not ill supplied but wasteful of it". Ou então: "Life is divided into three periods, past, present and future. Of these, the present is short, the future is doubtful, the past is certain."

copiado no Renas e Veados, colado aqui

Ando para escrever para aqui, há alguns dias, um texto sobre a Valsa de Baltimore um peça em cena na Comuna (à Praça de Espanha), mas descobri, entretanto, que as Renas e os Veados já o tinham feito e bem. Portanto segue-se o texto do blogg deles, assinado por Pagan:

Valsa de Baltimore

A Escola de Mulheres trouxe à cena uma peça da americana Paula Vogel, a Valsa de Baltimore. Encenada por Fernanda Lapa, a peça reúne 3 jovens actores (Carla Chambel, Albano Jerónimo, Pedro Carmo) que dão corpo a este texto-pretexto para falar sobre o modo como nos relacionamos com aqueles que estão próximos de nós (sometimes too close) e sobre a antecipação da perda. Comédia bitter-sweet, A Valsa de Baltimore, revisita os fantasmas que alimentaram parte da narrativa norte americana pós anos 80, focada na vivência da epidemia que assola e assolou os Estados Unidos (e o mundo): o Sida.
Na Valsa de Baltimore, somos confrontados com uma transferência ao estilo da psicanálise, que a irmã faz, para revisitar o irmão. Note-se que esta peça é também um tributo ao irmão de Paula Vogel, que morre em consequência da epidemia. Vogel transfere para a personagem da irmã, a doença, como se fosse possível ser ela a ter a doença e ele a tentar passar com ela os últimos momentos, viajando pela Europa. A metáfora da valsa refere-se pois a uma viagem imaginária, pois que nunca chegou a ser feita, entre dois irmãos extremamente e quase podiamos dizer excessivamente, próximos, conjurando ao mesmo tempo essa enorme fantasmagoria do incesto entre irmãos. Apesar dos momentos cómicos e caricatos da viagem, há pois um enorme sentimento de angústia que, pelo menos a mim, me acompanhou ao longo da peça. É como se se predizesse a eminência da morte, em personagens a que nos vamos ligando.
Depois há toda uma série de pormenores perfeitamente deliciosos, ligados à vivência camp-gay, os estereótipos dos europeus lidos pelos olhos de uma professora primária americana, que nunca tinha saído dos Estados Unidos, as vivências sexuais dela, tentando esquecer a estranha doença (na peça, há uma curiosissima inversão dos significados da doença, como se fosse uma doença característica das professoras primárias americanas, re-significando o que acontecia também com a associação SIDA-homossexuais). Em cena no Teatro da Comuna.
Pagan

Pereira Coutinho e o respeito pelos Ideais

Pereira Coutinho, valioso colunista do paquidérmico Expresso, aborda, inevitavelmente, esta semana o tema Buttiglioni. Segundo ele o que está aqui em causa é o respeito pelos ideais, neste caso Católicos, de uma pessoa. Já poderemos imaginar concerteza que se Barroso tivesse proposto Jorg Haider para ocupar o lugar responsável pelo desenvolvimento da política de imigração da União (com este a fazer juras públicas que não iria deixar as suas convicções pessoais interferirem com a sua actividade profissional) Pereira Coutinho defenderia a nomeação daquele Senhor Austríaco em nome do respeito que as pessoas com ideiais nos merecem. Ou quem fala de Haider também pode falar de Le Pen. É que para Pereira Coutinho todos os idealistas merecem igual respeito.

Luís tira o macaco do nariz?

O texto que se segue (visto no Jumento-link ao lado) será um trabalho de ficção, que de tão bem engendrado, facilmente se confundirá com a realidade
A minha triste confissão
Luís Delgado

Como é que um ser humano se transforma num fantoche? A pergunta parece oriunda de uma personagem dos Marretas; mas asseguro-vos, leitores, que encerra o drama central da minha vida jornalística.

No meu caso, tudo começou ainda no liceu, quando, já precoce proto-jornalista, dirigia o periódico da minha turma. Pouco a pouco, fui reparando na força da tentação: custava tão pouco parir um editorial a elogiar a Professora Guilhermina, aquela semi-analfabeta obtusa, e receber em troca uma bela nota a Geografia... era caminho muito mais fácil de trilhar do que decorar os nomes de todos os afluentes do Tejo. E assim começou a queda de um pequeno e dotado anjo.

Na faculdade, tratei logo de ocupar um posto decisivo no boletim da Associação de Estudantes. E só tinha de engraxar um pouco as excelentes polainas do magnífico reitor para ver a minha média descolar. Quando por lá surgiu um leve vestígio de contestação estudantil, depressa coloquei as meninges a trabalhar: atacando o reviralho e proclamando, preto no branco, os nomes dos cabecilhas da sedição. Mas digam-me se não vos parece forma agradável de adquirir o canudo? Sem perder noites, sem queimar pestanas... Acabara de vender a alma ao Demo, mesmo que só me apercebesse disso bem depois.
Acreditem-me quando vos juro que tentei, por suados anos a fio, emendar-me. Ganhar o meu pão de forma honesta e digna. Não envergonhar o bom nome da minha profissão. Mas eram esforços destinados ao ignominioso fracasso. A demoníaca tentação não me largava.

Tudo recomeçou com o Guterres. Era negócio garantido e sem riscos, diziam... que me davam umas colunas, um espaço de influência, um futuro glorioso nos media. Em troca, só tinha de cantar as glórias do governo do engenheiro. Não me apraz a confissão, mas prestei-me a este comércio ignóbil.
Depois, vieram os dias de Durão Barroso. Reparem: eu nem gostava do tipo, que me parecia um medíocre sem esperança. Mas como resistir, quando me acenavam com apetitosos lugares em Conselhos de Administração? E assim deitei fora os derradeiros resquícios de coluna vertebral e integridade: passando dois anos a anunciar a todos a chegada de uma retoma que só eu é que via, ali mesmo, ao virar da esquina. A retoma não chegou; mas o Volvo com motorista já cá canta.

Eu, pobre Fausto sujeito a forças que não conseguia controlar, abandonei qualquer veleidade de manter livre arbítrio ou uma voz que fosse mesmo minha. E a personagem de Goethe até teve sorte, pois nunca lhe calhou na rifa um Mefistófeles tão deplorável e peçonhento quanto o Santana Lopes!

Com este arremedo de primeiro-ministro, ainda consegui manter o meu papel por escassos meses. Que sim, que ele era um grande estadista, que os ministros eram todos uns génios, que até o Gomes da Silva era indivíduo inteligente e ponderado. Mas, para a minha alma torturada, isto já é de mais; o fantoche exige ao bonecreiro que lhe retire a mão de dentro e pede, enquanto ainda é tempo, que lhe devolvam um pouco de dignidade!

Basta. A partir de agora, mesmo que isso implique aceitar apenas empregos à altura das minhas capacidades, como guarda-livros ou pescador de abróteas, vou ser honesto e credível. Vou proclamar aos quatro ventos que o Santana é oligofrénico, que o Bush é um demente homicida, que não vejo retoma alguma nem de binóculos, que o Barroso é uma nódoa, que a GNR faz tanta falta no Iraque como um rancho de pauliteiros num funeral. E, sobretudo, que o Luís Delgado que conheciam era uma anedota. Mas agora já não há fantoches para ninguém. Por muito que paguem.

21-10-2004 15:07:27

sexta-feira, outubro 22, 2004

George Soros envolve-se na campanha Presidencial Americana

George Soros, um capitalista que fez a sua fortuna, em parte, à custa de especular nos mercados de divisas mundiais, tem entretanto vindo a dedicar-se a uma série de causas, no mímino, interessantes. A última das quais é nada mais nada menos do que a derrota de George Bush.

A Visão desta semana publica uma sua entrevista, donde gostava de destacar o seguinte trecho:

P- Porquê esta campanha?
GS- Estas não vão ser eleições normais. É um referendo sobre George W. Bush. Há quatro anos, não foi eleito pelas suas políticas. Mas sofremos os ataques do 11 de Setembro, a sua doutrina e a invasão do Iraque. Se os norte-americanos o reelegerem, estaremos a apoiar as suas políticas e teremos que assumir as consequêcias disso. E entraremos num círculo vicioso que não terá fim. Mas se o derrotarmos, então, tudo terá sido uma situação temporal. É disso que tento convencer as pessoas: o nosso futuro depende destas eleições.

