Isal(sem)tino Morais
«Unless I write something, anything, good, indifferent or trashy, every day, I feel ill.» W. H. AUDEN & «Thanking the public, I must decline/ A peep through my window, if folk prefer/ But, please, you, no foot over threshold of mine» House, Robert Browning, 1874
Miguel Sousa Tavares, no Público hoje, propõe-nos que:
O João, do Portugal dos Pequeninos/Património pega no "exemplar" acordão de um tribunal açoriano que se nega a aplicar o artigo 175º do Código Penal, em razão da sua inconstitucionalidade face ao artigo 13º da Constituição que postula o Princípio da Igualdade. Num dia em que se discute Justiça no Parlamento e em que, tudo indica, PS e PSD preparam um pacto de regime sobre o assunto, termo que me assusta, seria importante apontar este caso como tão importante, como a medida que prevê a redução das férias judiciais, ou a necessidade de chamar à liça o Ministério Público pela lentidão com que se move.
Exemplar
Qual será a diferença entre um José Ribeiro e Castro, empenhado em manter impressa na matriz da nossa forma de organização social os valores da sua Religião e um líder moderado iraniano, que embora creia nos valores da reforma, continua a querer manter a natureza islâmica daquele regime e sociedade?
Uma vez titubeante, sempre titubeante: este poderia ser um dos muitos epítetos por que Sampaio deveria ficar conhecido. Só assim se explica que depois de, em França, ter manifestado o seu incómodo face à lei nacional sobre o aborto venha agora atirar qualquer hipótese de realização do mesmo para as calendas gregas. Ou será que alguém acredita que Cavaco (que tudo aponta será o nosso próximo Presidente) irá expeditamente tratar do assunto?
Regressado de uma curta pausa numa qualquer selva de betão algarvia, onde aproveitei para ler, pela primeira vez, um Pepetela musical e intenso, vou concerteza "desresistir" (como diria o autor Angolano) a fazer alguns posts muito em breve.
Hoje, ao almoço, uma amiga, a propósito do anúncio da candidatura de Carmona a Lisboa, lembrava uma pessoa com quem ela almoçava há algum tempo e que, quando chegava o momento da escolha do prato, dizia sempre «Eu como o que a Senhora Dra. comer». Foi esta a atitude de Carmona até agora em Lisbosa em relação a Lopes. Será que isto não diz tudo sobre o carácter do mesmo?
A propósito desta notícia, muitos mais artigos hão de ser publicados, muitos mais debates organizados. No entanto não deixou de ser motivo de desalento acompanhar a qualidade das primeiras intervenções dos representantes de associações lgbt nesta polémica. Nomeadamente ontem na SIC Notícias foi exasperante ver o Presidente da ILGA-Portugal ficar sem resposta face a um Jurista homófobo, que utilizava argumentos gastos, ainda por cima de sistemática mais que duvidosa ("a igualdade é tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente"). Afinal caro Manuel João Morais bastaria recordar esse senhor que esse argumento está gasto, porque foi o mesmo argumento empregue por aqueles que se opuseram primeiro ao fim da escravatura com a concessão de direitos de cidadania iguais aos antigos escravos, depois se opuseram ao fim da discriminação legal baseada no género, socorrendo-se na altura também de dislates como o da "inversão da ordem natural das coisas", ou o de que se "estava a pôr em causa a família", ou, ainda, estudos científicos que demonstravam a diferença da Mulher...
Foi com esta frase que esta manhã no Bom Dia Portugal, o jornalista Carlos Albuquerque fez a passagem da notícia sobre o fim da discriminação legal dos cidadãos homossexuais espanhois para um fait divers sobre um chimpanzé de um zoo qualquer a fumar. Está tudo dito, não?
O “filme” Santana Lopes começa a fazer lembrar um “thriller” americano em que o mau da fita, que no final julgamos ou morto, ou preso, tem, como que num momento de estertor, um último arremedo de energia, que todos nós espectadores sabemos condenados ao fracasso e que só ele, no seu desespero sabe porque o faz.
Foi interessante ontem ver a Igreja Católica em plena acção de spin. Foi surpreendente ver os Cardeais Policarpo e Saraiva Martins a prestarem-se a isso. Tudo em nome de Bento XVI.
