sexta-feira, abril 29, 2005

Isal(sem)tino Morais


António Palolo

Ainda o "exemplar" acordão

Miguel Sousa Tavares, no Público hoje, propõe-nos que:

"O tribunal achará que para um rapaz de dez anos, por exemplo, é igual o trauma de ser abusado por uma mulher ou homem?"

Claro que o perigo de proposições como esta, em que cedemos ao preconceito e nos afastamos, necessariamente, do mundo racional, podem ser abusadas facilmente. Senão vejamos, MST acha que a Lei aqui deve ceder a uma percepção social de que mil vezes ser um "abusado(a)" por um(a) heterossexual do que por um(a) homossexual. Até concordo que dado o estigma possa ser de facto pior. Da mesma maneira que a Lei devia ceder ao preconceito social relativamente às minorias étnicas e raciais. Concerteza MST concorda que as relações interraciais são muito mal vistas, então porque não um agravamento da pena para o abusador/violador negro de menores brancos? E quem fala de negros, também pode falar de infieis árabes (nada bem encarados agora).

Daí que a Lei tenha optado e bem por penalizar o acto em si independentemente, entre outras coisas, da orientação sexual do autor, ou da sua raça.

Quando, como diz o Nuno, pessoas até inteligentes "soltam os seus fantasmas" o espectáculo não é muito edificante.

No mesmo sentido do Nuno, o João:

O João, do Portugal dos Pequeninos/Património pega no "exemplar" acordão de um tribunal açoriano que se nega a aplicar o artigo 175º do Código Penal, em razão da sua inconstitucionalidade face ao artigo 13º da Constituição que postula o Princípio da Igualdade. Num dia em que se discute Justiça no Parlamento e em que, tudo indica, PS e PSD preparam um pacto de regime sobre o assunto, termo que me assusta, seria importante apontar este caso como tão importante, como a medida que prevê a redução das férias judiciais, ou a necessidade de chamar à liça o Ministério Público pela lentidão com que se move.

Portugal não é, nem será um Estado de Direito enquanto textos como o que segue abaixo, ou como o que aqui reproduzi ontem, continuarem actuais e enquanto os senhores e senhoras que se "ocupam" da Justiça não reflectirem mais que a mediocridade nacional com todos os preconceitos e mesquinhezes que nos são endémicas.

No meio do Atlântico, nos Açores, há um magistrado que deve ter lido Suetónio e o prefácio de Gore Vidal à célebre versão da "Vida dos Doze Césares" do primeiro, de Robert Graves. Vem isto a propósito da decisão do "tribunal de júri" de Ponta Delgada que se recusou a aplicar um artigo do Código Penal aos condenados no processo de pedofilia de Lagoa. De acordo com aquele tribunal, na pessoa do juiz de direito Araújo de Barros, a Constituição, revista em 2004, no seu artigo 13 º proíbe a discriminação em função da orientação sexual. Logo - entende este magistrado - constitui uma "ofensa ao princípio da igualdade" a citada norma do Código Penal que pune "quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo [onde diabo estará o "relevo" de um "acto homossexual" ? e existirão "actos homossexuais sem "relevo"?] com menor entre 14 e 16 anos". Porém, este juiz vai mais longe. No acordão lido nos Açores, Araújo de Barros critica um outro acordão, este do venerando Supremo Tribunal de Justiça, de 2003, onde se defende a conformidade desta norma com a Constituição. Que diz então este acordão da instância suprema do poder judicial e órgão de soberania do Estado português? Diz esta coisa extraordinária: que se devem considerar os crimes que se traduzem em actos heterossexuais com adolescentes "mais normais" (sic) do que os resultantes de actos homossexuais com adolescentes. Na sua análise desta pequena pérola jurídica, Araújo de Barros refere que a tal norma penal representa "uma operação de cosmética" do legislador destinada a impedir que se compare "em geral as duas formas de sexualidade [a homo e a hetero]", reduzindo manhosamente a homossexualidade "para a área da anormalidade". E explica porquê. "Se já é pouco normal ter relações heterossexuais com um adolescente, muito menos o será ter com ele relações homossexuais", uma tese que, no seu entender, equivale aos "argumentos falaciosos que historicamente se esgrimiram para legitimar a xenofobia, o racismo ou a discriminação das mulheres". Como a tal norma do Código Penal prevê a condenação por actos homossexuais, independentemente de haver ou não lugar ao abuso da inexperiência dos adolescentes, Araújo de Barros, no acordão dos Açores, escreve que se está a "consagrar um regime que discrimina, aqui notoriamente sem qualquer fundamento, o acto homossexual em relação ao acto heterossexual". Como a história abundantemente mostra, não há na sexualidade propriamente uma norma, um dever-ser e, nesse sentido, não há nenhuma sexualidade "natural". O que existem são pessoas que possuem uma sexualidade que se manifesta, ora consigo mesmo, ora com mulheres, ora com homens, ora com ambos, ou, como na antiguidade pagã, com os "rapazes". Gore Vidal vai até mais longe e explica que não há homo ou heterossexuais, mas antes actos homossexuais ou actos heterossexuais. Nem Suetónio, primeiro, nem Gore Vidal ou Mary Renault séculos depois, diriam melhor que este acordão de Ponta Delgada.

