domingo, agosto 29, 2004

Histórias de S. Francisco


Escada existente em S.Francisco, Macondray Lane.
Macondray is a uniquely San Franciscian "street" that can only be tread by foot. It is two blocks long and ends at the wooden Macondray Lane Stairs located at 1801 Taylor Street.


A senhoria.



Em 1976 apareceu sob a forma de folhetim no S. Francisco Chronicle, seguiu-se a publicação de 6 romances e posteriormente transformou-se em série de televisão, que nunca chegou a Portugal.
As aventuras e desventuras dos habitantes de Barbary lane, nº 28.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Quem somos? (III)

Do outro lado do Atlântico esta discussão tem se mantido acesa nos últimos tempos também graças ao "The Hispanic Challenge" de Samuel Huntington. Nesse trabalho Huntington considera que o fluxo constante de imigração hispânica para os EUA põe em risco a identidade nacional de natureza anglo-protestante dos Estados Unidos. E recorda que no passado outras vagas imigratórias foram zelosamente absorvidas por sessões propagandísticas de americanização (o autor menciona mesmo alguns exemplos de sessões levadas a cabo por Henry Ford e outros, em que os seus trabalhadores Italianos, Alemães, Greg0s e de outras nacionalidades faziam pageants vestidos como Americanos) e, também, por ser mais dificil a manutenção da ligação ao país de origem, algo bastante facilitado, hoje em dia, pelos avanços tecnológicos (baixo custo das telecomunicações e internet).

Huntington alega que ao escrever sobre este tema como scholar sente, frequentemente, conflitos relativamente ao seu lado patriota. Enquanto académico a sua busca da verdade leva-o a especular sobre diferenças raciais e sentimentos patriotas, relacionados com a performance económica, o que, por sua vez, pode alienar alguns grupos de leitores, nomeadamente os Americanos de origem Africana.

Neste trabalho nota-se, ainda, um certo receio, temperado por algum sentimento de culpa, quanto aos Estados Americanos que até a meio do Século XIX pertenciam ao México. O autor aponta o perigo de secessão nos EUA, a primeira vez desde a tentativa de separação dos Sulistas esclavagistas, uma vez que a grande parte da comunidade hispânica se concentra em regiões como o Texas, ou o Novo México e Califórnia. Mas esta observação talvez provenha de alguma má consciência Americana devido a uma expansão nunca muito bem justificada e à custa dos seus vizinhos a Sul.

Quanto a esta questão do quem somos aplicada aos EUA, continuo a inclinar-me mais para as observações de Todd, no seu livro Após o Império, em que o autor analiza aquilo que considera a queda do Império Americano (a outra previsão feita pelo autor foi, nos anos 80, a queda do Regime Soviético). E aí Todd fala, sem rodeios, do racismo prevalente na sociedade americana, da sua enorme dificuldade em aceitar, assimilar e integrar outros, especialmente quando esses são muito diferentes. Ou seja, não foi dificil integrar os imigrantes Alemães, ou Escandinavos, que foram os primeiros a chegar, mas tem-se revelado impossível a integração dos de origem Africana que chegaram logo a seguir. Foi dificil a integração dos imigrantes Irlandeses e Italianos, mas apesar de tudo, aos olhos dos Wasps, eles ainda eram brancos e provemientes de nações de uma matriz semelhante à deles. Agora com os Hispânicos, a aventura está a começar.

Contrariamente a Huntington considero que a força da América está na sua liberdade e no espaço que dá ao individuo para se realizar, com poucas, ou nenhumas interferências estatais. Tal permite a libertação de uma força criativa que se renova a cada geração e a cada nova vaga migratória. Tem sido assim até agora. Acredito que continuará a sê-lo. Até porque é precisamente essa a visão que também atrai os emigrantes Hispânicos: uma sociedade livre.

Ghandi na Palestina

Enquanto alguns milhares de prisioneiros Palestinianos fazem greve de fome, face á relativa indiferença mundial chega à Palestina o neto de Ghandi. Primeiro a greve de fome. A motivação aparente destes presos é o de conseguirem uma melhoria das condições e que se encontram detidos, ou melhor, como se diz em gíria prisional, mais privilégios. Coisas básicas como poderem contactar com as familias, quer por telefone, quer recebendo visitas (algo que muitos não podem, havendo alguns que não vêm as familias há anos). A autoridade Israelita já disse que não deixará nenhum morrer à fome. Afirmando que, se necessário, recorrerá à alimentação à força, algo que dizem ter sido empregue pelas autoridades Britânicas em relação aos presos ligados ao IRA. Pena é que não façam essas comparações quando se trata de destruir casas e hortas, expropriar propriedades, bombardear áreas residenciais e assassinar Palestinianos, métodos nunca empregues pelos Britânicos na Irlanda do Norte.

