O Terrorista Conveniente
Não sei porquê, nem sei se fui injusto, ou irresponsável, mas dei por mim a "dar" desconto às notícias das últimas semanas sobre terroristas e Portugal.
Fui só eu, ou estas notícias são convenientes a uita gente?
De Bag
«Unless I write something, anything, good, indifferent or trashy, every day, I feel ill.» W. H. AUDEN & «Thanking the public, I must decline/ A peep through my window, if folk prefer/ But, please, you, no foot over threshold of mine» House, Robert Browning, 1874
Não sei porquê, nem sei se fui injusto, ou irresponsável, mas dei por mim a "dar" desconto às notícias das últimas semanas sobre terroristas e Portugal.
Terão as recentes palavras (e a sua previsibilidade) do novo Bastonário tido alguma coisa a ver com a contestação que conheceu por parte de algumas das mais sagradas vacas da advocacia nacional?
A propósito da nomeação de Paulo Teixeira Pinto para a liderança da Causa Real (sinto alguma relutância em escrever "presidência" neste contexto), penso se não estará o actual líder da "Casa de Bragança" a dar um valente tiro no pé. É que todos assistimos ao tratamento (e aos seus resultados) que Teixeira Pinto dá a "velhos" privilegiados...
"Tell me and I'll forget;
O Tribunal Europeu acaba de tomar uma decisão em sentido contrário à política do Governo português. Condenou por discriminação o Estado francês por este recusar permitir que uma lésbica, que vivia em união de facto, adoptasse. Foi, sem dúvida, um passo a mais para a Igualdade. Em Portugal o Governo legislou a semana passada de forma a excluir casais homossexuais da possibilidade de se tornarem famílias de acolhimento, o que constituiu, também sem dúvida como se disse por aqui, um passo a menos.
“The constitutions will not be abrogated and the good laws will remain on the statute book; but these liberal forms will merely serve to mask and adorn a profoundly illiberal substance… [W]e may expect to see in the democratic countries a reversal of the process which transformed England into a democracy… All the traditional names, all the hallowed slogans will remain exactly what they were in the good old days. Democracy and freedom will be the theme of every broadcast and editorial -- but democracy and freedom in a strictly Pickwickian sense. Meanwhile the ruling oligarchy and its highly trained elite of soldiers, policemen, thought-manufacturers and mind-manipulators will quietly run the show as they see fit.” (Huxley 1959)
Um país em que se publica uma lei anti tabágica que primeiro não permite o fumo em quase nenhum lugar e depois já o permite, ou em que, num dia, um Ministério do Governo anuncia um pacote de incentivos destinados a auxiliar a fixar as populações no interior e em que, no dia seguinte, outro Ministério do Governo do mesmo Estado anuncia o encerramento de urgências em pequenas cidades só pode ser um país em que a população produza pouco e ande cabisbaixa. Nem as políticas parecem ter princípio, meio e fim, nem os dirigentes parecem saber sempre o que estão a fazer. Vivem eles e aquela pobre população presas num colete de forças construído por sucessivas camadas que se vão justaposicionando de oximoros.
Não perder este ensaio sobre as tensões entre liberais e comunitários (má tradução se calhar para libertarians and communitarians), que, segundo Baggini, substituiram as tensões entre Direita e Esquerda e que podem, inclusivé, persistir entre facções dentro da Esquerda e Direita. Neste ensaio o autor questiona a crença generalizada dos Ingleses, especialmente os das chamadas classes baixa e média, na Igualdade e Liberdade. Alguns Ingleses pensarão mesmo que um terrorista, ou criminoso, ao recusar-se a viver de acordo com as regras gerais estará a abdicar dos seus direitos. Açgo que para "bom" liberal é sacrilégio. Um debate interessante, que o autor podia ter concluido melhor, pois, quando insta os liberais a reverem o seu clausulado, considera, por exemplo, a igualdade entre géneros irrevisível, sem explicar porquê, nem quais mais cláusulas considera irrevisíveis. Tem razão, ao contrário, quando aponta um certo facilitismo prevalente nalgumas elites em relação ao mundo islâmico e algumas das suas facetas mais visíveis lá e cá entre nós.
O Governo excluiu as familias/casais homossexuais da possibilidade de se constituirem como famílias de acolhimento, apesar de não excluir desta equação os casais heterossexuais dessa possibilidade. Ou seja, o Governo dá "menos" um passo no sentido da Igualdade plena de direitos entre todos os cidadãos independentemente dos pendores das suas sexualidades. Este passo a "menos" faz Portugal destoar numa Europa onde a maioria dos Estados já "arrumou" esta situação.
Não sou fumador. Até há poucos anos atrás o fumo dos outros nem sequer me incomodava, ou sequer inspirava segundos, ou terceiros pensamentos. Só quando cheguei a Dublin, uns dias após a entrada em vigor da que era então a mais draconiana legislação anti tabaco da Europa é que me apercebi de como melhorava a qualidade do meu usufruto de bares, restaurantes e cafés a ausência do cheiro a nicotina.
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