quinta-feira, abril 28, 2005

Lido no Nuno, aka Resistente Existencial:

Exemplar

"...a forma como foi dirigido o caso de pedofília dos Açores. Como ninguém pode dizer que umas crianças valem mais que outras, fica a suspeita que a causa do sucesso deste caso face ao pântano casapiano se deve meramente à ausência de nomes sonantes e câmaras de televisão. Mas outro exemplo foi dado, talvez ainda mais surpreendente:

O tribunal de júri de Ponta Delgada recusou-se ontem a aplicar o artigo 175º do Código Penal aos arguidos envolvidos no caso de pedofilia de Lagoa. O artigo prevê a punição a "quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo com menor entre 14 e 16 anos", mas o tribunal considerou-o "uma ofensa ao princípio da igualdade" consagrado pelo artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, que desde a revisão de 2004 inclui o direito à não discriminação por orientação sexual.

Numa palavra, exemplar."

Qual será a diferença entre um José Ribeiro e Castro, empenhado em manter impressa na matriz da nossa forma de organização social os valores da sua Religião e um líder moderado iraniano, que embora creia nos valores da reforma, continua a querer manter a natureza islâmica daquele regime e sociedade?

quarta-feira, abril 27, 2005

O Titubeante e os Referendos

Uma vez titubeante, sempre titubeante: este poderia ser um dos muitos epítetos por que Sampaio deveria ficar conhecido. Só assim se explica que depois de, em França, ter manifestado o seu incómodo face à lei nacional sobre o aborto venha agora atirar qualquer hipótese de realização do mesmo para as calendas gregas. Ou será que alguém acredita que Cavaco (que tudo aponta será o nosso próximo Presidente) irá expeditamente tratar do assunto?

Sampaio procura uma vez mais lavar as mãos do assunto que, por acaso, é mesmo incómodo e com argumentos ilógicos. Senão vejamos: Sampaio começa por falar na falta de tempo para debate em torno da questão da despenalização do aborto mas não faz o mesmo quanto ao referendo europeu, o qual pode ser realizado até ao final do próximo ano, sendo que poucos portugueses saberão citar qualquer artigo do novo tratado constituinte da UE, ou sequer algum do seu conteúdo e implicações. Será que isso mudará até ao Outono? Duvido pois para que isso acontecesse era necessário que o Governo já tivesse publicado e distribuído um documento sintético explicativo do mesmo á população. Mais seria, ainda, preciso que o português médio se consciecializasse que o Tratado mexe consigo, o que manifestamente agora não acontece. E tal pode até convir às autoridades nacionais, não fossemos nós resolver reclamar alguns direitos fundamentais aí consagrados...Enquanto isso pergunte-se a qualquer português médio o que pensa sobre a despenalização do aborto, ou até sobre o que é "isso" e terá a chamada "resposta na ponta da língua".