Noutra nota, soubemos que chegou esta semana à Palestina o neto de Ghandi, Arun. Segundo o próprio vai em missão ecunémica de converter a resistência Palestiniana aos métodos pacifistas. Caso os líderes Palestinianos o oiçam, acredito, poder tratar-se da melhor notícia a chegar-nos, em muitos anos, daquela região do globo. Uma vez que os métodos de resistência pacíficos irão de uma cajadada só agregar os cidadãos Israelitas descontentes com a actuação do seu próprio Estado e que, até agora, têm tido a sua voz diminuída graças à barbárie de alguns dos ataques Palestinianos (sobre civis) e o resto do mundo, que vai deixar de poder continuar a olhar para este conflito como uma inevitabilidade, já que os Palestinianos "não conseguem aceitar e conviver pacificamente com os Israelitas, pelo que estes têm de se defender"...

quinta-feira, agosto 26, 2004

Quem é Varges Gomes?

Hoje o Público revela na primeira página que o Juíz Desembargador responsável pelo acordão da Relação que vai decidir o recurso apresentado pelo Ministério Público a propósito da decisão de não constituir Paulo Pedroso como arguido, Varges Gomes é militante do PS, tendo inclusivé estado ligado à fundação de triste memória do Vara. A notícia por si só não diz mais nada. A perversidade da noticia está aí mesmo, naquilo que ela não diz, mas cria como suspeição, ao insinuar que estando o Juíz ligado ao PS, a única boa decisão é a de constituir Pedroso como arguido. Qualquer outra decisão, ainda que acertada de um ponto de vista jurídico, irá ser apontada como politicamente motivada.

Mas, ainda que considerássemos esta suspeição levantada pelo Público como legitima, não deveriamos então ir analizar as declarações de todos os intervenientes no processo sobre práticas sexuais, de forma a aferir da sua capacidade de isenção. E já agora, ir vasculhar as listas de militantes dos partidos, para verificarmos se há mais algum magistrado do PS, ou PPD, ou de qualquer outro partido. Ou, então em última análise, não se deveria, à semelhança do que se fez para os militares, limitar os direitos políticos dos magistrados? Ainda, que no fundo, as suas simpatias pessoais e políticas persistirão, mesmo que não estejam inscritos em algum partido.

Por isso, não será mais seguro aferir o trabalho dos magistrados pelos seus desempenhos? Perceber se as suas decisões estão correctas face à lei, ou não. E perceber se a Lei está correcta, ou não (esta última questão, espera-se que não seja colocada face a casos em concreto, mas sim de forma abstracta).

Enquanto isto não é feito, temos a passagem de uma caravana judicial desengonçada, lenta, poluente. Em que os condutores não aparentam querer seguir os melhores traçados e, por vezes, parecem estar mais de olho nos espectadores do que no caminho...


Quem somos? (II) "How many times, since I left Lebanon in 1976 to live in France, have people asked me, with the best intentions in the world, whether I felt "more French" or "more Lebanese"? And I always give the same answer: "Both!" I say that not in the interests of fairness or balance, but because any other answer would be a lie. What makes me myself rather than anyone else is the very fact that I am poised between two countries, two or three languages and several cultural traditions. It is precisely this that defines my identity. Would I exist more authentically if I cut off a part of myself?" - Amin Maalouf, "On Identity"  Posted by Hello

Com agradecimentos ao Portugal dos Pequeninos

VALE A PENA?
1. Lentamente talvez o Dr. Félix comece a entender o género de pessoas com quem está metido. Refiro-me a colegas seus de governo que, nada satisfeitos com as viaturas "topo de gama" que têm ao seu dispôr a expensas do OE, entendem que o Estado deve adquirir mais 50 para os gabinetes deles. Segundo percebi, o homem do Tesouro está a resistir a esta alarvidade como pode. Veremos entretanto se se aguenta até ao fim. Cada governo tem a retoma que merece. Este fica-se pela retoma de automóveis. Sempre diz bem com o seu estilo parvenu.
2. Outra "tirada" do governo apareceu pela voz do ministro adjunto de Santana Lopes, o brilhante Henrique Chaves. A propósito de uma deslocação a Braga para reunir com os "seus" secretários de Estado, ali exilados, disse que "não sentia nenhuma diferença entre reunir com eles em Lisboa ou em Braga". Ele e isto foram "notícia", palavra de honra. Terá sido a estreia da "central de informação"?
3. Finalmente o próprio primeiro-ministro também foi notícia. Ausentou-se três dias para as Ilhas Baleares, de férias. E antes deu uma entrevista à Visão. Diz que ficou a viver em São Bento para "ter mais tempo para trabalhar". Palavra de honra.
4. Volto a perguntar-lhe, preclaro leitor: a sério, ainda acredita que vale a pena?