Assistindo ao debate, em curso no Parlamento, sobre o referendo é dificil deixar de sentir um certo preconceito contra aquela gente, que se senta à direita, privilegiada, ou, como se dizia, "benzoca". O que saberá a Tegui, interrogo-me eu, da vida, ou dos problemas enfrentados pelas mulheres que abortam. E quem diz a Tegui, diz o inefável Nuno Melo, ou a Rosário Carneiro...
Não deveria esta súbita preocupação presidencial com a participação cívica dos portugueses no referendo sobre a despenalização do aborto, estender-se, em nome de uma maior coerência, à participação do dos mesmos cidadãos em actos eleitorais e, como tal, evitar-se a marcação de escrutínios durante o Verão?
Após alguns problemas com os químicos que tinham de ser, e que aparentemente não foram, acrescentados aos votos cardinalícios, ao serem queimados, o mundo lá conseguiu perceber que o fumo era mesmo branco e não cinzento-escuro como começou por parecer.
A posição que aparentemente o PSD irá tomar no parlamento aquando da votação sobre o referendo ao aborto é a pior possível. Uma abstenção, que tudo indica vir a ser a posição a assumir, evita o odioso por parte dos conservadores, dedicado todo a quem votar favoravelmente a tal medida e, por outro, evita um maior afastamento em relação ao eleitorado urbano que não veria com bons olhos uma votação desfavoravel. Ou seja, é uma posição cobarde.
Esta semana o Expresso publica uma entrevista com José de Mello, na qual o entrevistado, entre outras coisas, demonstra a sua boa forma. Pena é que passados 30 anos sobre o 25 de Abril, com os eventos positivos, mas também o negativos que marcaram a revolução portuguesa, José de Mello pareça não ter evoluído nada. Para além de continuar a falar do passado como se ele não estivesse lá estado, aborda o presente com a mesma atitude de desresponsabilização, típica na classe política que ele tanto critica.
apela ao combate contra a ditadura do relativismo, eu apelo à sua eleição como próximo Papa. Não há nada melhor, para certos tipos de instituições, que uma definição e clarificação ideológico-doutrinária em tempos de crise.
Ontem, fechando os olhos, durante alguns trechos da entrevista de José Sócrates, pensava-se que estávamos a ouvir um grande político. Confiante, digno, quase "carismático". Especialmente quando Sócrates transmitia as suas "guidelines" quanto à forma e ocasiões em que os governantes deveriam intervir: quando tinham algo de importante a comunicar, uma alteração/reforma a fazer e não enquanto actores e protagonistas de comentário político. Também gostei da forma como se tornou a colocar a tónica na economia e no seu crescimento como veículo para a saída da crise das finanças públicas e não o contrário. Finalmente foi inteligente o caminho seguido em relação à marcação das datas para os referendos sobre a despenalização do aborto e sobre a Constituição Europeia e a chantagem de Mendes.
Caso tenha sido, sempre era um smokescreen para a prosperidade daquele ex autarca e putativo candidato do PSD...
Todos os governos até agora têm tido uma espécie de "nojo" em mexer nas coisas pequenas, coisas como procedimentos da administração pública que facilmente poderiam mudar. Por exemplo aqui há umas semanas deixei-me encantar pela loja do cidadão dos Restauradores, uma organização que era suposto existir para nos facilitar a vida, e fui lá tratar de renovar a minha carta de condução com alteração de morada. Depois de comprados e preenchidos os impressos, aguardei, um tempo razoavel, para os entregar.
Esta manifestação de vontade de Sampaio em aceitar cargos internacionais faz-me questionar: Será que o serviço da causa pública se transformou, em Portugal, numa agência de recrutamento profissional?
Hoje aconteceu aquilo que não julgava ser possível: uma avaria com a ADSL, neste caso da PT. Mas, também a PT é conhecida por conseguir, por vezes, o impossível...
A Noite vem poisando devagar
De Pombal nada de novo. Nem Marques Mendes demonstrou ter as qualidades necessárias para “refundar” (seja lá isso o que for) o PSD, nem me parece que os que o rodeiam – que não passam de uma versão requentada e “exaurida” dos mesmos do costume, com a novidade “óptima” que Menezes acaba de conquistar um lugar de peso no partido, não podendo, por isso, Mendes ignorá-lo por completo, muito menos algumas das ideias peregrinas que lançou nestes últimos tempos – o deixarão fazer muita coisa…
Aparentemente hoje houve um funeral importante e hoje, ainda, começa um congresso no Centro do país (o que constituirá, quase de certeza, uma última oportunidade para nos "divertirmos" um pouco com as pérolas com que, muito provavelmente, Santana Lopes nos brindará) .
