sexta-feira, julho 29, 2005


Eduardo Batarda, Sem Título, 1973

A "política dos manifestos"

inspira-me a mesma confiança dos conselhos nutritivos dos médicos: o azeite, que nos anos 70 era péssimo, nos anos 90 já salva vidas; a sardinha, que nos anos 80 só fazia mal, agora só faz bem. Da mesma forma os Economistas, Financeiros e outros quejandos parecem não se conseguir decidir. Ora vêm defender infraestruturas e investimento público como a única forma de relançar a economia e disparar para outro patamar de desenvolvimento, ora o vêm apontar como o Demónio descido á terra.

Revisibilidade razoavel, ou defesa de outros interesses? Entre uma coisa e outra estará a credibilidade destas profissões.

A crise segue dentro de momentos...

Os portugueses são assim sonhadores, líricos, individualistas e engenhocas. Na última semana têm preferido, não se sabe se para preservarem a sanidade, discutir Soares e Cavaco, ou jogar no Euromilhões. A crise, o défice e etc e tal seguem dentro de momentos.

quinta-feira, julho 28, 2005

É já a seguir, é que é já a seguir"

Continuo desconfiado quanto ao que se estará a passar na Administração Interna. Primeiro a continuação da total ineptitude do combate aos fogos, depois os solavancos no diálogo com as forças de segurança. Depois, ainda, a adjudicação do SIRESP. Agora as águas de bacalhau em que parece ir mergulhar a reformulação dos privilégios dos ocupantes de cargos políticos, a limitação de mandatos e outras medidas pomposamente prometidas não há muito tempo. Será que este governo já perdeu o gás, ou será que: "É já a seguir"?

Devem ser interessantes...

os monólogos que Soares diz estar a levar a cabo, nas suas "conversas" com o país para, alegadamente, decidir se se candidata, ou não...

A Dúvida

A actual situação que se vive relativa às Presidenciais teve já pelo menos uma vantagem, a de nos pôr todos a questionar o que que se deve querer do Presidente no próximo mandato. Após 10 anos de um medíocre Sampaio, que coincidem com um momento de impasse do regime, o qual corresponde a uma altura de desnorte e recessão da sociedade portuguesa, devemos reequacionar o que se pretende do PR. Será que não se deve equacionar mesmo se não é desejável mudar até a Constituição, tentando-se assim "salvar" o regime? E, já agora, não será, ainda, mais imperioso importar políticos novos, em vez de ir buscar os nomes de há dez anos atrás?

quarta-feira, julho 27, 2005

Será que esta decisão não...

...não remete para o chamado "Bloco Central de Negócios"? É que por muito que ela seja a mais indicada, depois de se terem levantado as suspeitas piores, não nos podemos deixar de interrogar quanto às razões que levaram este Governo a manter a decisão do Ministro Daniel Sanches de atribuir a uma empresa onde, curiosamente, ele trabalhava, a adjudicação do contrato de construção do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).

terça-feira, julho 26, 2005

Ler os Outros: "Argumentos errados", por Vital Moreira, no Causa

O Prestígio de Portugal

Seria a isto que aqueles senhores ilustres se referiam quando falavam de levar o nome da nação a todo o mundo, prestigiando-o e promovendo-o? Ou não teriam afinal os portugueses demonstrado, duas semanas antes do facto, uma infinita sabedoria?

Manuel Alegre deve estar neste momento a preparar umas estrofes sobre a "Injustiça Poética".


Um Amor Feliz: Wilde e Bosie, em minha casa, acabam juntos, lado a lado, ou melhor, capa, com capa...

Dois Pontos

  1. Será ideia minha, ou, pela primeira vez, nota-se um certo desespero em alguns apoiantes de Cavaco?
  2. O qual estará já arrependido de não ter definido a sua candidatura mais cedo e, por isso, irá, tudo indica, falar ao país ainda em Setembro.

segunda-feira, julho 25, 2005

A Chuva

Desde sexta-feira que a realidade parece ultrapassar-me inexoravelmente. Primeiro foi a sucessão de bombas, falsas e verdadeiras. Um homem bomba, que afinal não o era, em Londres numa repetição de um ritual macabro que já parece não nos impressionar e uma bomba numa estância de mares calmos e quentes na antiga terra dos Faraós. Esta última com direito a filmagem do momento em que explodiu e da destruição, gloriosamente detalhada, que se lhe seguiu e com um número de mortos a rondar a centena. Do outro lado daquele estreito mar quente, outra terra antiga, aparentemente esquecida da sua antiguidade (como quase todas as terras antigas) continua assolada por bombas diárias, crueis e quase inevitáveis.