Depois, Sampaio atira-nos com o argumento de prioridade. Francamente não percebo que tipo de elan conferirá no resto da Europa ao processo constituinte europeu um Sim entre nós. Estará alguém no Reino Unido, ou Holanda, ou Alemanha realmente preocupado com o que os subsídio-dependentes dos portugueses têm para dizer sobre o assunto? Duvido também. Acrescente-se a isso o facto de continuarem a ser julgadas, entre nós, mulheres por abortarem, para tornar, ainda, mais incompreensível este procrastinar da parte de Sampaio. Pessoa a quem eu tomava por titubeante, mas não necessariamente por mentiroso.

Regressado de uma curta pausa numa qualquer selva de betão algarvia, onde aproveitei para ler, pela primeira vez, um Pepetela musical e intenso, vou concerteza "desresistir" (como diria o autor Angolano) a fazer alguns posts muito em breve.

sábado, abril 23, 2005

Fui visitar a casa


Passei por lá e entrei. Ainda não há visitas guiadas e portanto guiei-me por onde pude. Apenas os acessos às salas estavam disponíveis e portanto limitei-me a passear pelos corredores e escadarias. Cheguei à conclusão que gosto do edifício, mas acho-o perigoso. O primeiro patamar que dá acesso à zona das bilheteiras tem um pequeno desnível que não chega a ser um degrau e como tal não é suficientemente visivel. Resultado, tropecei ao entrar e voltei a ter um susto à saída, quando distraidamente andava e lia um programa.
As escadas têm uma grande inclinação e em situações de pânico, atulhadas de gente, parecem-me perigosas, assim como as rampas exteriores, que apesar de produzirem um efeito visual muito interessante, podem dar facilmente origem a quedas sobretudo se forem escaladas pelos mais pequenos, pois não têm protecções na extremidade.
O mais intrigante é um detalhe no pequeno bar num dos pisos superiores, aliás o único que se encontrava a funcionar naquela manhã. O grande banco de madeira contra a parede parece inutilizar duas portas de acesso a uma das salas. Não percebi a intenção.
Enfim, vale a pena ir ver ao vivo e a cores e até pode ser que eu não tenha razão.

sexta-feira, abril 22, 2005


António Palolo, 1995

O Pusilânime

Hoje, ao almoço, uma amiga, a propósito do anúncio da candidatura de Carmona a Lisboa, lembrava uma pessoa com quem ela almoçava há algum tempo e que, quando chegava o momento da escolha do prato, dizia sempre «Eu como o que a Senhora Dra. comer». Foi esta a atitude de Carmona até agora em Lisbosa em relação a Lopes. Será que isto não diz tudo sobre o carácter do mesmo?

O argumentário lgbt e os Casamentos em Espanha

A propósito desta notícia, muitos mais artigos hão de ser publicados, muitos mais debates organizados. No entanto não deixou de ser motivo de desalento acompanhar a qualidade das primeiras intervenções dos representantes de associações lgbt nesta polémica. Nomeadamente ontem na SIC Notícias foi exasperante ver o Presidente da ILGA-Portugal ficar sem resposta face a um Jurista homófobo, que utilizava argumentos gastos, ainda por cima de sistemática mais que duvidosa ("a igualdade é tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente"). Afinal caro Manuel João Morais bastaria recordar esse senhor que esse argumento está gasto, porque foi o mesmo argumento empregue por aqueles que se opuseram primeiro ao fim da escravatura com a concessão de direitos de cidadania iguais aos antigos escravos, depois se opuseram ao fim da discriminação legal baseada no género, socorrendo-se na altura também de dislates como o da "inversão da ordem natural das coisas", ou o de que se "estava a pôr em causa a família", ou, ainda, estudos científicos que demonstravam a diferença da Mulher...