quarta-feira, agosto 25, 2004


Quem somos nós? (I) A vitória de Francis Obikwelu esta semana nos Jogos Olimpicos trouxe de novo à ribalta a questão de quem somos. O que nos faz Portugueses diferentes dos Espanhóis, ou de outros povos. Será que a identidade nacional de um povo radica de um núcleo étnico e que muitos dos símbolos, mitos e memórias de um país têm antecedentes étnicos? Ou será, ao contrário, que nos definimos com base em princípios políticos e ideológicos? Será que a primeira pergunta representa o passado, tipicamente europeu e, a segunda, o futuro global? Se respondermos positivamente à primeira pergunta não podemos ficar satisfeitos com a vitória de Obikwelu, nem a sentir como nossa. Se, pelo contrário, entendermos que Obikwelu, ao vir para Portugal, escolheu fazê-lo em função de um conjunto de ideais de convivência democrática, tipicos do mundo ocidental, então poderemos chamar à sua vitória, a nossa vitória. E, no entanto, em que é que esses ideais de convivência são distintos de outros países comunitários? E será que a nossa identidade não reside, cada vez mais unicamente, na língua e no nosso crónico atraso face aos nossos parceiros europeus? Posted by Hello

Revista Cânhamo


Finalmente chegou às bancas esta revista lúcida sobre a cultura canábica. Realço neste 2º número as entrevistas com Luís Fernandes e A. Luxúria Canibal. A não perder!

terça-feira, agosto 24, 2004


Foto retirada d'O Jumento (link ao lado) Posted by Hello

The preservation of the self-evident truths

"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness."

Thomas Jefferson (1743–1826)


The Love Boat

Fiquei a saber ontem que Portugal se prepara para receber o barco das Women on Waves (mais informação no link acima). Trata-se de uma acção tornada imperiosa graças ao atraso nacional na matéria de Direitos das Mulheres sobre os seus próprios corpos. Aparentemente só a Irlanda e a Polónia nos fazem companhia nesta obssessão persecutória e preconceituosa de condenar e criminalizar a interrupção voluntária da gravidez. Algo que os chamados adeptos "pró-vida" (só não se percebe muito bem a que vida se referem...) julgam que as mulheres fazem de ânimo leve, como quem troca de camisa.

A partir de 23 de Agosto para as mulheres que precisem passa a haver mar e mar e a haver ir e voltar.

segunda-feira, agosto 23, 2004

"Beam me up, Scotty"

Ainda não é desta, que o tão esperado meio de transporte se torna realidade.
"A razão é muito simples: o corpo humano contém demasiada informação para ser separada e reconstruída."
Nalguns casos a (des)informação é mesmo demasiada e depois de passar pelo processo de separação e de reconstrução, nunca se sabe se o lixo seria ou não deixado de fora. Queremos teletransporte de qualidade!


João Pereira Coutinho mandou um recado aos Homossexuais portugueses: se se portassem bem já teriam, se não os mesmos, pelo menos muitos mais direitos que têm agora. Mas para isso acontecer têm de deixar de dar quecas em Fátima. Ora o que JPC não sabe é que dar quecas em Fátima é assim uma espécie de peregrinação que todos os homossexuais nacionais têm de cumprir. À semelhança da ida dos mulçumanos a Meca, os gays e lésbicas portugueses não estão completos sem aquele "desviozito" nas traseiras do santuário. Por isso parece que os Homossexuais portugueses nunca terão quaisquer direitos enquanto tal. Já agora completamos aquilo que o JPC tem vindo a elencar como outras causas para a exclusão dos homossexuais: a participação em marchas de orgulho, ou reivindicação; o convívio em arraiais; a organização em associações; e o António Serzedelo. Afinal de contas, parece tudo muito simples. Bastará porventura aos homossexuais voltarem a sê-lo na privacidade dos seus armários, para o JPC e outros bondosos imediatamente apelarem à concessão de alguns direitos. Que bom, parece simples. Mãos à obra? Posted by Hello

O Novo Lápis Azul, ou a Censura Renovada

Ao longo da última semana acompanhámos todos as notícias sobre a demissão da Editora de Política Nacional do Diário de Notícias. E pudemos constatar, mais uma vez, a existência de alinhamentos político-partidários nos media, por vezes, de acordo com a lógica de grupos económicos a que pertencem. A história é a seguinte, alguém terá tido o trabalho de ir desenterrar umas declarações feitas por Álvaro Barreto há muitos anos atrás a propósito do actual Primeiro Ministro. Nessas mesmas declarações, como é óbvio, Barreto desfaz o Senhor Lopes sem cerimónias, afinal de contas viviamos ainda sob Cavaco e o Lopes nãp era própriamente o seu favorito...