Afinal democracia implica responsabilidade dos eleitores pelas escolhas que fazem...

Foi você que pediu um Professor?

Seguindo a medida proposta pelo Primeiro Ministro Lopes de destacar professores do ensino secundário para apoio aos Juízes, também eu apelo ao Primeiro Ministro para que não se esqueça que nas Juntas de Freguesia, pelo menos nas que eu conheço, há uma tremenda falta de mão de obra, especialmente no atendimento aos municipes. Já agora, diz-se por aí que a falta de manutenção de alguns dos espaços verdes da capital, têm a ver com a carestia dos custos com funcionários para os tratarem, porque não colocar aqui alguns professores, talvez uns dois por jardim? Ou um por miradouro.

Quem disser que nunca reparou como os passeios de calçada à Portuguesa andam todos esburacados está a mentir, então Senhor Lopes, porque não destacar outros tantos professores para trabalho de calceteiros?

É que pelos vistos os professores já não são necessários nas escolas. Os nossos estudantes não têm qualquer necessidade de apoio fora do horário das aulas, nem de serem apoiados no seu estudo, nem da nomeação, por exemplo de um tutor que os acompanhasse ao longo do seu percurso escolar e com quem criassem uma relação de confiança e a quem, logicamente, poderiam recorrer em caso de dificuldades.

Como dizia o autor do http://portugaldospequeninos.blogspot.com : Se isto pegasse, amanhã podíamos ter enfermeiros a passar cartas de condução, médicos a emitir certidões fiscais ou professores como polícias. Eu já não pergunto acerca de que é que ele está a falar. Questiono-me antes sobre se ele sabe o que é que está a dizer.

O Velho e o seu Joelho



O problema é que em Cuba há muito que anoiteceu. Foi, pois, com algum optimismo que vi Castro tropeçar e estatelar-se ao comprido no chão. Cá para mim foi o fantasma de Arenas, autor do livro que escolhi para ilustrar esta peça, que lhe estendeu o pé, mas ainda não foi desta, infelizmente que o ditador de Habana La Bela se retirou, antes reiterou a sua competência para continuar.

Quanto ao livro, li-o há já alguns anos e achei-o perturbador e apaixonante, primeiro pelo retrato de uma sexualidade livre e quente, correspondendo à infância e adolescência do autor; segundo pelo clima de crescente diminuição daquela liberdade, com uma atmosfera cada vez mais asfixiante de homofobia e de perseguição política que levou à castração (no pun intended) de uma das mais sofisticadas sociedades latino-americanas. Igualmente perturbante que certa esquerda internacional, incluindo algumas "têtes bien pensantes" tenham apoiado e, em alguns casos, continuem a apoiar o monstro de Cuba.

Best Off Buttiglioni

Portuguese-Man-Of-War à solta em Bruxelas



Portuguese-Man-Of-War é um nome de uma particularmente perigosa alforreca abundante nas águas quentes do Hawai e que foi, no passado, o terror dos marinheiros. Da mesma forma a Europa está a descobrir o terror do que é um típico político Português: preconceituoso, prepotente e populista (será que acabei de inventar a regra dos 3 ps?). O Monsieur Barroso vai de força em força em Bruxelas na sua gestão do dossier Buttiglioni e depois de semanas em reflexão e deliberação acabou por propôr um pacote de medidas completamente espúrias, entre as quais se destaca a criação de um conselho inquisitorial que fiscalizaria a acção de Buttiglioni.

Alguns partidos presentes no Parlamento Europeu insistem, não obstante, em votar contra a nomeação de Buttiglioni e Barroso responde-lhes com a ameaça de terem de votar contra a equipa toda, incluindo ele próprio. Entretanto Buttiglioni continua a não mostrar qualquer sinal de estar disposto a fazer a única coisa que poderia resolver esta situação: manifestar a sua indisponibilidade em avançar para o lugar de Comissário.



Estou quase a acabar de o ler. Talvez devido ao prémio que acaba de ganhar, reproduzo aqui a critica literária que Hollinghurst fez deste livro para o Guardian:

David Lodge's new novel is about the perils and compulsions of authorship, and the ironies of popular and critical success. One peril it doesn't address until its endnote is the one that has befallen it: that someone else should have written a novel at the same time on exactly the same very specialised subject, in this case the middle years of Henry James. Lodge's Author, Author shares a number of scenes with Colm Tóibín's The Master, published six months ago; in fact one particular scene is shared with a third novel, Emma Tennant's wider-ranging Felony (2002), which investigated James's Aspern Papers and its sources. It is the scene in which James is rowed out to a remote place in the Venetian lagoon to dispose of the clothes of his friend, the writer Constance Fenimore Woolson, the dresses rising again to the surface like black balloons. As a symbol of bad conscience, the undead dresses are something any novelist might be pleased to have invented; but in fact all three took the episode from Lyndall Gordon's A Private Life of Henry James (1998) - one of a number of books in the past decade which have sought to probe the complex relations, in James's life, between friendship, sexuality and the demands of his art. Gordon's own source for this otherwise unattested event is not above suspicion; but the image is understandably irresistible to writers who want to catch James at an awkward moment.
The idea of "the middle years" was a resonant one for James. It was the title of a story he wrote when he was 50, about an author who dies in middle age without ever attaining to the splendid "last manner" he believes himself capable of. That James himself did achieve and sustain such a manner through the first decade of the 20th century is one of the great facts of modern literature. But in the early 1890s his career as a writer was in crisis. His sales and advances, never high, had dwindled alarmingly - in 1889 he was offered £70 for his novel The Tragic Muse, which as his friend George Du Maurier points out in Author, Author, was what Punch paid him for a single draw ing. (The novel would sell only 3,500 copies in James's lifetime.) James's optimistic solution to this crisis was to start writing plays, a medium for which he had no real aptitude. A dramatisation of his early novel The American had only a modest success in 1891, and Guy Domville, on which he'd pinned his highest hopes, had a disastrous first night on January 5 1895, when James took a curtain call to a barrage of boos and whistles. It was a decisive humiliation, and the turning-point of his career. Tóibín opens his novel with it, but Lodge makes it the climax of his, leading up to it with much informative narrative.
James himself disparaged the historical novel, which he felt was bound to be either implausible or inartistic, but Lodge and Tóibín feel sensibly uninhibited by such strictures, or by the later James's demanding precepts of the novel as a unified dramatic "action". Of the two books, Tóibín's has the more Jamesian purity of point of view: he stays strictly in James's consciousness - in fact in an inner chamber of it, home to those primitive doubts, fears and yearnings which gave his work much of its underlying power. Covering the years 1895-99, he travels much further through narrative flashbacks, but his is a purposely muted and unsocialised James, often paralysed in conversation, unable to fulfil his own desires or to respond to those of others. Tóibín's interest is in James's failed or merely latent relations, and their bearing on his art. The book succeeds in the way that it should, by being so thoroughly Tóibínian - dark, oblique, and tense with repressed sexuality; but it is not in the least "dramatic".
Lodge sustains the Jamesian point of view for most of Author, Author, framing it with two deathbed chapters in which consciousness is dispersed between different attendant figures. His preoccupations are not so inward as Tóibín's, and the James he presents is at times barely recognisable as the same "character". Lodge's James is naturally loquacious and social, and his book, reaching from the early 1880s up to 1899, has at its heart the long and happy friendship with Du Maurier. He gets very touchingly James's simplicity of affection combined with subtlety of mind; and explores in detail the ironies of the two friends' contrasting careers through the mid-90s, when James's failure in the marketplace as both novelist and dramatist coincided with Du Maurier's global success with Trilby, not only as a novel, but also as a play and as a very modern kind of mania, trilby shoes and hats being as it were the merchandising. It is a further twist that Du Maurier had offered the Trilby idea to James, who made a note of it, but decided that his lack of feeling for music made a novel about a singer impossible for him.
In his portrait of the writer's private life Lodge touches, less interestingly than Tóibín, on James's guarded fascination with the Wilde trials, and his prudish attitudes to nudity and the sexual mores of his more bohemian friends. Both dwell on his instinct for bachelorly self-preservation, his cautious relations with Woolson, and his guilt after her suicide in Venice. Both recount, to rather different purpose, the scene when James first saw a naked man, his cousin Gus Barker, being drawn by William James; though oddly neither of them notes James's admission in his memoirs that he "secured and preserved for long William's finished rendering of the happy figure", who was to be killed in the civil war.
Part of James's richness as a subject is that his life touched on so many others, and Lodge has fun trailing past us in infant form such figures as Compton Mackenzie (son of the actor- manager Edward Compton), Virginia Woolf and Agatha Christie (bumped into on a cycle-ride from Torquay). All this is interesting and enjoyable, but one comes to feel more and more that Author, Author is limited, as a novel, by its artless closeness to biography. In his acknowledgements Lodge owns up eagerly to the few small details he has invented, and longish stretches of the book, with its conventional scene-setting and tidy summaries, might well have come straight from a Life of James. The conversations are of course made up, but are often heavy with back-story and explanations to James of things he would already have known. James himself is made to speak courteously and quick-wittedly, but he is not realised with the vividness of numerous real-life anecdotes, which reveal him as one of the most prodigious and idiosyncratic talkers of the age.
Stylistically, Lodge, the sharp comic novelist, has put on the slippers of a comfortable semi-historical manner, neither James's nor his own: James's avoidance of the commonplace could be comically fastidious, but it is odd that Lodge himself should be happy with so many fine views, elegant façades, and cheerfully glowing fires. There are some jarring notes - Edith Wharton would not have been described by the 1930s term "socialite" in 1915; "master bedroom", on which Lodge makes an awful joke in his first paragraph, is a usage from the later 1920s. But there are good jokes too; James's flattered conversation, on the day of the Domville premiere, with a man in the Reform Club lavatory about what a great day and exciting prospect it is, the stranger in fact referring to an imminent rugby match in Swansea, is part of the deft depiction of the self-delusions of authorship. The recurrent lavatorial note (the Master farting, belching and urinating) is, I suppose, a playful infringement of Jamesian propriety.
That there might be a larger impropriety, or at least rashness, in writing a novel about a great novelist and attempting to describe the inner life of a supreme analyst of consciousness, is something of which Lodge, in his closing salutation to James, seems modestly aware. From time to time he riskily quotes bits of actual James, and in each of them - not only the surreally magniloquent deathbed dictations, in which he thought himself to be Napoleon, but the notebook entries, the letters, even the telegrams - James's brilliance and singularity are humblingly evident.