Passados que estão cerca de dez anos desde que o movimento lgbt ganhou consagração e forma, é triste constatar que os actuais dirigentes não aprenderam com as omissões, nem com as oportunidades dos anteriores.

"E agora para o chimpanzé que fuma"

Foi com esta frase que esta manhã no Bom Dia Portugal, o jornalista Carlos Albuquerque fez a passagem da notícia sobre o fim da discriminação legal dos cidadãos homossexuais espanhois para um fait divers sobre um chimpanzé de um zoo qualquer a fumar. Está tudo dito, não?

quinta-feira, abril 21, 2005

O “filme” Santana Lopes começa a fazer lembrar um “thriller” americano em que o mau da fita, que no final julgamos ou morto, ou preso, tem, como que num momento de estertor, um último arremedo de energia, que todos nós espectadores sabemos condenados ao fracasso e que só ele, no seu desespero sabe porque o faz.

Ler os outros: "A Colónia do Vaticano" por Vital Moreira, no Causa Nossa


"Em Timor a Igreja Católica, com os bispos à frente, lançou uma ofensiva de rua contra o Governo, exigindo a manutenção do ensino obrigatório da religião católica nas escolas públicas e a cargo do Estado. Apesar de a Constituição estabelecer a separação entre as igrejas e o Estado e não reconhecer nenhum privilégio à Igreja católica, esta não abdica de parasitar o Estado e de colocá-lo ao seu serviço. Onde pode, a Igreja Católica instrumentaliza o poder público."

Foi interessante ontem ver a Igreja Católica em plena acção de spin. Foi surpreendente ver os Cardeais Policarpo e Saraiva Martins a prestarem-se a isso. Tudo em nome de Bento XVI.

quarta-feira, abril 20, 2005

O Debate

Assistindo ao debate, em curso no Parlamento, sobre o referendo é dificil deixar de sentir um certo preconceito contra aquela gente, que se senta à direita, privilegiada, ou, como se dizia, "benzoca". O que saberá a Tegui, interrogo-me eu, da vida, ou dos problemas enfrentados pelas mulheres que abortam. E quem diz a Tegui, diz o inefável Nuno Melo, ou a Rosário Carneiro...

Dúvida:

Não deveria esta súbita preocupação presidencial com a participação cívica dos portugueses no referendo sobre a despenalização do aborto, estender-se, em nome de uma maior coerência, à participação do dos mesmos cidadãos em actos eleitorais e, como tal, evitar-se a marcação de escrutínios durante o Verão?

“O Rottweiler de Deus”

Após alguns problemas com os químicos que tinham de ser, e que aparentemente não foram, acrescentados aos votos cardinalícios, ao serem queimados, o mundo lá conseguiu perceber que o fumo era mesmo branco e não cinzento-escuro como começou por parecer.

Temos Papa. Temos o melhor Papa para levar a Igreja, se preciso for, de volta às “catacumbas”, mantendo-a imune aos tempos e fiel à sua doutrina. Está na altura de marcar águas e posições. De saber quem vai estar com e quem vai estar contra. As questões (aborto, ordenação de mulheres, homossexualidade, castidade dos padres, entre outros) vão ser graves e vão ser enfrentadas e debatidas de forma dura, sem qualquer preocupação com as aparências. Tenho a impressão de que o caso Buttiglioni não foi mais que uma amostra do que aí vem.

Sobre este Papa muito mais se há de escrever e não tudo de uma vez, nem agora.

Adenda: Da próxima vez também vou pedir, como fiz num post anterior para a eleição do Papa e com sucesso, Paz, Felicidade e Saúde para todos os habitantes do Planeta. Pode ser que resulte.

segunda-feira, abril 18, 2005

O "Novo" PSD

A posição que aparentemente o PSD irá tomar no parlamento aquando da votação sobre o referendo ao aborto é a pior possível. Uma abstenção, que tudo indica vir a ser a posição a assumir, evita o odioso por parte dos conservadores, dedicado todo a quem votar favoravelmente a tal medida e, por outro, evita um maior afastamento em relação ao eleitorado urbano que não veria com bons olhos uma votação desfavoravel. Ou seja, é uma posição cobarde.

