feira cabisbaixa
Feira Cabisbaixa esta em que se transformou o país. Uma feira onde parece só se encontrarem trapos velhos, ou roupas com defeito à venda...
«Unless I write something, anything, good, indifferent or trashy, every day, I feel ill.» W. H. AUDEN & «Thanking the public, I must decline/ A peep through my window, if folk prefer/ But, please, you, no foot over threshold of mine» House, Robert Browning, 1874
Feira Cabisbaixa esta em que se transformou o país. Uma feira onde parece só se encontrarem trapos velhos, ou roupas com defeito à venda...
É verdade não pensei nunca dirigir esta invectiva a esta Senhora que viveu os últimos anos com a obssessão do défice, empobrecendo cegamente a torto e a direito, sem critério algum tudo e todos para cumprir um número. Mas hoje faço-o. E faço-o porque num rasgo de lucidez esta Senhora pode ter contribuido para por um travão ao ímpeto Barrosista (tudo indica abençoado por Belém) de despejar em cima de todos nós esse Santana.
A última palavra cabe ao Presidente da República. Hoje alguns milhares de pessoas claramente enviaram um sinal sobre o que é que pensam sobre esta situação politica, criada com a saída do governo para Bruxelas, do primeiro-ministro.
Esta semana é histórica. E não é por Portugal ter chegado aos quartos de final do Euro 2004, mas sim porque esta semana ganhámos A CONSTITUIÇÃO. Somos todos europeus e passámos finalmente a ter um texto fundamental que substitui os outros tratados todos, ganhando-se, assim, coerência, fluidez, além de se conseguir finalmente que a Comissão tenha cada vez maiores poderes em matéria de Direitos Fundamentais. Única forma talvez de conseguirmos que Portugal avance em certas áreas...
Para quem tenha lido a "Swimming Pool Library" só pode ser boa notícia a publicação de "Line of Beauty" de Allan Hollinghurst. Considerado um dos grandes escritores dos anos 80 continua a parecer-me que é a érpoca que ele descreve melhor. Após um "Spell" não tão interessante, "Line of Beauty" parece a sequência lógica para o "Swimming Pool Library" retratando os anos Thatcher desde o seu apogeu até ao inicio da sua queda de um ponto de vista de um hóspede especial de uma familia especial de Notting Hill Gate. Depois há, ainda, a permanente sensação de não pertença por parte do narrador que, por acaso, é gay. E a sua vontade de pertencer, confrontada com a sua impossibilidade em pertencer àquele mundo.
Andar por Lisboa, por estes dias que correm, é algo que me dá um prazer bizarro. Parece-me que estou a flanar por Madrid, Londres, ou Paris. A agitação é semelhante, as nossas praças estão igualmente cheias de turistas sorridentes, aproveitando o bom tempo, filmando ou tirando fotografias às vistas e monumentos. Ouvem-se várias línguas, desde o francês, ao alemão, desde o inglês ao mais exótico checo. E sabe bem. sabe bem que, desta vez, tenhamos sabido receber e bem tanta gente (alguns Britânicos não contam por razões óbvias). Só falta levar esta gente aos museus, mostrar-lhes que a nossa gastronomia vai além da imperial e mostrar-lhes alguns costumes nacionais e esperar que voltem. E que voltem quer percam, quer ganhem.
Já alguém viu o Bekham no Palácio de Buckingham? Ou o Raúl na Zarzuela? A lista podia continuar, caso a minha cultura futebolística fosse mais profunda, que não é. Mas percebe-se que não é normal atribuir à bola o lugar que muita gente em Portugal atribui. E o que admira é que o próprio Presidente com as suas preocupações pela qualidade e seriedade na política se preste a fazer o mesmo com convites constantes para chás em Belém, entre cada passe de bola e agora a ir a Alcochete visitar a selecção nacional da bola, a um lugar chamado Academia (que estes Senhores se levam a sério) para ir prestar vassalagem ao Senhor Scolari e cia. Estava à espera de melhor do Dr. Sampaio. Mais comedimento e maior concentração em áreas bem mais importantes e que não faltam neste país...
O que é o Comércio Justo?
Recebi esta semana, à semelhança de milhões de Portugueses, uma carta do Ministro Arnaut convocando-me para o Euro. Foi uma carta que me fez lembrar um episódio sucedido há algum tempo, quando em casa de um conhecido ele nos recordava aflito que nos deveriamos todos levantar quando os pais dele chegassem para os cumprimentarmos. Também o Ministro quer que todos nos levantemos para dar as boas vindas a esta alarvidade que dá pelo nome de Euro 2004 e agradeçamos humildemente às hordas de bárbaros adeptos da bola que virão de todos os cantos da Europa prontos para se enfrascarem com os baratos vinho e cerveja nacionais, admirarem o nosso sol e conspurcarem as nossas praças, praias e jardins. Tudo por uns trocados. E a malta com a depressão com que anda até pode ser que lhes agradeça!
Saiu já o último livro de Dessai (em Português), autor do magnifico Night Letters, com o título de Corfu. Uma vez mais um trabalho de introspecção raro numa altura em que falta profundidade à maioria da literatura actual. Um homem navega em Corfu numa casa habitada pelas memórias de um outro homem que lá morou. Este é o pretexto para uma viagem com o mesmo estilo de Night Letters oscilando entre a meditação sobre a morte, amor e vida.
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