Depois, foi o fim de semana presidencial alucinante. Quando Cavaco e Alegre perceberam a iminência do avanço de Soares correram, como não o tinham feito até agora, para, ou clarificarem posições, ou se colocarem numa posição de "pré-partida". Soares, mestre nesta arte, marcou o seu tempo, provocou a acção de um até agora relutante primeiro ministro e de um igualmente até agora esfíngico Cavaco, que tudo aparenta não se deixará amedrontar por este novo velho nome. Soares é o melhor de todos os nomes de esquerda surgidos até agora e apesar dos seus 80 anos, é uma personalidade que soube, por agora, manter-se ao corrente, no meio da corrente e influenciar a corrente. Mas será que estará preparado para a urgente renovação que a dignidade do cargo presidencial reclama para ontem? A sua actuação passada demonstra que sim, mas em 10 anos, o tempo que Cavaco também se "ausentou", muito muda...

Depois, ainda, a presença constante e claustrófobica dos fogos. Para onde quer que nos voltemos, na Televisão, onde os "populares" choram a perda dos seus tractores, casas, culturas, pinhais, na paisagem calcinada, onde se constata vincada nas colinas, gravada nos vales a rota das labaredas, os troncos negros despidos ao sol vê-se o Fogo e não se compreende como é possível haver dinheiro para sucessivos estudos sobre a OTa, ou o TGV e não uns míseros milhões para um, ou vá lá, dois Canadairs. Como é que alguém pode ainda dizer que não se justifica o investimento em meios aéreos de combate a incêndios? Quando irá Costa mudar isto? Ou persistirá ele em continuar a montar a onda do conformismo nesta área?

Por tudo isto, ontem, a meio de uma viagem ao Porto, na A1, apeteceu-me mandar parar o carro e saborear cada gota da chuva que caiu. Chuva que saboreio como o primeiro gelado de Verão, ou o primeiro scone de Inverno, único "elemento" verdadeiramente bem vindo neste país carente.

sexta-feira, julho 22, 2005

Abrir os Cordões à Bolsa

A quem possa ter ainda quaisquer dúvidas sobre o significado da saída de Campos e Cunha, recomendo a leitura das declarações de Mesquita Machado, o ilustre e eterno edil de Braga, reproduzidas hoje no Público, em que este se congratula com a "humanidade" de Teixeira dos Santos, o que trocado por miúdos quer dizer que o novo Ministro perceberá melhor a importância de todos os ávidos autarcas e do drama que estão prestes a enfrentar em Outubro e, como tal, a necessidade imperiosa de abrir os cordões à bolsa...

quinta-feira, julho 21, 2005


E agora Londres?

Ler os outros: "A Escolha", no Portugal dos Pequeninos

...sobre a saída de Campos e Cunha e a opção clara de Sócrates que tal saída significa.


acabou de me chegar este DVD do filme de Visconti que em Português se chama Violência e Paixão e que talvez seja o meu preferido do Velho Mestre Italiano. Burt Lancaster é e faz aqui o que todos os desencantados são e fazem: os seus eus e os seus contrários.

A Primeira Baixa

Sobre a demissão do Ministro Campos e Cunha importa antes de mais fazer uma clarificação: considero que, na maioria dos casos, o lugar de Professores e Académicos é nas Universidades e não na política activa. De facto por muita qualidade científica que Campos e Cunha tenha viu-se, ao longo destes quatro meses, que não soube transmitir ao país o sentido das "suas" medidas, nem sequer coordenar com o Primeiro Ministro as suas sucessivas comunicações que, ou pareciam contradizer a acção do Primeiro Ministro, ou as suas próprias palavras e que eram posteriormente e sistemáticamente postas em causa.

Preocupante, nesta "primeira baixa" governamental, é não ter havido, ainda, um sinal inequívoco de que a política de reequilibrio das contas públicas é para continuar independentemente do titular das Finanças Públicas. E é por essa ausência de sinal que esta "baixa"é preocupante, pelo que ela pode significar de vitória de alguns lobbies, como os da Ota, TGV entre outros investimentos públicos que Campos e Cunha criticava. Não será então que esta "primeira baixa" equivalerá à "baixa" de todo o governo?

quarta-feira, julho 20, 2005

veste como um boémio...

"Veste como um boémio tanto no escritório como nos tempos livres" ou "é um homem com vincados pontos de vista comunistas" escreveram em relatórios alguns dos agentes secretos britânicos que, durante 12 anos, seguiram os passos do escritor George Orwell. in Público
O SIS inglês nos anos 40 do século passado.

Down and Out in Paris and London e homenagem à Catalunha são os meus livros preferidos de Orwell.