Por mim gostei particularmente desta passagem do livro:

"Norris turned out these books at the rate of one or sometimes two a year, three deckers with not very many words to the page, perfectly adjusted to the circulating library system which was his principal market. They were things to marvel at, these novels, for totally lacking any distinctive flavour. Henry (James) compared them in his mind to cups of tea brewed in a pot from which the tea leaves had been accidentally omitted in the process of preparation, and served to people who were either too polite to comment or didn't actually like tea. The pot, and the cups, were of unexceptional design, the water was of exactly the right temperature, and flowed freely from the teapot's spout, but the beverage was completely transparent and tasted of nothing. They were novels for people who liked to have a novel at hand, but did not much care for the reading process."

Página 301, 302

quarta-feira, outubro 20, 2004

A Newsweek esta semana

Já há muito tempo que não comprava essa revista Americana, confesso que me irrita. Mas esta semana não resisti, afinal não é sempre que um Português aparece na capa. Estou a referir-me a Durão Barroso, que assim entra para a História, a par de Spínola, ou Vasco Gonçalves como outras das figuras que figuraram nas capas da Newsweek, ou de revistas como a Time. Claro que o artigo sobre Monsieur Barroso é um whitewash completo. Tem as seguintes pérolas: conseguiu controlar o défice orçamental herdado do PS, graças a uma corajosa política de austeridade. Os resultados estão à vista, bastava que um jornalista da Newsweek viesse a Portugal...

Outra das pérolas é que aparentemente Barroso terá exigido como condição para aceitar o cargo que Miterrand e outros estadistas fizessem pressão, nomeadamente sobre Sampaio, para que não houvesse lugar a eleições antecipadas. Será, pois, que aquelas duas semanas de há quase três meses foram uma completa farsa?

Ainda na mesma revista um artigo terrível sobre um livro chamado The Nuremberg Interviews (mais informação em http://www.mclemee.com/id128.html ) escrito a partir das notas de um psiquiatra Americano, Leon Goldenshon, que conversou com todos os arguidos e testemunhas do processo de Nuremberga. É aterrorizador como algumas das figuras de proa do regime Nazi procuravam racionalizar o irracional, ou justificar o injustificável. Só para dar o exemplo de uma das declarações feitas por Goering ao psiquiatra Americano: "it was unsportmanslike to kill children. That's what bothers me about the extermination."

Isto na semana em que se descobriram outros diários de uma Judia Holandesa, de 18 anos de idade, semelhantes aos de Anne Frank, mas com uma diferença, o facto de terem sido escritos num centro de detenção dirigidos ao seu namorado e de ninguém perceber como foram passados cá para fora sem terem sido destruídos, mais informações em: http://news.independent.co.uk/europe/story.jsp?story=573895

No dia 6 de Junho de 1943 Helga Deen, assim se chamava a autora do Diário, escrevia:

"Transport. It is too much. I am broken and tomorrow it will happen again. But I want to [persevere], I want to because if my happiness and willpower die, I too will die."


SELF PORTRAIT

I lived between my heart and my head,
like a married couple who couldn't get along.

I lived between my left harm, which is swift
and sinister, and my right, which is righteous.

I lived between a laugh and a scowl,
and voted against myself, a two-party system.

My left shoulder was like a stripper on vacation,
my right stood up like a Roman soldier.

Let's just say that my left side was the organ
donor and leave private parts alone,

but as for eyes, which are two shades
of brown, well Dionysius meet Apollo

Look at Eve raising her left eyebrow
while Adam puts his right foot down.

No one expected it to survive,
but divorce seemed out of the question.

I suppose my left hand and my right hand
will be clasped over my chest in the coffin

and I'll be reconciled at last,
I'll be whole again.

Edward Hirsh

Visto cá de fora..

Ainda acho que preciso de regressar a Lisboa e confirmar se aquilo que ouvi dizer que Morais Sarmento disse foi mesmo assim. Um pensamento me tranquiliza, que esteja aí o nosso Presidente da Republica para continuar a afirmar-se como um centro de serenidade (será que o Morais Sarmento já o programou como pretende fazer à RTP?).

E não está já na hora de pedir contas a esse Ministro pelas promessas da 2? Onde está a nova televisão que nos tinhq sido prometida? Com programação nova? Uma vez que aquilo a que continuamos a assistir (thank god) é à passagem e repassagem das velhas séries que a velha RTP2 passava.

Mais um refém em Bagdade

O que é mais chocante neste caso, sendo que todos são obviamente condenáveis, é que que a pessoa que foi feita refém é uma mulher, que apesar de ser de origem Britânica, se tinha já naturalizado Iraquiana, casado com um Iraquiano, e fazia a sua vida há muito tempo por lá. Foi, ainda, uma incansável lutadora contra o terrível regime de sanções imposto após a guerra do golfo e contribuiu na altura de forma decisiva para que medicação essencial chegasse às crianças Iraquianas, que tinham desenvolvido em número recorde cancro (devido à utilização de bombas com urânio enriquecido nos bombardeamentos feitos pela coligação na época).

Se é certo que ninguém merece a terrível sorte de ser feito refém, com a consciência do que pode, a qualquer momento, suceder em frente de uma máquina de filmar, não é menos certo que neste caso esta situação aconteceu à pessoa que menos a "merecia".

A beautiful victory at the Booker for tale of gay love in Thatcherite Britain

Ja por cá se tinha falado deste livro.

terça-feira, outubro 19, 2004

Visto aqui ao lado no Portugal dos Pequeninos

AS FRALDAS
Que o Dr. Portas queira tratar os militantes do seu partido como idiotas profundos, isso é um problema deles. O que é lastimável é que a terceira figura da hierarquia do governo nos queira fazer o mesmo. Ao recorrer a um slogan publicitário para defender o orçamento - "o orçamento é bom é, para o avô e para o bébé" - e ao dar destaque aos 5% de IVA nas fraldinhas como um magnífico incentivo aos "jovens casais", Portas parece ter perdido a noção do ridículo. Eu não me importo que ele seja demagógico ou populista. Custa-me, porém, já que o tenho por inteligente, que use fraldas na cabeça.

