Ontém, cheguei do Porto já passava das 8 da noite com fome e sem vontade de me atirar aos tachos.
Passei por uma lojinha que vende frango de churrasco e outras coisas semelhantes que está aberta ao domingo e que sabia que tinha mudado de mãos há algumas semanas.
Não hesitei e embora não seja fã destes repastos, decidi-me a resolver a coisa da forma mais fácil, comprar meio frango assado e um saco de batatas fritas Ti-Ti. São iguaizinhas às que se vendiam em pacotes mais pequeninos na praia nos anos 60.
Quando entrei nada tinha mudado na loja, mas o empregado ou dono, sim, era agora um homem dos seus 50 anos em vez da senhora que tinha vindo da Brandoa.
O senhor, fisicamente tão português, quanto os que frequentam a tasca duas portas acima, pareceu-me não perceber o que eu dizia e vice versa. Achei estranho, porque eu não estava assim tão cansada que não conseguisse prestar atenção ao meu interlocutor em coisas tão simples como pedir metade de um frango.
Mas, percebi que afinal o senhor não era português, quando me deu um papelinho escrito à mão e me disse em frases curtas que quando quisesse frango assado, bastava telefonar ao Yuri.
Curiosa como sou, e já que não estava mais ninguêm na loja, meti conversa e perguntei de onde é que o senhor era, de que país.
A resposta foi meio evasiva, Federação Russa.
Devo ter franzido o sobrolho, com ar de quem não estava satisfeita e seguiu-se o resto da informação, da Tchetchénia. Franzi ainda mais a testa, mas rápidamente emendei as rugas e sorri. Mas o homem tem um ar triste e depois de pegar no saco e pagar, voltei e costas e perguntei-me, sem sorrir, o que será que este homem sente aqui nesta terra, neste domingo cinzento, a vender frangos de churrasco. Como é que se chega a este canto, vindo da Tchetchénia? provavelmente, da mesma maneira que se chega da Brandoa.
Para lá