Rue du Pot de Ferin no Quartier Latin.

A Inducação Sexual

A propósito das notícias que dão conta de um movimento de Pais no sentido de serem eles a determinar o conteúdo de uma potencial disciplina de educação sexual, interrogo-me para quando estará o aparecimento de um outro movimento que peça um maior controlo parental e maternal sobre o conteúdo da disciplina de Biologia, de forma a, entre outras coisas, se expurgar qualquer referência à Teoria da Evolução das Espécies...

E já agora se os resultados de séculos de educação sexual caseira estão à vista de todos, só podemos ansiar pelo dia em que Biologia, entre outras disciplinas do ensino obrigatório, passem a estar sob a directa supervisão dos "paizinhos e mãezinhas" do país.

O Silly Minister

A notícia ontem e hoje é a entrevista concedida por Freitas do Amaral, o Ministro Comunicativo (aquele que como se lembrarão comunica tão bem com o Expresso os seus sucessos com a Condoleeza, ou com a Santa Sé) ao DN, apontando críticas ao Governo que integra constituem uma quebra de lealdade grave, típica em quem sempre quer estar bem com Deus e o Diabo, em quem quer pertencer, mas ao mesmo tempo, se acha melhor do que o grupo a que diz pertencer.

Caro Senhor Primeiro Ministro, em vez de ter dito que a notícia era normal na chamada Silly Season, deveria ter dito que era normal num Silly Minister...

terça-feira, julho 19, 2005

Só males são reais, só dor existe;
Prazeres só os gera a fantasia;
Em nada, um imaginar, o bem consiste;
anda o mal em cada hora instante e dia.


Se buscarmos o que é, o que devia
Por natureza ser não nos assiste;
Se fiamos num bem, que a mente cria,
Que outro remédio há aí senão ser triste?


Oh! quem tanto pudera, que passasse,
A vida em sonhos só, e nada vira...
Mas, o que se não vê, labor perdido!


Que fora tão ditoso que olvidasse...
Mas nem seu mal com ele então dormira,
Que sempre o mal pior é ter nascido!


(Antero de Quental)


Será mesmo que preferir um Big Mac a um bife de lombo é, como na arte, uma questão de gosto? Ou estará a premissa da pergunta errada?

A Gulbenkian

No dia em que a Administração da Fundação assinala o 50º aniversário da morte de Gulbenkian com uma singela missa (uma vez que até os papeis do Fundador continuam a não ser públicos, pelo que continua a nem haver uma Biografia decente do Senhor) é talvez importante recordar a deselegância com que a mesma administração conduziu o processo de extinção da Companhia de Bailado.

Como inúmeros comentadores já disseram, para mim não é dogmática a existência de uma Companhia de Bailado, desde que se demonstre que se conseguem melhores resultados com outro instrumento, já deveria ser dogmática outra forma de actuação que demonstrasse maior respeito por todos aqueles que têm, ao longo dos anos, dedicado o seu trabalho à Fundação e à Cultura. Claro que a leitura de um comunicado, simultaneamente, aos elementos da Companhia e aos Media não é a forma de fazer as coisas.

Numa Fundação com a História e o "acquis" que esta manifestamente tem há o dever de fazer diferente.

Aqui está a capa do livro de que falei há dias...


Mulçumanos em Portugal, texto de Alexandra Prado Coelho, Fotografias de Daniel Rocha, infelizmente não se econtra nem em nenhuma livraria, nem no site do Público, que o edita...

segunda-feira, julho 18, 2005

Socorro, 6 feet under acaba hoje!!!!!!!!!!!


lá vamos ter de aturar uma repetição gasta de uma qualquer série medíocre, tipo enlatado para encher chouriços de verão.

Ler os outros: Indyologia, n'Os Tempos que Correm

Será possível recuperar o bom das ideias liberais, sem ter que comprar o mau - isto é, honrar a herança europeia da liberdade e do individualismo sem sacralizar a total liberdade económica? Será possível recuperar o bom das ideias socialistas, sem ter que comprar o mau - isto é, ter uma visão materialista histórica e honrar a herança do movimento operário sem subscrever a "revolução"? Será possível recuperar o bom das várias experiências revolucionárias do terceiro-mundo sem fazer o culto das palermices messiânicas - isto é, dizer sim a Mandela e não a Guevara - e ainda mais "não" aos terrorismos mascarados de luta armada? Será possível recuperar o bom dos movimentos de "terceira geração" (feminista, gay, ecologista, multicultural...) sem ter que perpetuar os seus vícios - isto é, ter uma visão plural das identidades situadas sem cair no comunitarismo?geração" (feminista, gay, ecologista, multicultural...) sem ter que perpetuar os seus vícios - isto é, ter uma visão plural das identidades situadas sem cair no comunitarismo? (...)