O ressuscitar dessas declarações é algo que é normal e até esperável. Se alguma coisa peca só por tardio, uma vez que esse trabalho deveria ter sido feito logo na altura da revelação dos nomes do elenco do Governo. E seria assim que seria feito em qualquer outra parte do mundo.
No entanto não o entendeu assim a Direcção daquele vetusto jornal, que escudando-se em razões subjectivas, como a qualidade da peça, optou por publicar ao invés uma peça sobre os desentendimentos entre os vários candidatos do PS à sucessão de Ferro.

Este caso faz-nos ver muito claramente que a chamada política editorial de um jornal há muito que já foi mais longe que questões de estilo, ou de puritanismo na sua definição. Sob uma máscara de suposta isenção e imparcialidade os jornalistas fazem, no fundo a pior política sem estarem sujeitos sequer ao eleitorado. Ao escolherem, por critérios de conveniência, as peças a ser publicadas tornam-se nos piores "Their Masters' Voices".

Por último este caso faz-nos, ainda, ansiar por um tempo passado de regras mais claras, tempo esse, em que a censura institucionalizada nos permitia perceber que naquele espaço faltava um texto, uma informação, uma inconveniência. Ao contrário de agora, em que estamos convencidos que vivemos com liberdade de informação e que não desconfiamos que há uns senhores sentados nas redações dos jornais a decidirem sobre o que é conveniente que saibamos.

Pergunto-me, não seria melhor mudar o código deontológico dos jornalistas, retirando o dever de isenção e de imparcialidade e deixando enrão cair essa máscara, passando os media a assumirem em pleno que prestam uma informação preconceituosa, parcial e completamente subjectiva?

De rir à gargalhada!

sábado, agosto 21, 2004

Heinrich Marx, ou a tentação do guetto

"Once the Uranian nature of an individual has been certified, the individual should be officially registered as an Urning under a special name and should dress adcordingly.
In the interests of morality, it would be advisable for the Urning, in nocturnal roaming of streets and public places in the town of residence, to refrain from visiting taverns unaccompanied and especially to behave in a decent and modest fashion beffiting his womanly role"

Heirich Marx, Urningsliebe (1875)

Urnanian: Love directed towards a man must be feminine thus the use of the Latin phrase anima muliebris virili corpore inclusa (a female soul trapped in a male body), and the coining of the term 'Urning' (Uranian) for such a person. This is a reference to Plato's Symposium in which Pausanias postulates two gods of love, the Uranian (Heavenly) Eros who governs principled male love, whereas the Pandernian (Vulgar) Eros governs heterosexual or purely licentious relations. Károly Mária Kertbeny later invented alternative words such as Homosexualität.

sexta-feira, agosto 20, 2004

Música divertida

Scissor sisters
Estiveram em Paredes de Coura e apesar da chuva e da lama, animaram e bem o resistente público presente. Hello, hello and take your mama out all night fizeram parte do concerto diluviano da segunda noite do festival. Basta clicar e aceder ao site das manas para ouvir um bocadinho da sua música.

quinta-feira, agosto 19, 2004


Que pena os Jogos Olímpicos não se terem ficado pelo terceiro dia de provas. Altura em que Portugal ocupava, ainda, um honroso 12º lugar no ranking dos participantes e medalhas ganhas...Em que lugar estaremos nós agora? Posted by Hello

Mais do mesmo

Temos vindo a ser bombardeados com um extenso rol de personalidades nomeadas para os mais diversos cargos neste governo. Não obstante não pudemos deixar de reparar que há uma área, em especial, que tem sido mimada: a comunicação e imagem. Já ficámos a saber que o primeiro ministro foi buscar uma menina à Lux para lhe tratar da imagem, hoje ficámos a saber, de acordo com o jornal Público que "o Governo de Santana Lopes tem mais necessidade de assessores de imprensa(...) e tem também a luz verde do primeiro-ministro para fazer essas contratações".

Estavamos nós convencidos que a prioridade era fazer o choque tecnológico, ou a deslocalização, ou até a redução ("na medida do possível") dos impostos sobre os rendimentos, e que que para tal seria necessário recrutar técnicos competentes. Mas afinal parece que não é nada disso. O que é realmente importante, aquilo que de facto conta é fazer, como os Ingleses dizem, spin. Uma lição que concerteza Santana Lopes terá aprendido em Lisboa para alcançar a popularidade que conseguiu, mais importante que fazer (o que ainda tem o risco acrescido de se poder fazer mal) é parecer que se está a fazer.