Mais uma acha

Li ontem a caminho desta terra do teclado azerty, um artigo de opinião de João César das Neves, há muito tempo que não lia nada dele admito, uma vez que perdi a pachorra para o Diário de Notícias. Mas a perspectiva de viajar parece que me obriga a acumular, para além de um livro, o maior número possível de jornais e revistas. Mas volmtando ao JCN. Para variar achei a argumentação do Senhor razoável e aberta ao debate. Por uma vez ele não faz, pelo menos de forma directa, considerações morais, mas limita-se a levantar uma questão, que considero interessante, quanto às reformas levadas a cabo por Zapatero em Espanha.

Essa questão é: até onde pode um político ir nas suas reformas, pondo em causa a arquitectura do Estado, ou da sociedade. Trata-se de uma questão interessante, por abranger a questão espanhola, mas por também poder permitir a inclusão do caso italiano, com Berlusconi a pôr cada vez mais em causa a independência do poder judicial.

Quanto a mim, eu separaria a resposta em duas áreas distintas: de um lado as questões do aprofundamento de Direitos, Liberdades e Garantias, de um outro questões directamente relacionadas com a organização do Estado. Quanto a esta última a resposta tem de passar por uma consulta popular, preferencialmente em eleições, com o partido Y a propôr uma determinada medida no seu programa eleitoral. Já quanto à primeira, acredito que o aprofundamento de Direitos, Liberdades ou Garantias não tem de resultar directamente de consulta popular. Mais, por vezes tem mesmo de ir contra o sentido do devir colectivo, ou ir além do mesmo. Podem-se dar vários exemplos de como no passado o legislador entendeu ir além dos seus eleitores. Quando constitucionalizou a igualdade do género, algo que, ainda nos dias de hoje, não é aceite por uma larga franja da população. Ou quando o legislador proibiu a escravatura, prática que em certas sociedades ainda é comum, sem que JCN pretenda aí que o legislador seja contemporizador com essas sociedades em particular.

Ou seja, quanto mim, acredito que um político tem de saber equilibrar na sua acção diária 3 elementos: bom senso, audácia e defesa intransigente de princípios em que se acredita. O PSOE foi o que fez. Após anos de maturação na sociedade espanhola sobre o assunto dos direitos dos homossexuais, à custa de um activismo inteligente, que soube envolver a população em geral e os políticos de várias cores em particular, uma grande parte dos nuestros hermanos até apoia as reformas do seu governo. Mas ainda que não apoiasse, caberia aos seus políticos fazer a respectiva pedagogia. Exactamente da mesma forma que hoje se faz em relação a boas práticas ambientais por exemplo.

sexta-feira, outubro 15, 2004

Ainda mais sobre o caso Buttiglioni

Martin Schulz, the leader of the socialist group in the European Parliament - the second largest bloc of MEPs - said of Mr Buttiglione: "His comments on women and gay people make him entirely unsuited to the role allocated to him. You cannot build a Europe for the 21st century based on 19th-century values." He added if Mr Barroso fails to take action regarding Mr Buttiglione, "we will propose that the socialist group vote against confirmation of the new Commission".

Um site interessante para quem quer estar sempre informado.

José Manuel Fernandes torna a mostrar as suas verdadeiras cores...

José Manuel Fernandes fala hoje no seu editorial do Público sobre o caso Buttiglione, ´que já abordamos aqui também. O seu raciocinio é mais ou menos o seguinte:
1º O senhor Buttiglioni tem direito às suas opiniões sobre a homossexualidade e sobre o casamento e a mulher e é a escolha de um Governo democráticamente eleito;
2º O facto de o Senhor reafirmar as suas convicções Católicas e defender que o facto de considerar certas práticas imorais, ou contrárias aos fundamentos de certos institutos, não significa, até de acordo com o próprio, que ele os vá criminalizar;
3º Por último, JMF considera que como o Senhor Buttiglioni diz que não pretende ver criminalizada a homossexualidade, ou reintroduzida legislação que estabeleça novamente a desigualdade da mulher dentro do casamento, que ele está apto a ocupar o lugar de Comissário.

Aquilo que JMF não diz, porque também ele é homofobo e machista, da escola de Espada & Cia, é que o trabalho que o Senhor Buttiglioni tem para desenvolver não passa tanto pela criminalização de certas práticas, mas sim pelo estabelecimento, por um lado, de normas de discriminação positiva (que facilitem a igualdade) e, por outro, de combate firme e empenhado a práticas discriminatórias onde quer que se encontrem, obviamente no âmbito dos poderes da Comissão.

Claro que uma pessoa que pessoalmente está convencido que a prática de certa orientação sexual é pecado e está errada não irá desenvolver esforços para combater a discriminação e promover a igualdade dos homossexuais face à Lei.

Quanto ao argumento do facto de Buttiglioni ser a pessoa indicada por um governo democraticamente eleito e como tal tem de ser aceite e respeitado, não vimos nós já uma situação em que a UE boicotou um governo, não obstante o facto de ter sido eleito? Basta recordar o caso Austríaco, em que se considerou que o facto de Haider ter entrado para a coligação governamental punha em causa de forma grave o conjunto de princípios que todos consideram caros à identidade europeia. Se não me engano, o Público na altura defendeu este boicote.

Daqui se pode concluir que o princípio da não discriminação em função da orientação sexual para JMF não merece o mesmo respeito que o da não discriminação em função da raça etnia, ou outros. Porque não se trata aqui de uma questão em que é possível a um governante ter opiniões, da mesma forma que não se aceita que tenha opiniões sobre raça, ou etnia. Ou respeita, ou não.

Alguém percebe como é possível?

  1. que Marcelo Rebelo de Sousa continue sem explicar o que se passou realmente? Ou estará á espera agora da Alta Autoridade da Comunicação Social?
  2. que Sócrates tenha sido uma desilusão na sua estreia parlamentar contra Santana Lopes, que também tinha sido uma desilusão na sua estreia parlamentar?
  3. e que ao invés Carvalhas tenha sido responsável por uma das melhores intervenções? Será o encanto da despedida?
  4. que a Clara Ferreira Alves tenha, aparentemente, aceite ser a nova directora do Diário de Notícias, aceitando, pois, trabalhar sob a batuta rigorosa e autista de Gomes da Silva e Luís Delgado?
  5. que o Presidente da Républica se agarre alarvemente ao dinheiro de um prémio(Carlos V) que ele não ganharia se não tivesse sido eleito para o cargo que, só simbólicamente ocupa, com a desculpa de que os "tempos estão dificeis"...? E que entretanto, também autisticamente, se reclame o" centro da serenidade" num país em turbilhão? Para que serve a serenidade neste caso?

quinta-feira, outubro 14, 2004

A Lenda de Martim Regos


"Conta-nos a história da maior descoberta de todos os tempos: a revelação do mundo.
Martim Regos nasce no Ribatejo em 1453, mas foge para a Granada muçulmana e converte-se ao islamismo ainda durante a adolescência. Aí inicia uma série de viagens, ora como mouro, ora como cristão. A vida leva-o às mais extraordinárias situações e vive o espanto de quem vê quase tudo pela primeira vez. Viaja pela África negra, pela América recém-descoberta, pelo Médio Oriente, pela Índia e até pela China. É fugitivo, explorador, comerciante, agente secreto ao serviço de Dom João II e é o aventureiro incansável que só a época dos descobrimentos poderia ter criado."

"Mas este relato é também uma extraordinária história de amor que atravessa uma vida inteira. Em tudo Martim Regos vê uma procura incessante de vida, diante de um mundo que vai sendo cada vez mais amplo e mais surpreendente."

Mas para mim o que foi mais interessante neste livro é o facto de a trama se centrar no Português anónimo, neste caso Martim Regos, que apesar de ter feito a História de Portugal desta época nãp ficou para a História. Ao contrário, pois, do que é frequente, este livro não é sobre o Vasco da Gama, ou sobre o Infante D. Henrique, mas sim sobre os que os acompanharam e os que os fizeram grandes. Por último, apesar de se passar há cinco séculos, a história é atravessada de modernidade.

A propósito de Paula Rego no Porto


Paula Rego diz, hoje no Público, querer pintar o Presidente Jorge Sampaio. Esperamos que o pinte com a mesma expressividade e sureealismo, de acordo com ela mesmo, com que pintou a sua série sobre o aborto em Portugal. É que o Presidente merece ser recordado para toda a posteridade também pelo tipo de situações a que deu a sua benção quando permitiu o empossamento desta corja. Com, ou sem óculos.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Orçamento, ou Orçamentos?