Mais um dia,

mais outra avaria no servidor da Telepac em ADSL...
Certas coisas não mudam...

A entrevista de José de Mello

Esta semana o Expresso publica uma entrevista com José de Mello, na qual o entrevistado, entre outras coisas, demonstra a sua boa forma. Pena é que passados 30 anos sobre o 25 de Abril, com os eventos positivos, mas também o negativos que marcaram a revolução portuguesa, José de Mello pareça não ter evoluído nada. Para além de continuar a falar do passado como se ele não estivesse lá estado, aborda o presente com a mesma atitude de desresponsabilização, típica na classe política que ele tanto critica.

José de Mello é um membro de uma terceira, ou quarta geração de uma família de industriais e homens de negócios que, enquanto tal, poderia (já para não dizer deveria) olhar para o país, para os sucessos e insucessos do país como se fossem também os seus sucessos e insucessos. Mas não, é muito mais cómodo apanhar o avião para Espanha, ou Inglaterra como Mello diz...

Enquanto o Cardeal Ratzinger

apela ao combate contra a ditadura do relativismo, eu apelo à sua eleição como próximo Papa. Não há nada melhor, para certos tipos de instituições, que uma definição e clarificação ideológico-doutrinária em tempos de crise.

sexta-feira, abril 15, 2005


Miquel Barceló

A Primeira Entrevista do Primeiro Ministro

Ontem, fechando os olhos, durante alguns trechos da entrevista de José Sócrates, pensava-se que estávamos a ouvir um grande político. Confiante, digno, quase "carismático". Especialmente quando Sócrates transmitia as suas "guidelines" quanto à forma e ocasiões em que os governantes deveriam intervir: quando tinham algo de importante a comunicar, uma alteração/reforma a fazer e não enquanto actores e protagonistas de comentário político. Também gostei da forma como se tornou a colocar a tónica na economia e no seu crescimento como veículo para a saída da crise das finanças públicas e não o contrário. Finalmente foi inteligente o caminho seguido em relação à marcação das datas para os referendos sobre a despenalização do aborto e sobre a Constituição Europeia e a chantagem de Mendes.

Se calhar nasceu um grande político, só que com um estilo diferente daquele a que estávamos habituados nos grandes políticos, porque os tempos também mudam e nós é que nos temos de habituar.

quinta-feira, abril 14, 2005

Terá sido o sobrinho do Isaltino o emigrante português totalista do Euromilhões na Suíça?

Caso tenha sido, sempre era um smokescreen para a prosperidade daquele ex autarca e putativo candidato do PSD...


Abre hoje a Casa da Música, que a mim me faz lembrar um diamante por lapidar. Não entrei, pelo que só posso dizer que gosto do exterior e que fico um pouco preocupado com o interior, especialmente os falsos Orgãos barrocos e aqueles paineis de azulejos...


Miquel Barceló

Cocktail Nacional

  1. Interessante e estranha a forma como o nosso Presidente é obrigado a pronunciar-se sobre temas cruciais nacionais, especialmente quando eles são polémicos. Veja-se o caso do debate em torno da despenalização do aborto, em que foi preciso uma aluna francesa confrontá-lo com a imagem retrógrada do país, para que Sampaio explicasse que era favorável a um sim num referendo, muito embora tenha acrescentado muitos ses... Será que vai ser necessário que daqui a uns anos, outro estudante de um país desenvolido europeu qualquer pergunte a um chefe de estado nacional porque é que os homossexuais continuam a ser cidadãos de segunda no seu próprio país, para que um chefe de estado nacional se pronuncie sobre o assunto? E vivam as visitas de Estado!
  2. Positiva esta semana as notícias sucessivas sobre as propostas de limitação de mandatos. Basta de dinossauros na política, bem como a perpetuação de redes clientelares que terão, assim, a vida dificultada...ao menos que mudem as moscas de dois em dois mandatos.
  3. Pouco positiva a estreia de Mendes, já foi obrigado a recuar quanto à sua posição (aliás incompreensível para alguém que quer "urbanizar" o PSD) sobre o referendo quanto à despenalização do aborto.
  4. Positivas as notícias quanto à vontade expressa governamental de não revogar a legislação laboral por inteiro, mas antes "editá-la".
  5. Triste o espectáculo do julgamento dos protestantes que se manifestaram à porta da Vicaima, a propósito de uma importação de madeiras protegidas, especialmnte quando o mesmo não é acompanhado pelo julgamento também do Director da empresa por agressões e injúrias (uma vez que a Polícia s recusou a tomar conta da ocorrência porque não o viu, nem a agredir, nem a insultar ninguém).