É por isso que agora com este Governo vamos ter mais do mesmo.

quarta-feira, agosto 18, 2004

"TO CONCEAL IS USEFUL:
TO FEIGN IS ESSENTIAL"
in "Journey for our Time", The Journals of the Marquis de Custine, Russia 1839

"Pó"
Estava ainda vivo
e um redemoinho
veio e rodopiou
Como um moinho
me pegou
Coas mós me malhe
e esmigalhe
Ainda bem vivo
reduziu-me a pó
Já só.
"Azuluza da Azaraza", 2003, J.M. Moniz Barreto


Pedro Proença, não sei nome, ano, ou título, só sei que gosto e muito. Posted by Hello

terça-feira, agosto 17, 2004

Ramsés Lopes

Ficámos esta semana a saber quem é o médico escolhido pelo Primeiro Ministro para o acompanhar. Só não ficamos a perceber qual o papel do médico. Se irá, ou não ter um gabinete em São Bento, se fará parte das comitivas nas deslocações no país e estrangeiro. Entre outros pormenores. Também ficou por perceber o fundamento do primeiro ministro em designar um médico para ele próprio. Acho que ainda está por demonstrar que o cargo é uma ocupação que degrada a saúde de quem o ocupa.

Ficámos, ainda, sem saber quem irá ser a cozinheira, engomadeira, valet de chambre, mordomo e governanta do primeiro ministro. Mas concerteza iremos ser informados. Trata-se de um hábito aliás em consonância com o facto de ser guardado por 16 seguranças. Um hábito assim um pouco para o faraónico, ou não fosse ele o nosso Ramsés Lopes.


(Fotomontagem roubada ao portugaldiário)O "Bigodaço": Ontem fiquei mais descansado, afinal o Procurador afirmava que não tinha razões para se demitir, uma vez que nem tinha feito algo de que se arrependesse, nem tinha feito algo que o repugnasse. Que alivio, pensei eu e que pessoa de hábitos e preocupações tão elevados, que não se limita a uma preocupação com a questão do respeito da lei, ou do segredo de justiça, mas sim com a do respeito da sua consciência! Podemos todos, concerteza, estar mais descansados, pois temos alguém de consciência a velar pela Justiça em Portugal.  Posted by Hello

segunda-feira, agosto 16, 2004

De Caracas a Lusaka

Comparável ao resultado do referendo Venezuelano sobre a continuidade, ou não, de Chavez no poder, só a decisão, tomada na semana passada, na Zambia de adiar as eleições locais para 2006, como forma de poupar o dinheiro que se gastaría nas eleições, que, dizem eles, irá todo, todinho, para a construção de estradas e hospitais.


ááLavender Mist: Number 1, 1950, Jackson Pollock
 Posted by Hello

Who's afraid of Souto de Moura?

Parece-me muito estranha, inexplicavel mesmo, esta preocupação roçando a obssessão do Governo e do seu assessor, em Belém, Sampaio em manter a confiança política no Procurador. Como se não bastasse já a sua inepta gestão do caso Casa Pia ao longo dos últimos meses, falando quando não devia, comentando o que não devia e, acima de tudo, emitindo opiniões sobre coisas que não devia, ou podia, há agora a confirmação que o seu gabinete colaborou activamente nas, por si condenadas, violações do segredo de justiça. Afinal não seria só o Ferro Rodrigues a marimbar-se para o segredo de justiça, também o Procurador Geral de Justiça não liga lá muito a isso...

Por tudo isso, parece que alguém tem medo dele, única explicação possível para não lhe ser retirada a confiança política. Será do bigodaço?

sábado, agosto 14, 2004

Drogas...e desporto


O desporto é com frequência usado como estratégia (bacoca) de prevenção do uso de drogas e os atletas são mostrados como exemplos de vida "saudável". Em Portugal, as politicas de prevenção desde o tempo do famigerado Projecto Vida defenderam este rumo e os resultados nunca foram avaliados. Como aliás é habitual no nosso país.
No entanto, os escândalos no mundo desportista são "o pão nosso de cada dia". Em Junho de 2003, uma seringa com tetrahidrogestrinone (THG), um esteróide anabolizante, foi enviada para agência anti-dopping americana, por um treinador despedido.
Os testes então realizados a amostras de urina guardadas em stock, mostraram que o uso desta substância era generalizado entre os mais conceituados atletas de alta competição, como por exemplo, Tim Montgomery, campeão mundial dos 100 metros, Marion Jones, campeã mundial da mesma modalidade, Shane Mosley, campeão de boxe, etc, etc.
Abriram-se processos judiciais, baniram-se das competições alguns atletas e um dos treinadores é acusado de fornecimento do produto e negócios de lavagem de dinheiro. O advogado de defesa afirma que existem muitos outros atletas que usam THG e que o seu cliente está disposto a nomeá-los, no caso de se vir a obter um acordo com a acusação.
Várias drogas têm sido usadas no desporto desde o século XIX. Nessa altura, o alcool e a estriquinina serviam para tirar as dores durante os combates de boxe. Durante o século passado o dopping evoluiu muito e é sem dúvida uma prática corrente nos dias de hoje, em todas as modalidades.
Mas durante os próximos dias vamos vê-los no ecran na TV e muitos vão continuar a considerar que "drogados" ...são só os outros!