Portugal's Blues

As nossas forças de segurança, a PSP, a GNR viram-se, à semelhança de quase todos os outros profissionais do funcionalismo público, envolvidos no turbilhão de reformas que o Governo pretende levar a cabo. E, à semelhança de outros grupos profissionais, não demonstraran pingo de dignidade. Primeiro foram para a rua chamar "ladrão" ao Ministro que os tutela, agora, há uns dias, ouvi que ameaçam cortar pontes se o Governo não recuar, ameaça que se assemelha e muito a um golpe de estado.

Compreendo que a estes profissionais tenham de reconhecer algumas especificidades, mas não compreendo porque é que um Polícia, entre os 60 e os 65 anos de idade, não poderá cumprir trabalho administrativo à secretária. Afinal não ouvimos queixas constantes que há Polícias a mais presos em trabalho de secretária? Ponham lá então aqueles que por razão de idade já não devem correr, ou arriscar tanto...

Mas mais grave ainda é o facto de estes senhores sentirem que podem insultar, ameaçar bloqueios sem que nada lhes aconteça, como se o seu estatuto disciplinar fosse equivalente a um rolo de papel higiénico. Isto revela-nos, por um lado, o calibre de quem vigia pela nossa segurança e, por outro, o estado de desprestigio a que chegou o poder do Governo.

Blues, por causa da cor das fardas da PSP, mas também por causa da tristeza de país...

domingo, julho 17, 2005

gostava de comprar este livro, mas...

A Comunidade Muçulmana em Portugal
Texto de Alexandra Prado Coelho, fotografia de Daniel Rocha

O Marcelo apresentou este livro no Domingo passado e eu já o vi nas mãos da autora. Mas, ainda não o consegui comprar, porque não se vende nas livrarias e no dia em que foi distribuído com o Público nem o vislumbrei.
As fotografias são lindissimas e o texto também deve ser muito interessante, já que é escrito pela Alexandra, mas sobre ele ainda não posso dizer nada.
Que raio de política de edições que tem o Público!!!

sábado, julho 16, 2005

Criados no silêncio, no resguardo, na calma,
Lançam-nos então ao mundo, de repente;
Banham-nos cem mil vagas,
Tudo nos interessa, muito nos agrada,
Muito nos desgosta, e de hora a hora
Oscila a alma em leve agitação;
Sentimos e o que tenhamos sentido,
É levado pela corrente
Do colotido turbilhão do mundo.

Goethe

sexta-feira, julho 15, 2005


Giorgio de Chirico

quinta-feira, julho 14, 2005

Concorrência Judicial

Acabo de descobrir outro país em que o curso da Justiça é tão mau como por cá: a Venezuela. Parece que o julgamento do Piloto Português, acusado de tráfico de droga foi adiado já 19 vezes. Os nossos Magistrados e Juízes que se cuidem com a concorrência...

Alguém honestamente acredita na irmã de Cunhal (promovida na actual onda acrítica a uma espécie de Irmã Lúcia das esquerdas) quando ela afirma (em entrevista com a Judite de Sousa, ontem na RTP) que tinha muitos outros assuntos a falar com o irmão e que portanto nunca o tinha pressionado para que escrevesse as suas Memórias?


a da direita é a cadeira que uso para me calçar...

27 crianças mortas

enquanto em Londres a polícia continua a sua operação de limpeza e de apreensão dos culpados dos atentados de 7 de Julho, no Iraque a morte segue o seu curso habitual, sem nem muito alarido, nem muito comentário....

quarta-feira, julho 13, 2005

Regresso ao Futuro?

No hollywoodesco filme "Regresso ao futuro" o protagonista cedo percebe que o passado mais do que estar ligado ao futuro, o determina. Em Portugal estamos agora a descobrir isso mesmo. Mais uma vez o aparentemente incontornável Constâncio, bearer de más notícias, vem comunicar ao país a redução do crescimento económico e explicar que o ano de 2004 marcou uma inversão da política de contenção e austeridade nas contas públicas. Ou seja continuamos a marcar passo.

E que garantias temos de que daqui a 3 anos outro Governador do Banco de Portugal não nos venha dizer a mesma coisa?