Pertinente este pedido do Bloco de Esquerda no sentido de a proposta de Orçamento para 2005 ser apresentada antes das eleições regionais. Mais pertinente, no entanto seria, de acordo com alguns rumores que me chegaram, pedir a apresentação de todos os orçamentos em preparação, ma vez que Bagão estará não só a compor o Orçamento Geral, mas também um suplementar a apresentar pouco depois para a saúde.

Fica, pois, a informação...

José Manuel embaraçado...

Italy's European commissioner-designate, Rocco Buttiglione, faced a formal call from MEPs for his resignation yesterday over his description of homosexuality as a "sin".
In what looked destined to become a trial of strength with the new European Commission president, MEPs on a key committee voted to reject Mr Buttiglione from the post of justice and home affairs commissioner which he is due to take up on 1 November.
The parliament does not have the power to sack an individual commissioner but it can reject the entire team.
However, the vote of the Freedom, Security and Justice Committee against Mr Buttiglione is an embarrassment to the new Commission president, Jose Manuel Barroso.

terça-feira, outubro 12, 2004

Esquerda, Direita Parte II

Já tinha escrito sobre aquilo que eu considero serem algumas das diferenças entre a esquerda e a direita (ver post de sábado 2 de Outubro) e, por isso, foi interessante acompanhar o programa Prós e Contras ontem na RTP1 e constatar as diferentes versões de esquerda e de direita e as enormes dificuldades sentidas por alguns membros do painel em identificarem-se.

Foi doloroso ver o Carlos Encarnação, o mesmo que serviu com Dias Loureiro reclamar-se do centro, quando toda a sua carreira política, especialmente quando esteve na administração interna, foi marcadamente de direita securitária, mais próxima de Bush, do que da social democracia.

Foi uma agradável surpresa ver Rui Pereira, o qual enquanto Secretário de Estado da Administração Interna de Guterres não se aproximou, nem de perto do brilho da sua intervenção de ontem.

Foi, também, um alivio ver Alegre, um alívio porque já sabemos que ele não vai ser o Secretário-Geral do PS. Não obstante ter sido interessante a forma como ele assumiu uma série de causas "fracturantes" como queridas à esquerda, talvez já esquecido de um altura em que não era tão liberal.

Quanto a Jaime Nogueira Pinto, apesar de ter mostrado mundo e cultura, é notóriamente um homem preso ao passado e amargurado pela história que deu voltas com as quais ele não consegue conviver. Não percebi algumas das suas considerações sobre a direita da Europa Continental contra a Direita Anglo-Saxónica, porque, por um lado, creio serem dificeis de isolar e porque, por outro, alguns dos fenómenos que ele atribuia à direita continental europeia são antes atribuíveis à esquerda moderada.

Relativamente a Nuno Magalhães demonstrou uma fraqueza surpreendente num "jovem" que já é Secretário de Estado. Nem trouxe nenhum argumento novo ao debate, nem apresentou uma posição nova perante questões importantes, ao contrário do que o comentador de direita, Pedro Lomba, mais tarde veio a fazer.

Sem dúvida os momentos altos da noite aconteciam quando Louçã tomava a palavra e com o seu habitual brilhantismo recentrava o debate, ou colocava alguma questão mais picante. Faz parte da tragédia deste país que um homem como Louçã não faça parte de um partido de poder. Não obstante fiquei desapontado porque esperava da parte dele algumas palavras sobre a posição da sua esquerda sobre sigilo bancário, principio da não discriminação em função da orientação sexual, economia e o papel do estado na sua regulação e acho que ele não abordou nenhum destes temas.

Por último gostei menos de Osório e mais de Lomba como comentadores de serviço. Osório foi atabalhoado, nervoso e não disse muito. Lomba, sistemático, soube abordar alguns dos temas que fazem os analistas e cientistas políticos andarem um pouco confusos com a distinção tradicional entre direita e esquerda, ao falar de uma direita que quer que o estado se imiscua menos na regulação de costumes, ou numa direita menos interventiva em matéria de política externa em função de defesa de valores e mais orientada em função da defesa pura do chamado interesse nacional.

Penso que é precisamente devido às questões levantadas por Pedro Lomba que há uma crescente confusão entres dois campos políticos. E serão concerteza necessários muitos mais debates como este.




"A minha filosofia é: embirram contigo Então põe-nos a falar de ti. Choca-os, provoca-os!" Alberto João Jardim

Alguém já reparou que este senhor tem enormes parecenças com aquela outra caricatura ambulante da TVI que se auto intitula o "Conde"? Basta recordar algumas das teatradas dos dois. Ainda ontem se via Jardim a montar um elefante no decurso da campanha eleitoral na Madeira, qual paquiderme. O senhor White Castle, à semelhança de Jardim vive em permanente mise en scene, sendo que a única distinção relativamente a Jardim é que não custa dinheiro aos contribuintes.

segunda-feira, outubro 11, 2004

Gay, but in mourning (in Economist)

A edição desta semana trás a seguinte triste notícia:

"We live in fear" said Fanny Ann Eddy, Sierra Leone's best known lesbian, a few months before she was murdered. Her body was found last week. She had been working late at the country's only gay-rights group. She was alone when one or more assailants broke in, raped her, stabbed her head and broke her neck.

Homosexuality is illegal in Sierra Leone, but the law is vague and more likely to e "enforced" by vigilantes than by the police. The country has just emerged from civil war, so few Sierra Leoneans think gay issues pressing. Those who do consider the subject find it distasteful. Given the "sizzling" beauty of Sierra Leoneans women, "who would want to be gay in Sierra Leone?" asks Kingsley Linton, a local journalist. He adds, with relief, that gays in his country "know they have to do their thing in the dark".

Most Africans abhor homosexuality. According to Behind the Mask, a lobby group, 33 out of 54 Africa countries ban it. Where it is legal, this is often because politicians deny it exists, and so have not bothered to ban it.

Only in South Africa does the state actively protect gay rights, though Burkina Faso is also quite tolerant , perhaps because of a tradition of religiously sanctioned lesbianism among the women of the Dagar tribe. In no African country does more than a minority approve of gays. Throughout the continent, "homophobic attacks go unpunished", Ms Eddy told the UN Commission on Human Rights in March. Her murderers will probably not be caught.

"O Preço da Liberdade"


Miguel Sousa Tavares pronunciou-se na passada sexta-feira sobre a Liberdade, dizendo entre outras coisas que a maior parte de nós não somos livres e que isso nos aproxima mais do México do que de Espanha. Estou tentado a concordar com ele. Não obstante, será que Miguel, se não se chamasse Sousa Tavares, nem Melo Breyner Andressen, também se sentiria tão livre como a sua praxis sugere?

Vale a pena ler algumas considerações do Almocreve das Petas sobre o grupo PT

O panfletário moderno
Miguel Horta e Costa tresanda aristocracia debaixo do seu formidável nariz inglês. Tem cursos vários, um admirável Jaguar, muitas secretárias de serviço, é um financeiro arrojado, incansável, intuitivo, canta glórias em louvor da PT, pavoneia-se no Conselho de Administração da Lusomundo Media, anda de barco, distribui bonomia por amigos e conhecidos, não faz análises políticas, não se ruboriza com o estado na nação, não é ingénuo, muito menos murmura crenças sobre a imprensa, a liberdade de expressão ou as novidades literárias do reino. Não faz folhetos de cordel, não pretexta comentários, nem estimula polémicas, não faz versos, e por isso tem parcos leitores, para além daqueles que o ouvem para as bandas do Fórum Picoas. Oferece aos indígenas lusos um ror de títulos de jornais e revistas, a cargo da Empresa Global Publicações, S.A, e basta de afazeres. O prodigioso Miguel Horta e Costa é um visionário. E como tal, irresistível a obras perfeitas, necessita de trabalhadores laboriosos, caprichosas carpideiras do poder, desprovidos de angústias, inchados de espiritualidade liberal, para validar a sua imodesta intelectualidade. Nasce assim para a Lusomundo Media, o polemista virulento, gorgolejando insultos e ameaças, o inebriante caixeiro mediático Luís Delgado, agora na pele de Presidente Executivo. Não está só na sua espaventosa récita aos indígenas, trazendo consigo o ex-trovador do DN, de nome Bettencourt Resendes, para dar sorte à imaginação. A ideia de por o panfletário Delgado a dar remoques nos jornais e TV's, em fúria alucinante, não parece adequado ao seu novo pelouro, dado até as possíveis acareações ou o pedido do contraditório que cada intervenção escrita ou falada do Presidente Executivo da Lusomundo Media suscita. Terá o cavalheiresco Horta e Costa pensado na questão? Os accionistas? Ou o incendiário Delgado não conhece os regulamentos?