"World within World" - A Autobiografia de Stephen Spender

Falando da sua Mulher, Inêz:

"She had been educated in convents in Portugal, France and England. A result of this education was a passionate hatred of Catholicism, especially when it was incarnated in nuns. She told me at school what she had feared most was the sermons on eternity. After having thought deeply about the prospect of living for ever, she decided that to her an everlasting existence even in heaven would be hell. She went to the Mother Superior and begged, that she might be let off having to live for eternity"

Pág. 227, Edições Modern Library, New York, 2001

sexta-feira, agosto 13, 2004


Mário Cesariny, Surrealista? Só se for a realidade actual... Posted by Hello


Jorge Martins, A Encenação do Real, 2001 Posted by Hello

Mais alguns Bushismos

"The really rich people figure out how to dodge taxes anyway"
Bush sobre a razão porque impostos mais elevados para os mais afluentes não funcionam, in Daily Press, 9 Agosto
"You and I are in the same business. Is it hot air, by any chance?"
Bush a dirigir-se a um director de uma empresa que produz bombas e compressores, in Columbus Dispatch, 6 de Agosto

Vale a pena ler

Ainda sobre a composição de Morais Sarmento vale a pena ler a crónica de hoje de Pulido Valente no Diário de Notícias. Mordaz e to the point...

quinta-feira, agosto 12, 2004

O Desafio da Igualdade

Escreve hoje, no jornal Público, o Ministro Morais Sarmento quanto à posição da Igreja Católica sobre a Mulher. Para além de umas generalidades sobre o optimismo com que ele encara a evolução de uma Igreja predominanemente masculina no que se refere às suas preocupações com os problemas das Mulheres, logo desfaz qualquer dúvida quanto ao scope deste texto ao dizer que não se quer envolver em polémicas como o ordenamento de mulheres. Logo de seguida acrescenta, naquilo que é a sua piéce de resistance, ao melhor estilo CDS/PP, que a "condição maior que é exclusiva das mulheres" é a maternidade. Como se tal não bastasse Morais Sarmento diz ainda que a experiência lhe demonstrou que a maternidade é algo de que as mulheres não querem abdicar. Gostava de saber de que experiência fala, será que o actual Ministro tem um passado que não conhecemos, como voluntário social, ou investigador de ciências sociais, em vez de advogado nas maiores sociedades de advocacia do país?

O resto do texto não é mais do que o mastigar e repisar de todos os lugares comuns que seria de esperar de uma pessoa com o perfil de Morais Sarmento. O que me leva a questionar a capacidade de um certo tipo de pessoas, de um certo background socio económico para lidarem com questões de natureza social com competencia e sem preconceitos. Ou seja será que um Menino d'Oiro com prronúncia à Santo Amarrro alguma vez vai conseguir deixar de o ser? Pois tal seria a única forma como ele conseguiria lidar com as questões de igualdade dos géneros, as quais estou convencido, vão muito além da maternidade... Ou será isto também um preconceito?

quarta-feira, agosto 11, 2004

As Cassetes Piratas

Soube-se que diversos responsáveis e intervenientes no processo sa Casa Pia terão falado com um jornalista do Correio da Manhã. Aparentemente esse mesmo jornalista terá gravado essas conversas sem informar, ou obter o consentimento dos seus interlocutores. Trata-se de uma situação explosiva por duas razões: por um lado tudo aponta para que alguns dos entrevistados (em posições tão diversas como membros do Ministério Público, da Polícia Judiciária, da Magistratura, arguidos, amigos de arguidos, "justiceiros", advogados de arguidos, vítimas, etc, etc...) terão violado o tão almejado (e nunca alcançado) segredo de justiça; por outro lado, é grave que o estado geral de impunidade e irresponsabilidade que grassa nos media e meios judiciais sintam que podem, como se diz em inglês, "have the cake and eat it".

Uma das primeiras consequências deste caso foi a demissão de Salvado. Mesmo aí não se foi suficientemente longe. O senhor devia estar já a ter um inquérito instaurado quanto à sua actuação nesta matéria (para já não falar da sua "estranha" intervenção no caso do "apito dourado").