quarta-feira, abril 13, 2005

DGV/SM

Todos os governos até agora têm tido uma espécie de "nojo" em mexer nas coisas pequenas, coisas como procedimentos da administração pública que facilmente poderiam mudar. Por exemplo aqui há umas semanas deixei-me encantar pela loja do cidadão dos Restauradores, uma organização que era suposto existir para nos facilitar a vida, e fui lá tratar de renovar a minha carta de condução com alteração de morada. Depois de comprados e preenchidos os impressos, aguardei, um tempo razoavel, para os entregar.

Fui atendido por uma Senhora educada e amável, que após ter seguido todos os procedimentos me informa que a carta definitiva demoraria até dois meses (sim leram bem dois meses) a ser enviada para a minha casa e que se entretanto eu quisesse conduzir teria de me deslocar até à Direcção Geral de Viação, para que me entregassem uma guia de condução provisória, porque ali não o estavam autorizados a fazer...

Passado o espanto inicial, lá me conformei que afinal uma operação tão simples, como esta de pedir uma segunda via da carta com alteração de morada, não se resolveria com uma única ida a uma repartição e lá aceitei ir à tal DGV, onde me tinham dito que não precisava de tirar senha, nem de esperar.

Hoje, lá fui à DGV, qual não foi o meu espanto, quando deparei com um serviço sobrelotado de gente à espera, cansada, transpirada, funcionários em stress e um painel electrónico que ia passando as mensagens mais surrealistas que, a cada 5 minutos, culminavam num pedido de Silêncio. E lá tive de esperar, esperar e esperar. Foram cerca de 40 minutos à espera numa fila de um balcão de informações e ainda assim senti-me afortunado a comparar com um senhor que tinha tirado uma senha qualquer com o número 256 e que tinha de esperar que a fila evoluisse do número 143.

Não percebi e não percebo porque é que a DGV sobrecarrega, ainda mais, a própria DGV ao enviar as pessoas para si própria, se podia evitar que algumas centenas de pessoas lá fossem. Será este masoquismo causado por algum distúrbio dos seus dirigentes? Ou será este mesmo masoquismo, o mesmo que ajuda a explicar a prática de baixar os braços perante a guerra civil das estradas nacionais?

terça-feira, abril 12, 2005


A pedido de várias famílias...

Esta manifestação de vontade de Sampaio em aceitar cargos internacionais faz-me questionar: Será que o serviço da causa pública se transformou, em Portugal, numa agência de recrutamento profissional?

Hoje aconteceu aquilo que não julgava ser possível: uma avaria com a ADSL, neste caso da PT. Mas, também a PT é conhecida por conseguir, por vezes, o impossível...

Nós, os clientes é que ficamos, com dificuldades em trabalhar porque, entre outras coisas, o email não funciona.

uma politica de drogas diferente é possível


assina a petição

segunda-feira, abril 11, 2005

Noite de Saudade, Florbela Espanca (Livro de Mágoas)

A Noite vem poisando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

(...)