Cat Woman


Este fim de semana fomos ao cinema, e um dos filmes que vimos foi precisamente o Cat Woman, com as belas Berry e Stone.

Fiquei, porém, intrigado: Porque será que um filme sobre uma super heroína tinha de fazer a acção centrar-se numa trama sobre cosmética? Não seria a Cat Woman competente para efrentar terroristas islâmicos (já estou a imaginar uma deixas divertidas...)?Ou para salvar a América de uma explosão nuclear causada por terroristas de uma das ex-républicas da ex-União Soviética?

Só por ser mulher tinha de ser sobre cremes de beleza...eu fiquei incomodado, agora imagino as mulheres...

sexta-feira, outubro 08, 2004

"No Papel da Vitima", dos Irmãos Presnyakov



Estreou ontem no D. Maria a peça "No Papel da Vitima" dos Irmãos Presnyakov, cuja trama decorre na Rússia pós comunista e cuja acção se centra em torno de um jovem que desiste da Universidade e escolhe como profissão o desempenho da vitima nas reconstituições dos crimes feitas pela policia:

"Não sou estúpido. Há muito tempo que percebi que para evitar fazer algo tens que fazer outra coisa qualquer. Se queres evitar qualquer coisa desagradável, tens que fazer outra coisa de que não gostas mas que te ajuda a evitar o pior.”

Para ver nos próximos tempos no D. Maria e para constatar como alguns dos problemas enfrentados pela nova Rússia são semelhantes aos enfrentados por este velho país.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Visto e copiado do vizinho Jumento:

UMA COLIGAÇÃO, DOIS GOVERNOS
Teng Hsiao-ping criou o modelo político de "um país dois sistemas", Alberto João Jardim propôs para Portugal um modelo assente no princípio de "um país três sistemas" e agora é a coligação LP (Lopes/Portas ) que inova pois temos "uma coligação e dois governos".De um lado, o governo de Santana, um governo rasca, que só faz 'azelhices' e que tem à sua frente um Santana Lopes que não para de nos surpreender desde aquele dia em que foi um autêntico "ponto" a ler o discurso da tomada de posse.Do outro lado, o governo de Paulo Portas, um governo de gente fina, que é capaz de ir até às doze milhas ou onde for necessário e com os meios que estiverem ao seu alcance para defender Portugal e os seus valores seculares.O governo de Santana pensa nas eleições autárquicas, aposta tudo na salvação a curto prazo, luta pela sobrevivência no poder. O governo de Portas luta pela sobrevivência nas legislativas, a vitória nas autárquicas está assegurada com os vereadores que um desesperado PPD vai oferecer-lhe na mesma bandeja que usou nas europeias, e a derrota da coligação já está justificada com as asneiras dos governantes rascas do seu parceiro de coligação.Quando o governo de Portas aparece o de Santana está ausente, ou porque se escondeu, ou foi o Santana que viajou para os EUA ou para o Brasil; Portas faz conferências de imprensa de estadão, Portas fala como primeiro-ministro, Portas mostra a Santana como se deve comportar um primeiro-ministro.Quando o governo de Santana aparece é o de Portas que se deixa de ver; Portas nada tem que ver com a 'barracada' na colocação dos professores, com a aplicação do princípio do utilizador-pagador e muito menos com a eliminação dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa. Portas não tem nada que ver com o governo de Santana.

Primeiro estranha-se, depois continua-se a estranhar...?


Escreveu um amigo, há uns tempos, no seu blogg que previa que após as primeiras reacções inflamadas por parte dos bem pensantes líderes de opinião nacionais em relação a este Governo, que as coisas acalmassem e que outros interesses falassem mais alto. E de facto depois das primeiras semanas de criticas, lá começaram a aparecer alguns artigos de opinião e editoriais defendendo o Senhor Lopes, dizendo que tinha ministros credíveis, ou que tinha tomado umas decisões dificeis, mas corajosas. Parecia estar tudo encaminhado para a reconciliação com o país.

Havia, contudo, um pequeno problema que semana após semana insistia em aumentar e que obstava à tão almejada pacificação reinante na comunicação social: um Professor, que até já tinha sido líder do principal partido da coligação governamental e que chamava a atenção como mais ninguém ousava fazer para as incompetências sucessivas deste governo.

Mais, para além de ter audiência, a voz critica do Professor ouvia-se, ainda, mais num coro de vozes laudatórias deste governo. Tornava-se, pois, imperioso fazer alguma coisa. O quê, ainda não se sabe, só se suspeita. Mas não será concerteza muito diferente dos métodos que Rui Calafate e sua equipa têm vindo a empregar nos últimos anos, ou exercendo pressão sobre qualquer voz critica, com ameaças veladas, ou desafios para debates, ou então manobrando os cordelinhos dos negócios, ou, por último, colocando comissários políticos nos media à la Saramago.

Com este tipo de medidas, contudo, o governo não consegue a pacificação pretendida. Primeiro porque o Professor adoptou uma estratégia brilhante, saíu. Segundo, porque a saída do Professor não permite que as consciências bem pensantes da nação disfarcem mais o que se está a passar, além de ser uma demonstração acabada da fraqueza e insegurança deste executivo. Oxalá assim seja.

Portanto, neste caso, primeiro estranha-se, depois, em vez de se entranhar, continua-se a estranhar esta corja no governo.

quarta-feira, outubro 06, 2004

O Homófobo Tranquilo

Esquerda do Parlamento Europeu Rejeita Comissário Italiano Por ISABEL ARRIAGA E CUNHA, BruxelasQuarta-feira, 06 de Outubro de 2004

Rocco Butiglione foi ontem rejeitado pela esquerda do Parlamento Europeu (PE) para suceder a António Vitorino na Comissão Europeia de Durão Barroso, devido nomeadamente à sua defesa da definição tradicional do casamento e à afirmação de que a homosexualidade é pecado.
Butiglione, ainda ministro dos Assuntos Europeus do governo de Silvio Berlusconi teve no entanto o cuidado de separar as suas convicções pessoais e a política que assumirá enquanto comissário europeu da Justiça e Assuntos Internos a partir de 1 de Novembro.
"Posso pensar que a homosexualidade é pecado, mas isso não tem qualque efeito nas politicas a menos que eu diga que a homosexualidade é um crime", afirmou, perante os eurodeputados encarregues de averiguar a sua competência para o posto. Butiglione, defendeu por outro lado que "a origem latina da palavra matrimónio significa protecção da mãe: o casamento existe para permitir às mulheres terem filhos e a um homem protegê-los".

O que quanto a mim é grave é ser ainda admissível que um confessadamente homofobo possa sequer aspirar concorrer a Comissário Europeu. E se ele dissesse que o facto de ser racista não iria interferir com a sua acção executiva? Alguém aceitaria?

TVI = HMV (His Master's Voice)

Afinal parece que Gomes da Silva sabe o que faz. Umas palavras suas são suficientes para amedrontar o "Conde" e para fazer Marcelo interromper as suas crónicas semanais na TVI. Não que seja um adepto de tudo o que o Senhor dizia ao Domingo, mas que ele zurzia quer o Guterres, quer o Durão, zurzia. Agora parece que só nos vão restar comentadores da categoria de Luís Delgado, daqueles que não precisam do contraditório.


Ontem um dos intervenientes deste blogg foi à inauguração do Museu da Presidência no Palácio de Belém, museu que aliás é de visita obrigatória pelo seu acervo e pela maneira inovatória como o mesmo se encontra apresentado (fazendo forte uso de técnicas multimedia e apelando á interacção com os visitantes).