Mas mais, quem são os ourros conversadores compulsivos? Sendo que ,se de facto pertencem a algumas das classes anteriormente referidas, deveria haver lugar a alguma consequência: demissão, inquérito, processo judicial....

E é assim que neste clima de suspeição que surge o Primeiro Ministro a apelar a um pacto de regime em sede de Justiça. Ora aquilo que me parece a mim, cada vez mais, é que se trata de um pacto sobre as cassetes...ora me calo eu, ora te calas tu.

terça-feira, agosto 10, 2004

The Bank of the Future




To keep my difficult life safe
I will draw very few advances
from the Bank of the Future.


I doubt it has much capital.
And I've begun to fear that in the first crisis
it suddenly will stop its payments.

[Constantine Cavafy, in Before Time Could Change Them pág. 235]

Parlamento Best Of

A Assembleia da Républica acabou de alterar o regime das ajudas de custo para as viagens dos deputados que lhes permite fazer um downgrade de classe executiva para classe económica e ter direito a dois bilhetes, um para o deputado, outro para o seu, sua acompanhante (repare-se como a AR e pioneira ao reconhecer as uniões de facto, até aquelas para parceiros do mesmo sexo...).

O que é grave nesta alteração é, em primeiro lugar, o facto de se poder pôr em questão a necessidade dos deputados viajarem em classe executiva. Ou se considera que é a forma de viajarem mais compatível com o seu estatuto de representantes do povo Português, ou então se também podem representar o povo adequadamente em classe económica deverão sempre fazê-lo, perdendo o direito à tão almejada executiva. Em segundo lugar não se percebe muito bem que se está a falar de deslocações em trabalho, supõe-se com agendas intensas e com pouco tempo livre para entreter as caras metades. Ora a preocupação e unanimidade em torno desta alteração deixa-nos antever o pior, deslocações com agendas ligeiras e muito, mas mesmo muito tempo para lazer...

É triste que numa altura de contenção económica, em que se pede a todos que façamos cortes nos nossos gastos, os deputados não tenham entendido a necessidade de dar o exemplo e prescindido de viajarem em executiva. Mais estranho e contraditório se torna se nos recordarmos que esta maioria é a mesma que andou a discutir a feijões os pormenores do rendimento mínimo garantido, excluindo ma série de pessoas com muito pouco, só porque tinham um bocadinho a mais, tudo em nome da moralidade. A moralidade que agota parece ter-se evanescido.

Triste, ainda, que nenhum partido da oposição tenha entendido abster-se ou votar contra. Nem os bloquistas, nem os comunistas escapam a este novo riquismo da viagem com os namorados(as).

Triste mesmo...

Não é justo!

Acho que todos temos direito à nossa dose. Os ingleses não estão mais deprimidos que nós.



O Sampaio a divertir-se à nossa custa. Posted by Hello

Coincidência, ou não

In every US presidential election since 1950 bar one, the Republican ticket has included someone named Bush, Dole, or Nixon. [The Guardian, 10th March 2004]

Vale a pena ler uma das melhores descrições deste Governo

segunda-feira, agosto 09, 2004

Os Madeirenses Errantes

Vale a pena transcrever um texto de orlando Drummond, Jornalista do Diário da Madeira, datado do final do mês de Maio. Um texto que face à vitória da Nádia no Big Brother Britânico ganha outra actualidade...
Quando ela era ele.

Jovem natural da Ribeira Brava está a concorrer ao Big Brother britânico Um transexual madeirense está a fazer furor em terras de Sua Majestade, onde tem despertado as atenções dos espectadores, e não só, do programa televisivo Big Brother! Natural do concelho da Ribeira Brava, ele, que agora é ela, está a motivar uma grande curiosidade. Nascido(a) na Madeira há 25 anos, o então Jorge, depois de ter emigrado com a família para a África do Sul, onde estivera radicado apenas três anos e meio, regressou à Região. Contudo, e porque desde cedo deu mostras de ter um comportamento afeminado, Jorge, o filho mais velho da família, resolveu, há oito anos, fazer as malas e emigrar para o Reino Unido, em busca de maior liberdade e fugir assim aos reparos constantes e até críticas de que era alvo. Segundo consta, o inicialmente Jorge transformou-se num transexual em Inglaterra, adoptando desde então o nome de Nádia, sendo hoje uma mulher assumida e mais do que isso, conhecida por milhões de britânicos, que acompanham o Big Brother. Entretanto, mas já como mulher, Nádia esteve no ano passado na Madeira, onde visitou a família, embora a sua permanência na Região tenha sido bastante curta. A imprensa inglesa já ontem deu grande relevo a esta "história" que envolve a vida algo conturbada deste(a) madeirense. Alguns tablóides britânicos põem mesmo a possibilidade de fazer deslocar à Região equipas de reportagem. O DIÁRIO procurou recolher mais elementos junto da família, mas esta escusou-se a falar do caso. De resto e apesar deste ser um caso raro no seio da comunidade madeirense, não é contudo o único do género que envolve cidadãos da Ribeira Brava. O DIÁRIO sabe que um outro emigrante local, ainda jovem e de nome Ramiro, também está envolvido num caso parecido, mas desta feita do foro homossexual, ao ter contraído, num passado ainda recente, matrimónio com um outro homem.