No Porto continuo. Mas tal como uma mulher por quem nos apaixonamos e que julgamos perfeita nas primeiras noites até que ela emita gases, ou solte um arrotozito, também alguns "desencontros" no Porto vêm ao de cima. Primeiro foi o ter de ir duas vezes à casa de banho no Guarani, porque à primeira, apesar de o restaurante estar em pleno funcionamento, elas estavam fechadas...
...a paper in this week's Nature, by Sabine Steffens of Geneva University Hospital and her colleagues, suggests the drug (or, at least, its active ingredient) may also have a role in combating heart disease and strokes.
Nunca tinha ouvido falar nele. Ontém, assistir à entrevista da RTP2 de Ana Sousa Dias a Helder Macedo foi fascinante. Gostei da análise que fez de todos nós e dele, sobretudo.
...numa orgia de Cafés. O Majestic, o Guarani, entre outros. No Porto, na vertigem da cidade prolixa que por vezes parece estar perigosamente encavalitada numa escarpa e, que por outras, está solidamente implantada numa respeitabilidade burguesa, em que algo que não isso, parece espreitar a cada esquina de cada prédio acinzentado e rugoso como o granito.
"O mundo já não é como soía
Primeiro foi a notícia de que Israel prepara a construção de mais 3500 casas em territórios ocupados, junto a colonatos, expandindo-os. Agora surge mais esta notícia de que Israel vai passar a depositar o seu lixo na Cisjordânia.
Há uma nova classe de comentadores, quase todos ex-governantes, todos ansiosos de contribuir com sugestões para a resolução dos estrangulamentos nacionais. Estranhamente, a maioria propõe medidas, que a serem postas em prática implicariam quase um "segundo 25 de Abril". É caso para se perguntar porque é que quando eram governantes não as levaram a cabo?
Acabo de ouvir que o Cardeal Policarpo está a caminho de Roma. Até aqui nada de extraordinário. Parece, contudo que o Estado Português, ou seja nós, pôs à sua disposição um avião da Força Aérea Portuguesa, porque diz-se que nesta altura todos os Cardeais têm dignidade de Chefe de Estado, pelo menos até à eleição de novo Papa.
depois de me dar conta que o Público online deixava de estar disponível, tentei por diversas maneiras proceder ao pagamento. Usei a página do jornal, telefonei durante mais de 1 hora para os contactos anunciados no site (não devo ser caso único) e depois de muito penar lá consegui perceber onde me podia registar para pagar!!!!!!!!!!
Lembro-me de, numa noite fria londrina, regressando a casa depois de uma noite de copos que celebravam a vitória trabalhista e o fim da longa noite de Major, homem cinzento, pouco inspirador, cujo governo foi perseguido por escândalos, atravessar a ponte de Waterloo em direcção ao Sul e, parando a meio, olhar para baixo, para o Royal Festival Hall, a mais importante sala de espectáculos do South Bank e ficar a ouvir o hino que apontava o começo de uma nova era. A música escolhida por Blair para dar o mote da motivação e esperança era dos Coldplay e intitulava-se “Things Can Only Get Better” (A letra da música está disponível aqui). Um pouco diferente do tom épico da banda sonora de “Alexandre” escolhida por Sócrates, entre nós, para mobilizar as “tropas” socialistas e não só para o combate de 20 de Fevereiro último.
Frases que eu gostaria de ter escrito
Morreu o Papa. Morreu um Papa que, ao contrário de alguns dos seus antecessores mais próximos, irá ficar para a História de uma forma mais presente e marcada. Este Papa, pode-se concordar com parte, ou toda a sua vida, com algumas obras, ou nenhumas, sendo que eu concordo com pouco, reaproximou a Igreja das suas reais origens dogmáticas, numa lógica de que mais vale diminuir em dimensão e força, mantendo-se “puro”, do que conciliar e evoluir, perdendo identidade. Parecendo-me notável que o Papa, pelo menos em algumas áreas, conseguiu os dois objectivos: manter poder e “pureza” dogmática.
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