O Marques de Pombal

De Pombal nada de novo. Nem Marques Mendes demonstrou ter as qualidades necessárias para “refundar” (seja lá isso o que for) o PSD, nem me parece que os que o rodeiam – que não passam de uma versão requentada e “exaurida” dos mesmos do costume, com a novidade “óptima” que Menezes acaba de conquistar um lugar de peso no partido, não podendo, por isso, Mendes ignorá-lo por completo, muito menos algumas das ideias peregrinas que lançou nestes últimos tempos – o deixarão fazer muita coisa…

Repleto de Barões e arrivistas, “semideuses” e vacas sagradas como o PSD está parece-me que isto assim não vai lá nos próximos anos.

o estado da sáude em Portugal


Entre 20 a 30 crianças nascem anualmente em Portugal com sífilis. Uma doença sexual que lhes é transmitida pela mãe durante a gravidez e que provoca consequências graves no bebé: lesões neurológicas irreversíveis, cegueira ou surdez. A situação é alarmante porque na Europa são raros os casos que atingem recém-nascidos e também por outra razão – mostra que a sífilis está a ressurgir no País.

sexta-feira, abril 08, 2005

Isto de estar longe de casa...

Aparentemente hoje houve um funeral importante e hoje, ainda, começa um congresso no Centro do país (o que constituirá, quase de certeza, uma última oportunidade para nos "divertirmos" um pouco com as pérolas com que, muito provavelmente, Santana Lopes nos brindará) .

Desencontros no Porto

No Porto continuo. Mas tal como uma mulher por quem nos apaixonamos e que julgamos perfeita nas primeiras noites até que ela emita gases, ou solte um arrotozito, também alguns "desencontros" no Porto vêm ao de cima. Primeiro foi o ter de ir duas vezes à casa de banho no Guarani, porque à primeira, apesar de o restaurante estar em pleno funcionamento, elas estavam fechadas...

Depois, aquilo que podia ter sido um almoço perfeito, em Gaia, a olhar para a Ribeira, a Sé, o Palácio dos Bispos e a Ponte D. Luís, transformou-se num inferno. O célebre Bogani de célebre não merece muito mais que o local e decoração, tudo o resto foi terceiro mundista e desmerecedor para o local onde está. Logo quando cheguei fui confrontado com a impossibilidade de se trocar um acompanhamento de um prato de batatas fritas, para uma simples salada, mas o pior estava ainda para vir, quando chegou a altura de pedir uma sobremesa. É que, quarenta minutos depois de ter feito o pedido, o empregado vem pedir-me desculpas pela demora, mas as funcionárias da cozinha acabavam de o informar que estavam a começar a fazer o bolo em questão...

Isto num dia em que consegui finalmente visitar o Jardim do Palácio de Cristal, parte do percurso do Romântico da cidade, bem como o Museu do Romântico, locais que me fizeram invejar quem cá mora, porque em Lisboa não há nada assim (a não ser que o próximo edil lisboeta resolva refazer um jardim no Parque Mayer, criando uma mancha verde contínua da Avenida da Liberdade até ao Jardim Botânico, ora aí está uma óptima ideia!).

leitura de fim de semana

...a paper in this week's Nature, by Sabine Steffens of Geneva University Hospital and her colleagues, suggests the drug (or, at least, its active ingredient) may also have a role in combating heart disease and strokes.
The economist

e...

quinta-feira, abril 07, 2005

Confesso a minha ignorância

Nunca tinha ouvido falar nele. Ontém, assistir à entrevista da RTP2 de Ana Sousa Dias a Helder Macedo foi fascinante. Gostei da análise que fez de todos nós e dele, sobretudo.

No Porto

...numa orgia de Cafés. O Majestic, o Guarani, entre outros. No Porto, na vertigem da cidade prolixa que por vezes parece estar perigosamente encavalitada numa escarpa e, que por outras, está solidamente implantada numa respeitabilidade burguesa, em que algo que não isso, parece espreitar a cada esquina de cada prédio acinzentado e rugoso como o granito.

terça-feira, abril 05, 2005

Uma notícia que quase passava despercebida, não fosse o olhar atento de Vital Moreira e o seu Causa-Nossa

"O mundo já não é como soía

É comunista, católico e homossexual --, uma conjugação politicamente incorrecta. Chama-se Nichi Vendola e é o novo governador eleito da região italiana da Puglia, no sul profundo, católico e conservador. "Não é uma revolução cultural, mas quase", exulta Fausto Bertinotti, um dirigente da União de centro-esquerda, grande vencedora das eleições regionais de domingo passado. Uma vitória também sobre os preconceitos políticos tradicionais..."