Ler os outtros:A category error (Europe without illusions), por Andrew Moravcsik



(ilustração retirada da Prospect)

Só por curiosidade

As regiões mais pobres da França recebem mais fundos estruturais europeus do que as regiões pobres da Polónia (sergundo o Financial Times, de 14 de Junho), informação interessante para todos aqueles que perdem muito tempo a analisar as razões para o "Não" ao Tratado Europeu em França...

terça-feira, julho 12, 2005

Ontém no club

Ontém, depois de ver o episódio do 6 feet under (perdi o fio à meada e não sei porque é que o David anda a ser processado, pois no episódio anterior a minha tv pifou logo no inicio) fiquei a ver o que é que nos oferecia o club dos jornalistas.
Ao fim de 3 minutos desliguei irritada o aparelho, pois logo na primeira intervenção fiquei com vontade de bater no jornalista do Público, o Dâmaso. Ele afirmou que não sabe o que se passou mas foi de certeza uma grave alteração da oprdem pública. Francamente, não saber admitir um erro é de facto muito pouco ético.

No Bicentenário da excursão de Tocqueville

Na mesma Atlantic a não perder as crónicas da viagem que Bernard-Henry Lévy fez, nas pegadas de Tocqueville, pelos EUA. O autor vai procurando, por um lado "explicar" a América, o seu patriotismo, obsessão com a Bandeira, multiculturalismo, partidos políticos e, por outro, dar vazão à sua simpatia por aquele país:

A propósito da sua chegada a Seattle Lévy escreve:

"...I saw, floating like a torch between two motionless clouds, in a dark-pink sky entirely new to me, the tip of a skyscraper, the Space Needle, already completely lit up, which in my imagination suddenly condensed everything that America has always made me dream of: poetry and modernity, precariousness and technical challenge, lightness of form meshed with a babel syndrome, city lights, the haunting quality of darkness, tall trees of steel. Ever since I was little I've so loved saying gratte ciels - skyscrapers."

Is it all in a name?

Segundo a última Atlantic, os nomes que os pais dão aos seus filhos podem ser indicadores de rendimento. Retirado do livro "Freakonomics", de Steven Levitt, o estudo demonstra que os nomes de bébés brancos com maior rendimento são:
nas raparigas:
  1. Alexandra
  2. Lauren
  3. Katherine
  4. Madison
  5. Rachel

nos rapazes:

  1. Benjamin
  2. Samuel
  3. Jonathan
  4. Alexander
  5. Andrew

...e os com menores rendimentos:

nas raparigas:

  1. Amber
  2. Heather
  3. Kayla
  4. Stephanie
  5. Alyssa

nos rapazes:

  1. Cody
  2. Brandon
  3. Anthony
  4. Justin
  5. Robert

Joel Hills


No meio do terror a "cuteness" e profissionalismo de um reporter da Sky News...

Tão preocupante, ou mais ainda, do que os números do desemprego, ou da baixa produtividade nacional são os resultados dos exames nacionais de Matemática que acabam de ser divulgados. 70% dos alunos chumbaram no exame, muito embora a percentagem final dos que ficam pelo caminho seja inferior porque estes exames só contam 25% para o cálculo da nota final (quase apetece perguntar porque se fazem então?).

É preocupante porque a Matemática (como eu aprendi tarde demais) é linguagem base da vida, da lógica e do raciocínio, com a mesma relevância para o nosso quotidiano que a língua que falamos. Típico aluno de Humanidades que fui não liguei muita importância à Matemática na altura e até fiquei aliviado quando, no 10º ano, fiquei sem ela por companheira.

Espero que os actuais resultados destes exames induzam mais do que reflexão acção e urgente.

segunda-feira, julho 11, 2005

Perturbada

A propósito de um post anterior entitulado "Perturbador", aconselho a leitura da entrevista a Jeffrey Sachs, saída na Pública de Domingo. Porque, segundo o entrevistado.

1 - Os EUA dão apenas 15 cêntimos por cada 100 dólares do PNB - o valor mais baixo entre todos os países ricos.
2 - Os países ricos prometeram aplicar 0,7% dos respectivos produtos internos brutos em ajuda externa. A promessa feita em 2002, não foi cumprida por mais de cinco países, Suécia, Noruega, Dinamarca, Holanda e Luxemburgo.
3 - 3 milhões de crianças morrem por ano devido a malária, uma doença que é 100% curável e largamente evitável.
4 - A África não é um país, é um continente, constituído por várias dezenas de países (49 abaixo do Sahara) e muitos são democracias abertas, multipartidárias e bem governadas.
Etc, etc, etc.
Portanto, não há desculpas!!!!



Há 10 anos a Europa percebeu que se não alargasse as suas fronteiras teria de enfrentar barbáries iguais, ou piores do que as da II Grande Guerra no seu seio.

