Em relação ao processo iniciado pela Teresa e pela Lena, patrocinado judiciáriamente por Luís Grave Rodrigues, muito se tem escrito nos últimos dias. Algumas pessoas escolhem comentar o caso pelo lado estético das putativas nubentes, ou melhor, por aquilo que consideram ser a falta de estética, quer do facto de duas mulheres estarem juntas, quer, ainda, do tipo de estracto sócio-económico das mesmas. São os argumentos típicos de uma certa intelectualidade que não olha aos argumentos para atingir os fins, veja-se Cavaco e os livros, ou a ausência deles.
Outros preferem comentar o lado burguês da instituição casamento, manifestando a sua estranheza quanto a este "súbito capricho" homossexual que consideram ir conferir novo vigor a um conceito em decadência. O que é, mais ou menos, a mesma coisa que ir dizer a um Sudanês do Darfur que comer hamburgueres do MacDonald's engorda e provoca colesterol.
Outros, ainda, referem-se à história do casamento, acrescentando que como não foi pensado e "desenhado" para uniões de pessoas do mesmo sexo, não seria a forma mais adequada para conferir protecção jurídica a estes casais. Esquecem-se estes opinantes que o casamento também não foi pensado em função da igualdade do género, ou da não procriação, e não consta que as mulheres se queixem, ou que os casais inférteis, ou que tomem a opção de não ter filhos, também o façam.
Toda a gente esquece que o casamento, tal como uma série de outras palavras, originalmente, de foro religioso foi adoptado e nessa adopção transformado pela sociedade. Assim como o Natal passou a ser uma festa de família e amigos, o casamento é hoje, antes de mais, um contrato civil, que, como qualquer outro contrato entre duas pessoas, dá origem a direitos e obrigações. Quem quer que o queira fazer, deve poder fazê-lo. E mais nada.
De Bag