As Férias do Monarca

Foi divulgado recentemente que o nosso primeiro ministro não eleito estava a passar férias na exclusiva e cara Quinta do Lago no Algarve. Poderia aqui comentar-se como é possível que um presidente de cãmara, com cerca de 5 filhos para sustentar consegue ter disponibilidade orçamental para poder arrendar uma casa, com piscina entre outras mordomias. Mas a questão foi outra. Soube-se que algumas obras para a construção de mais algumas casas luxuosas tiveram de ser paradas para não ser incomodado o nosso PM. Até pode ser que não tenha sido por indicação directa do próprio. Mas o que é facto é que tal preocupação demonstra um excesso de zelo que, por sua vez, denota um servilismo em que os Portugueses são exímios. Especialmente quando estão em causa figuras públicas e de poder com mood swings, ou com uma falta de respeito demonstrada perante quem os serve.

Já são célebres os episódios da sua passagem pela CML. Nomeadamente aquele de só o senhor poder utilizar quer a entrada principal do edificio, quer as escadarias que dão acesso ao andar nobre. Ou as suas viagens acompanhado de médicos, ou as aventuras das suas cozinheiras..entree outros.

Também é sabido que é o PM melhor guardado de sempre, como já era o autarca melhor guardado.

Tudo isto é uma manobra hábil (e diga-se demagógica) de construir em torno da sua figura uma áurea de diferenciação em relação aos outros políticos e em relação aos seus adversários. E é, ainda, demonstrativa de uma forma diferente de olhar para os cargos públicos e todas as suas benesses, bem como para o eleitorado, aquele que neste caso não o pôs lá.

sábado, agosto 07, 2004


foto Posted by Hello

A vida com menos de um dólar por dia

O Público publicou neste últimos dias uma colecção de reportagens sob o título "A vida com menos de um dólar por dia". É o resultado do trabalho de uma equipa de repórteres do Los Angeles Times e a de hoje encerra a série, demonstrando que se pode fazer bom jornalismo.
Devido à politica de Bush, no que se refere aos programas de luta contra a SIDA em África, que preconiza sobretudo a abstinência e a fidelidade, recusando-se a financiar a distribuição de preservativos, muitas organizações internacionais viram o seu trabalho completamente estrangulado, perdendo grande parte dos financiamentos.
Os protestos que se fizeram ouvir por esse mundo fora, pela altura do congresso internacional em Bangkok, não devem ter chegado até à nossa terra, pois não se encontrava lá nenhum jornalista português dos meios de comunicação social que alimentam as páginas e os écrans diariamente em Portugal. Somos mesmo muito pobres!

sexta-feira, agosto 06, 2004

Lapso Freudiano da Semana

"Our enemies are innovative and resourceful, and so are we. They never stop thinking about new ways to harm our country and our people, and neither do we."

Senhor George Bush, Presidente não eleito dos EUA

quarta-feira, agosto 04, 2004

A última do Vaticano

Contrariamente a muitas pessoas não fiquei chocado, nem admirado sequer com a nota emitida pelo Vaticano relativa aos movimentos feministas e os seus supostos excessos. Nao esperava outra coisa de uma organização com a lista de dogmas que a Igreja Católica tem, ou com o tipo de pessoas que a formam. Estranho seria, até mesmo paradoxal, que o Papa emitisse uma nota defendendo a igualdade entre os géneros, ou o direito absoluto da Muher sobre o seu próprio corpo, ou, ainda, a defesa da educação sexual para todos, contemplando todas as opções/orientações sexuais, bem como identidades do género livre de complexos. Ora aí estava algo que verdadeiramente me surpreenderia na Igreja Católica!

Cada vez mais me identifico com a máxima daquele outro que dizia que quando um amigo lhe confessava ser religioso, ele sentia que o tinha de ajudar a lidar com isso, da mesma maneira que se ajuda um amigo que nos pede para o auxiliarmos a deixar de fumar...

O Crachá da Semana

"The New 2004 No C.A.R.B. diet: No Cheney, No Ashcroft, No Rumsfeld, No Bush. And absolutely No Rice."

Crachá à venda na Convenção Democrata, em Boston, EUA


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