10 anos volvidos sobre um massacre exemplar de cerca de 8 Mil pessoas creio que se é verdade que a Comissão e outras instituições supranacionais compreenderão melhor o alcance de algumas das suas limitações e deficiências, também não é menos verdade que a Paz nos Balcãs é uma construção frágil em que tijolos muito diferentes se encontram ligados pela efémera argamassa das forças internacionais.

Estará, pois, a lição de Srebrenica verdadeiramente aprendida?

O Pasto

A tragédia anual, auto-infligida e, aparentemente, inevitável dos fogos continua, como se diz em inglês, em full swing. Esta era uma das primeiras e principais apostas que o Super Ministério de Costa teria de ganhar, algo que notoriamente não está a acontecer.

As matas continuam por limpar não só porque as autoridades não o obrigam, também porque os seus proprietários estão á espera que outros o façam. Os meios, os célebres meios continuam inexistentes e que ninguém diga que já não se justificaria o investimento em helicópteros, ou aviões.

O país é, pois, pasto apetecível para todos os fogos, os naturais e, especialmente, os criminosos.

Perturbador

dei por mim, na semana passada, a concordar com Bush. é que acho que não faz muito sentido continuar a despejar dinheiro em cooperação com África, enquanto África não mudar...

domingo, julho 10, 2005

O Expresso, ou o "Fiel Retrato do País"

Nestes dias compro o Expresso como se fosse à Missa (à qual também não vou), com o espírito de quem cumpre uma obrigação, com o receio de que caso não o compre não perceberei o país ao longo da próxima semana, mas, ao mesmo tempo, contrariado por depositar aqueles 4 Euros nas mãos do Espada, Saraiva & Cia.

Este sentido da inevitabilidade da leitura do Expresso tenho-o porque sei, todos sabemos, o quão bem o Expresso reflecte o pior da sofisticação nacional. Um jornal cujo Director, simultaneamente romancista (com publicidade gratuita em todos os meios do grupo de cada vez que sai uma nova obra prima sua), cujas ideias fortes vão desde defender a mudança da capital para o Distrito de Castelo Branco, à convicção, dir-se-ia profunda, de que irá ganhar um Nobel de Literatura e que se vê a si próprio como o arauto da “decência” em Portugal, defensor dos valores tradicionais da sociedade portuguesa e do mesmo tipo de modernismo e mudança por que ansiava na altura da sua fundação, no tempo de Caetano não pode senão ser o retrato fiel do melhor do que há de “sofisticado” no português.

Ler o Expresso, nos tempos que correm, é uma obrigação que só se “meio cumpre”. Ou seja, lê-se o Expresso como se liam as sebentas de História do Direito do Professor Martim de Albuquerque, saltando parágrafos à procura das conclusões, num misto constante de desapontamento, frustração e pressa. É nesse espírito que passo a correr o Espada, o Pereira Coutinho (seu clone no resultado, só não no percurso), o Madrinha, o Monteiro e, especialmente, aqueles que escrevem aqueles artigos de página inteira, com continuações, sobre o estado de alguma coisa em Portugal, que eu aposto só são lidos pelos próprios (na altura da revisão do texto) e pelos seus herdeiros legitimários.

Como o melhor hipócrita nacional, dotado dos melhores hábitos moralistas cá do lindo rectângulo, o Expresso acha que pode, na mesma página (por acaso, por vezes, a primeira) passar a imagem de que se atira esfomeado aos poderes de alguns poderosos e, depois, publicar pérolas como a que temperatura é que uma cerveja nacional irá passar a ser servida, as quais não são mais do que o velho e bem enraizado hábito entre nós do fazer o jeitinho ao amigo em apuros.

Mas o Expresso é assim oscilante, complexo e contraditório, uma verdadeira manta de remendos que nós, ou muitos de nós, nos orgulhamos em alarvemente consumir.

sexta-feira, julho 08, 2005




Começa bem este livro de Memórias de Zweig:

"Nunca atribuí tanta importância à minha pessoa que me sentisse inclinado a contar aos outros a história da minha vida. Muito mais teve de acontecer, infinitamente muito mais do que aquilo que geralmente cabe a uma geração - ocorrências, catástrofes e provações - até eu ganhar coragem de iniciar um livro que tem como personagem principal, ou melhor, como tema central, o meu próprio eu. (...)

O meu pai, o meu avô, que viram eles? Cada um viveu uma vida uniforme. Uma única vida, do princípio ao fim, sem subidas, sem quedas..."

Zweig vive toda a sua vida na vertigem da constante mudança e perda. Mudança sempre para pior e dupla perda: a primeira relacionada com o desenraizamentode, a segunda, que ele não aceita, em 1942, a de um Mundo sem Liberdade.