A inauguração do Museu incluiu, dado tratar-se de um 5 de Outubro, uma série de cerimónias para celebrar a efeméride, que culminaram na inevitável atribuição de mais umas condecorações a umas venerandas figuras da Républica. O ponto alto do dia aconteceu, não obstante com a chegada do nosso primeiro ministro, o qual se fazia acompanhar por uma numerosa equipa de seguranças e que sempre que alguém se lhe atravessava à frente, atrasando-lhe a passada fazia um ar de enjoo, devendo concerteza interrogar-se então como era possível alguém ter a veleidade de o querer atrasar a ele.

Outra das imagens interessantes foi a de ver o filho do actual Presidente cirandando de um lado para o outro dos jardins, dando instrruções à equipa organizadora do evento, andando curvado, como que vergado pela responsabilidade que aos olhos dele é ser filho de quem é.

Igualmente curioso foi ver alguns familiares descendentes de alguns dos nossos Presidentes passados a tomarem conta de uma das salas do Palácio, em amena reunião familiar, recordando concerteza o tempo em que também eles cirandavam pelos jardins de Belém dando instruções aos criados, ou lembrando, ainda, a forma como as suas avós, tias, ou mães tinham decorado esta, ou aquela sala, dando-lhe um toque especial, que logo se tinha desvanescido com a familia do ocupante que se seguiu.

Misturado nas elites que responderam à chamada do Presidente e da Senhora de Jorge Sampaio, debicando queijo da serra e arroz de pato, molhado com um Planalto, ao som da banda da Marinha naquele belo terraço do Palácio de Belém voltado para o Tejo num final de dia quente, não pude deixar de sentir-me um pouco como se calhar se sentiam as elites Cubanas que festejavam o final do ano entre o Palácio do Governo e o Casino Tropicana em Havana e aguardavam a chegada de Fidel à sua cidade.

terça-feira, outubro 05, 2004


Chama-se Possidónio Cachapa e escreve muito bem.
Para além dos livros, também pode ser lido em www.prazer_inculto.blogspot.com
Vale a pena!

segunda-feira, outubro 04, 2004

Sócrates, ou o triunfo da Esquerda Alheira




1. José Sócrates é o novo líder eleito do PS. E foi eleito com quase 80% dos votos dos militantes, após uma campanha viva, em que se debateu com Manuel Alegre e com João Soares. O triunfo de Sócrates significou o triunfo inegável de uma certa facção do PS a qual está mais próxima da herança de Guterres e do chamado centrão do país. Isto não obstante persistirem figuras nos círculos próximos de Sócrates, tais como António Costa, que tem mais a ver com a tradição Soarista do partido e com valores mais à esquerda.

2. O triunfo de Sócrates significou ainda que mesmo no partido da esquerda nacional por excelência só aqueles que aparecem com mensagens políticamente fáceis (não retirada do Iraque; novo referendo sobre o aborto; ou as posições assumidas quanto aos direitos homossexuais) têm hipóteses de ganhar. Se isto é verdade dos militantes do PS, imagine-se como será o restante eleitorado do país.

3. O triunfo de Sócrates significou, por último, uma outra coisa que a esquerda se abriu definitivamente à nova forma de fazer política, em que o mensageiro é mais relevante do que a mensagem, em que o embrulho é mais importante que o presente. Interessante que Sócrates tenha sentido necessidade de ler um ponto para proferir o seu, por acaso bom, discurso inaugural. Igualmente interessante a escolha de música de um filme oscarizado Americano, O Gladiador, para reforçar a sua combatividade. Combatividade essa limitada, claro está, àquilo que é fácil e que não suscita questões de maior.

4.Irónicamente, apesar de todas estas limitações, Sócrates é a melhor solução, de entre as três que se perfilavam no PS, para derrotar o Governo e para liderar a oposição. E se pensarmos em termos de prioridades, o derrube deste governo tem de ser a primeira prioridade, pelo que o apoio a Sócrates nesse fim é importante.

5. Poderá não ser contudo quem certo tipo de eleitores, mais urbanos, mais instruidos, mais informados gostaria de ver como próximo primeiro ministro, ou até como líder da oposição, mas, a maior parte das vezes, a política é feita de possíveis e de males menores. E este é certamente um desses casos.

6. Sócrates é, pois, o melhor representante daquela esquerda que ao dizer-se moderna faz um pouco aquilo que o mito diz que os cristãos novos faziam no Portugal de seiscentos, cozinha uma alheira, que só aparentemente está recheada de porco, para que ninguém o incomode. Assim é a esquerda de Sócrates, a esquerda-alheira.

domingo, outubro 03, 2004

Joana Guerreiro - parte II

Como muito bem lembra o Público de hoje, o caso de Joana Guerreiro está longe de ser único e provavelmente muitos destes casos nem sequer chegam ao conhecimento de todos nós. Mas deviam ser do conhecimento da dita presidente nacional da comissão de protecção de menores, Dulce Rocha, já que um estudo lhe terá sido encomendado há vários meses , mas do qual até agora não são conhecidos resultados...
Ainda na mesma página se percebe a política de apoio às crianças no Algarve e finalmente faz-se luz sobre a discriminação a que são sujeitas as crianças filhas de mães seropositivas por aquelas bandas. Se bem nos lembramos todos o conhecido Refúgio Anboim Ascenção, não aceita estas crianças, pois segundo as palavras do respectivo presidente, Vilas Boas, numa entrevista a este mesmo jornal, há algum tempo atrás, não tem condições para as receber!!!!?????
Segundo o artigo de hoje, estas crianças ficam à guarda de um lar da Santa Casa da Misericórdia, que por "acaso" não recebe um cêntimo de apoio.
Esclarecedor para todos, mas sobretudo para os que teimam em afirmar que não há discriminação em Portugal.

sábado, outubro 02, 2004

Esquerda, Direita

Fui criado com algumas ideias feitas quanto ao que era ser de esquerda, ou de direita. Entre várias outras coisas, enquanto a esquerda se preocupava com os mais desfavorecidos, criando redes estatais de apoio, a direita procurava espicaçá-los para que voltassem o mais depressa possível ao activo, nomeadamente não lohes dando qualquer apoio, a não ser uma caridadezinha cristã. Enquanto a esquerda acreditava que o estado deveria ter um papel, pelo menos, regulador na vida económica e interventivo na área cultural, especialmente na chamada alta cultura (também altamente deficitária), a direita pensava menos estado melhor estado, a não ser na área cultural em que defendia o subsídio ás actividades culturais de que o povo gosta. Por último, havia uma certa ideia de que as sociedades governadas à direita eram mais eficientes e que a própria esquerda era pouco competente nos aspectos mais práticos da governação.

Depois veio um tempo em que nos martelavam na cabeça todos os dias, todos os brilhantes analistas que já não fazia sentido falar em diferenças entre esquerda e direita. Diziam-nos que a economia já não permitia muita criatividade ideológica aos nossos políticoas, e que por isso as únicas diferenças em que fazia sentido falar eram as de estilo.

Hoje em dia, constatamos que faz todo o sentido falar de diferenças entre esquerda e direita. E que mesmo dentro da esquerda faz sentido falar das distinções entre os vários tipos de esquerda. Mais, hoje em dia, as posições que as pessoas tomam face aos grandes temas da actualidade, como o aborto, a guerra do Iraque, os direitos das mulheres, a não discriminação em função da orientação sexual, ou o ambiente, permitem-nos distinguir com enorme facilidade o campo político em que se situam. Assim, se alguém for a favor da guerra do Iraque, contra o aborto e a favor do desenvolvimento de zonas de reserva natural essa pessoa será certamente de direita, sendo que se as suas respostas forem contrárias essa pessoa será uma leftie.

Só há uma clássica distinção entre esquerda e direita que quanto a mim não faz sentido nenhum, pelo menos em Portugal, a de a esquerda ser menos competente que a direita. Uma vez que com os governos de esquerda que tivemos o ano lectivo abria a horas, e com estes nem uma colcocaçãozinha de professores parecem conseguir gerir.

sexta-feira, outubro 01, 2004


Torch Song Trilogy para ver, ou rever e lembrar um tempo em que os lgbt pediam coisas mais simples, como respeito, tolerância, aceitação. O filme tem um elenco de luxo, uma história pioneira e algumas das melhores deixas de sempre: "Try as I may I just can't walk in flats!".  Posted by Hello

Vale a pena ler os Memos do Editor Chefe da Fox TV (canal de extrema direita) John Moody para o seu staff

Este é apenas um exemplo:

From: John MoodyDate: 4/6/2004
The events in Iraq Tuesday are going to be the top story, unless and until something else (or worse) happens. Err on the side of doing too much Iraq rather than not enough. Do not fall into the easy trap of mourning the loss of US lives and asking out loud why are we there? The US is in Iraq to help a country brutalized for 30 years protect the gains made by Operation Iraqi Freedom and set it on the path to democracy. Some people in Iraq don't want that to happen. That is why American GIs are dying. And what we should remind our viewers.