A Sónia Fertuzinhos

Parece que a famosa audácia da Sónia se esvai assim que o tema da Igualdade entra em terrenos ligeiramente movediços.... (ver entrevista de hoje no Público)

Confrangedora

...é a forma como tudo o que é, ligeiramente conhecido, ou não, General, Coronel, Brigadeiro, ou Professor, com experiência de Guerra, ou de Net, aparece nestas alturas a perorar sobre o Terrorismo, essa realidade que graças aos excelentes serviços secretos nacionais, ou às suas experiências na Guiné, há 40 anos, ou, por último, às suas pesquisas na Internet eles conhecem melhor que ninguém.

A Capa da última edição do Economist



Londres e o nosso "way of life" estão "under attack".

quinta-feira, julho 07, 2005

Londres 7/7/2005

Aconteceu aquilo que todos temiam, previam e, de certa forma, até esperavam: um ataque terrorista em Londres. Desde o ataque em Madrid, há um ano atrás, essa inevitabilidade paira sobre todas as grandes cidades europeias e, especialmente, sobre os seus lotados sistemas de transportes. À semelhança de Madrid, os alvos foram cidadãos comuns e não bases militares, ou sedes de Governo. Mas não será esta uma das principais características do terrorismo? A preocupação em obter um número máximo de vítimas civis e, com isso, semear Terror?

Nestes momentos as memórias dos locais atingidos surgem poderosas e irresistíveis. Aqueles locais não são só dos que por lá passam todos os dias, mas de todos os que já lá passaram.

O percurso das bombas, humanas, ou não, ainda não se sabe, assemelha-se de forma quase macabra aos meus percursos em Londres. O começo do dia em Liverpool Street, ou então um almoço rápido, na estação central da City Londrina, mastigando uma qualquer comida de plástico ao mesmo tempo que inspeccionava uma das três livrarias da estação, ou, em melhores dias, todas as três. Recuando mais alguns anos, Liverpool Street Station foi o palco dos episódios iniciais de um namoro, o primeiro, entre fatias de bolo de cenoura e declarações de amor e desejo com commuters furiosos com os atrasos sucessivos dos seus comboios e, obviamente, sem tempo para namorar.

Em Russel Square estudei e deambulei. Estudei num edifício assustador, que no filme 1984 foi utilizado como sede de Governo e que para mim se transformava todos os dias numa biblioteca como não conheci outra. Um local de leitura, de reflexão para alguns trabalhos mais complexos a dois passos de mais Universidades, do Museu Britânico e só a 20 minutos a pé, ou 5 de autocarro do Soho e de tudo aquilo que o Soho finge ter para oferecer.

Ao lado de King’s Cross experimentei, numa altura de incerteza, um grupo de ajuda. Por isso lembro-me de passar naquela estação primeiro expectante, depois satisfeito com a experiência, a qual embora tenha considerado não ser para mim, foi positiva por lá ter feito dois amigos, com os quais, ainda hoje, me mantenho em contacto.

Felizmente a “Rota do Terror” não passou pelas livrarias de Charing Cross, ou pelos espaços abertos do South Bank, ou pelos apertados passeios de Portobello Road, ou as largas avenidas ladeadas por bem artilhadas montras de Knightsbridge, ou muitos outros locais. No entanto foi a confirmação para todos que o que aconteceu hoje pode voltar a ocorrer a qualquer momento (é impossível revistar todos os passageiros um a um). Mas também não terá sido a confirmação de que a “Guerra contra o Terror” não estará a ser bem conduzida?

quarta-feira, julho 06, 2005

2012 em Londres

E pronto é oficial ir a Londres vai ser, ainda mais, proibitivo nos próximos anos até chegarmos ao ano de 2012 e aos Jogos Olímpicos. Os péssimos transportes já exorbitantemente caros irão concerteza aumentar mais. As casas, por muito que sejam do tamanho de uma caixa de sapatos, num bairro degradado a duas horas do centro continuarão a custar mais que um palácio na Lapa com vista para o Tejo.

Por estas mesmas razões fiquei satisfeito que Paris tenha perdido, porque se torna mais provável que nos percamos mais facilmente por lá que do outro lado da Mancha...

É triste verificar que a cruzada que Marques Mendes tem feito com base em, por acaso bons, princípios, termine onde a terra acaba e não se estenda à Madeira e ao seu inenarrável líder.

Que teme Mendes?