"Fierce" is a good word, but let's find a few synonyms.

Mas é concerteza um exemplo de um Memo que pode acontecer em qualquer dos orgãos do grupo Lusomundo, especialmente no DN, ou no Jornal Independente, ou na nossa RTP. É assim que se faz hoje em dia informação!

Uns EUA pós modernos?

Na última edição da Prospect Ulrike Guérot (presidente do departamento de European Policy do German Marshall Fund em Berlim) junta-se à lista de pensadores que têm vindo a escrever sobre as relações entre a UE e os EUA. Nesse artigo Ulrike aponta alguns factores que considera inultrapassáveis entre os dois antigos parceiros, tais como a forma como os EUA combatem o terrorismo, que é de "esvaziar um lago para apanhar um peixe", ou a forma como os EUA acreditam poder moldar outros países. Sendo que o fulcro da ilusão Americana, de acordo com o autor, está no facto dos EUA acreditarem poder travar o processo de decadência do principio da supremacia do Ocidente sobre o resto do Mundo.

Guérot afirma ainda que a Europa acredita, pelo contrário, num sistema de segurança que põe a tónica na responsabilidade colectiva, em prejuízo dos interesses próprios. E acrescenta que "if power means getting what you want, then Europe is pretty powerful". Guérot continua citando outro autor Jeremy Rifkin, que no seu livro "the European Dream" diz: "The Americam dream is far too centred on personal material advancement and too little concerned with the broader human welfare to be relevant in a world of increasing risk, diversity and interdependence. It is an old dream, immersed, in a frontier mentality...the european dream emphasises sustainable development over unlimited growth..and global cooperation over the unilateral exercise of power."

Outro pensamento interessante relativamente ao qual podemos estar ainda um pouco relutantes é o da questão da não proliferação nuclear, em que Ulrike questiona porque é que a Nuclear Deterrence, que funcionou tão bem durante a Guerra Fria, não pode resultar igualmente eficaz no caso da India e Paquistão, ou de outros actores internacionais como o Irão. Até porque alguns destes regimes têm consciência que, aos olhos dos EUA, ter a Bomba é ter um seguro de sobrevivência, além de se ganhar um lugar à mesa dos mais crescidos a nível global.

Ulrike termina defendendo que "the task of the EU is to spend more on security and become more effective; the task of the US is to join us in the postmodern world".

Eu acrescetaría, ainda, que a Europa não deve esquecer as lições dos Balcãs e o custo terrível da sua não intervenção na época. Um custo que de alguma maneira nos continua a recordar todos os dias algumas das terríveis limitações que a UE ainda tem.

Um facto Curioso

Al Jazeera showed more live coverage of the recent Democratic National Convention than any of the major American commercial networks.

in Prospect, page 47, Setembro 2004

Zapatero no seu melhor

Algumas perguntas da entrevista com José Luís Rodrigues Zapatero, que sai na edição de hoje do Púlico, link acima e que me parecem demonstrar um homem com capacidade de visão, muito além dos horizontes de curto e médio prazo, a que nos habituaram alguns dos nossos políticos. Zapatero é capaz de defender princípios mais elevados de política externa, sem se tornar num antiamericano primário, é capaz de falar do papel do sonho na vida política de forma pragmática e é capaz de levar a cabo rupturas em nome de valores como a Igualdade, ou a Liberdade, sem ser extremista.

Talvez Sócrates encontre algum tempo, nos próximos dias para ler esta entrevista e mergulhar de cabeça no que significa pertencer a uma Esquerda Moderna...

P. - Ainda sobre a recente cimeira tripartida em Madrid. Escreveu-se que quis com ela substituir a imagem da célebre cimeira dos Açores. Crê que, nesta Europa a 25, o eixo franco-alemão continua a ter condições para liderar a UE?
R. - A Espanha tem uma posição muito europeísta e queremos ter uma perspectiva de politica internacional no quadro da UE. Sobre o encontro com a França e a Alemanha,. o que quis dizer é que ele representou uma afirmação da vitalidade e da juventude da "velha Europa". Mas como Presidente do Governo, o meu objectivo é ter boas relações com todos e fazer da Europa um eixo contínuo. O que creio firmemente é que a Europa tem de ter uma voz única e forte no mundo. Isto é o mais importante. Tudo o que seja fortalecer a Política Externa e de Segurança Comum (PESC), uma politica de defesa comum europeia, uma política comum de cooperação, é enormemente importante para a Europa e para o mundo. O meu compromisso com os cidadãos foi que a Espanha estivesse na fotografia da Aliança Contra a Fome e a Pobreza. Estivemos, com a França, com o Chile, com [o Presidente brasileiro] Lula e com o [secretário-geral da ONU] Kofi Annan. E cumpri. Foi esta a foto que eu prometi na campanha eleitoral em alternativa à dos Açores. Tirar a Espanha da foto dos Açores e colocá-la na foto da cimeira da luta contra a fome. O primeiro-ministro Santana também lá esteve.
P. - O seu antecessor Aznar queria fazer da Espanha uma potência de peso mundial, como a França ou a Alemanha. Queria, por exemplo, fazer entrar a Espanha no G-8. Para si isso não é importante?
R. - O que quero é que o meu país seja conhecido no mundo como um país que luta pela paz, um país solidário que contribui para o desenvolvimento dos países mais pobres. P. - Propôs na ONU uma Aliança entre as civilizações ocidental e islâmica. Não era melhor que a Europa se preocupasse mais com a democracia e os direitos humanos nessa parte do mundo, em vez de propor alianças que se arriscam a perpetuar os déspotas?
R. - A ideia é tentar evitar que se erga outro muro. E, no actual contexto histórico, é bastante evidente que o mundo árabe e islâmico e o mundo ocidental têm diferenças que se agravam em consequência do conflito no Médio Oriente e da guerra do Iraque. Creio que é imprescindível reagir a tempo, fazendo com que os povos se conheçam, que as culturas se respeitam, que o diálogo de religiões e de tradições se desenvolva, porque é isso que facilita o desenvolvimento e a modernização necessária à sua transição para regimes políticos de natureza democrático. Que tem de ter o seu ritmo. É preciso entender que os condicionamentos culturais e históricos não permitem implantar de maneira automática os modos de funcionamento das nossas democracias.
P. - Declarou-se um feminista. Porquê?
R. - Sem qualquer dúvida. Creio que o termómetro mais importante para avaliar os avanços de uma sociedade, o avanço da sua cultura, é o lugar ocupado pelas mulheres. Quanto mais mulheres a trabalhar, quanto mais mulheres mandando na política, mandando nas empresas, mais avançado é um país.
P. - Porque é que resolveu abrir uma guerra com a Igreja - que, como em Portugal, tem muito poder - por causa dos casamentos gay?
R. - Na Espanha, as sondagens dizem que mais de 60 por cento das pessoas apoia o matrimónio de pessoas do mesmo sexo. A Igreja não está de acordo, o que é normal. Tenho um grande respeito pela Igreja Católica e pelas outras confissões religiosas, mas tenho a certeza absoluta de que uma sociedade é sobretudo um colectivo civil feito de valores públicos, onde as crenças religiosas não podem impor-se. Democracia acima da verdade. São quatro palavras da [filósofa espanhola] Maria Zembrano que gosto muito de citar. A sociedade espanhola votou um programa eleitoral que incorpora uma reforma da lei do divórcio, o casamento de homossexuais e uma reforma do ensino da religião. As pessoas votaram. O problema da Igreja Católica ou de alguns dos seus bispos não é com o Governo, é com a maioria da sociedade. Estou convencido que esta lei vai obter no Parlamento mais de 60 por cento dos votos dos deputados.
P. - Disse à revista americana "Time" que não queria ficar conhecido como um grande líder. Quer ficar conhecido como?
R. - Como um grande democrata. Preocupam-me muito os líderes políticos que acabam a ler biografias de grandes líderes políticos.


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