A Entrevista

Ontem, no essencial, o Primeiro-Ministro esteve bem na sua entrevista. Demonstrou ter conhecimentos profundos sobre a maioria dos dossiers, argumentos convincentes em relação às medidas menos populares e mesmo em relação àquelas com as quais estou em desacordo. Chegou mesmo a fazer uma "demi" contrição, quando disse, e bem, que se arrependia de não ter sido mais "expressivo" quando afirmou aos Portugueses que não aumentaria os impostos caso o défice fosse semelhante às previsões apontadas pelo Banco de Portugal. Foi firme, convicto e até persuasivo. Já tinha tido era tempo de mudar um pouco o estilo "Por Amor de Deus", ou a atitude "irritadiça" passados que estão mais de três meses da sua vitória eleitoral.

terça-feira, julho 05, 2005

Aqui o que pareceria era

E é por isso mesmo que Sampaio fez bem em segurar a vontade do Governo em substituir o Procurador Geral da Républica, um péssimo Procurador por sinal...porque todos diriam que ele estaria a ser mandado embora por pressões do PS e não pela forma nada digna e, ainda, menos profissional como conduziu o processo Casa Pia.

A Suprema Utilidade Pública

Passou despercebida uma das últimas decisões do Supremo Tribunal dos EUA, a qual estende o conceito de "utilidade pública" muito para além do que tem sido o entendimento habitual. Assim, numa decisão histórica, os Juízes entenderam que o projecto de construção de um Hotel justificava a expropriação de uma série de casas que dificultavam o projecto, o qual, como significará um aumento das receitas fiscais e de emprego, tem um utilidade pública.

Não só esta decisão traduz uma subserviência extrema face ao chamado "mundo dos negócios", mas consubstancia uma violação grosseira de um Direito Fundamental, sem que tal apareça sequer justificado...é assim o conservadorismo liberal à la americaine.

Para um serão divertido

Ofelia, Magda, Reyes, Elena e Nuria são mães de varões lindos, são todas modernas e todas circulam pelas avenidas, pelos parques e apartamentos mais elegantes de Madrid. Todavia, ignoram que o destino lhes reservou uma surpresa fantástica: os seus filhos estão prestes a contrair matrimónio na primeira boda gay da história de Espanha.

Pelo menos para já parece ter ficado adiada a construção da Ota. E isso é uma boa notícia. Para quem viaja não há luxo maior do que poder chegar ao aeroporto em menos de 15 minutos. Também para um estrangeiro que nos visite o tempo de viagem entre o terminal e o centro da cidade é muito importante. Depois todos os estudos que reclamam o entupimento da Portela cheiram-me a esturro.

Ao contrário, fico triste com o adiamento da chegada do TGV, um projecto que n0s ligaria a todos melhor e à Europa também.

Fico, ainda, a aguardar o anúncio dos investimentos em informação e tecnologia, porque não é só de betão que se faz o desenvolvimento e a competitividade da economia.

Adenda: Afinal parece que me enganei, o aeroporto na Ota vai avançar, outros valores mais altos se terão levantado...

segunda-feira, julho 04, 2005

A Madeira é uma Nação!

Afinal a Madeira, segundo o seu incontestado líder, parece ser uma região só de emigrantes e, nunca, de imigrantes.

E será que Sampaio poderá mesmo continuar a assobiar para o lado enquanto aquele Senhor continua a dizer disparates e, neste caso, a apelar directamente à intolerância?!?

Ainda não tinha aumentado o IVA (um erro deste Governo) e já eu tinha reparado no supermecado mais próximo o, cada vez maior, número de pessoas que, chegando à caixa e ao momento de pagar, se vêm obrigadas a devolver alguns artigos por nao terem dinheiro suficiente para pagar.

Nós, espectadores, ficamos divididos entre a vontade de pagar e o desejo de não "humilhar" ninguém. Entretanto a pobreza aumenta, mesmo onde ela não é evidente.

sexta-feira, julho 01, 2005

Da Credibilidade

Para que possamos acreditar na "bondade" do pacote de austeridade que o Governo agora nos propõe, seria importante que as mesmas não tivessem erros, ou imprecisões, ou,ainda, que não se baseassem em "Relatórios" com erros de cálculo. Tudo isto faz-nos perder fé nestes Senhores e,mais importante que isso, afecta a sua credibilidade actual e futura para o muito mais que terão que fazer.

Isto num dia em que o Governo anuncia, com toda a credibilidade, que vai, até 2008 (se não estou em erro), acabar com os baldes higiénicos (substituindo-os com casas de banho) nas cadeias nacionais, um dos redutos, a par com as esquadras, alguns hospitais, entre outros estabelecimentos públicos, que permancem do chamado "país real", ou seja daquele país mais próximo da realidade retratada no "Expresso da Meia-Noite".


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