A Palestina Lixeira

Primeiro foi a notícia de que Israel prepara a construção de mais 3500 casas em territórios ocupados, junto a colonatos, expandindo-os. Agora surge mais esta notícia de que Israel vai passar a depositar o seu lixo na Cisjordânia.

Num mundo em mudança como é tranquilizador ver que certas coisas não mudam. E, já agora, onde está a Esther Mucznik? Concerteza preocupada em encontrar justificações para um lado e acusações para o outro...


Sisley, Inundação no Porto de Marly

Faz o que eu digo, não faças o que eu fiz...

Há uma nova classe de comentadores, quase todos ex-governantes, todos ansiosos de contribuir com sugestões para a resolução dos estrangulamentos nacionais. Estranhamente, a maioria propõe medidas, que a serem postas em prática implicariam quase um "segundo 25 de Abril". É caso para se perguntar porque é que quando eram governantes não as levaram a cabo?

As razões de Estado

Acabo de ouvir que o Cardeal Policarpo está a caminho de Roma. Até aqui nada de extraordinário. Parece, contudo que o Estado Português, ou seja nós, pôs à sua disposição um avião da Força Aérea Portuguesa, porque diz-se que nesta altura todos os Cardeais têm dignidade de Chefe de Estado, pelo menos até à eleição de novo Papa.

Por vezes, as razões de Estado têm razões que a Razão desconhece...

segunda-feira, abril 04, 2005

Não tenho palavras !!!!!!

depois de me dar conta que o Público online deixava de estar disponível, tentei por diversas maneiras proceder ao pagamento. Usei a página do jornal, telefonei durante mais de 1 hora para os contactos anunciados no site (não devo ser caso único) e depois de muito penar lá consegui perceber onde me podia registar para pagar!!!!!!!!!!
Mas, no fim de todo este processo recebo um email
Houve um problema com o seu pagamento
O pagamento não foi realizado.
Por favor contacte-me para o número 210.111.208 ou através do mail pagamentos@publico.pt


Não quero acreditar!!!!!!!!!!!!!

Things Can Only Get Better...

Lembro-me de, numa noite fria londrina, regressando a casa depois de uma noite de copos que celebravam a vitória trabalhista e o fim da longa noite de Major, homem cinzento, pouco inspirador, cujo governo foi perseguido por escândalos, atravessar a ponte de Waterloo em direcção ao Sul e, parando a meio, olhar para baixo, para o Royal Festival Hall, a mais importante sala de espectáculos do South Bank e ficar a ouvir o hino que apontava o começo de uma nova era. A música escolhida por Blair para dar o mote da motivação e esperança era dos Coldplay e intitulava-se “Things Can Only Get Better” (A letra da música está disponível aqui). Um pouco diferente do tom épico da banda sonora de “Alexandre” escolhida por Sócrates, entre nós, para mobilizar as “tropas” socialistas e não só para o combate de 20 de Fevereiro último.

Claro que hesitei entre “ouvir a música para mim” e “ouvi-la para o Reino Unido”. Afinal, eu também esperava uma fatia – generosa – daqueles “bons tempos” que prometiam avizinhar-se e, na altura, não sabia onde o passar dos anos me levaria. E, claro, partilhava, enquanto convidado da Grã-bretanha, o clima de euforia que se vivia então. Tal como, procuro partilhá-lo agora, salvaguardadas as devidas proporções, em Portugal com este novo Governo.

Hoje, ao ler, na última página do Público, que Blair escolheu novo tema musical para a próxima batalha eleitoral (“Beautiful Day” dos U2) não posso deixar de pensar quão distante está aquela noite fria passada numa ponte sobre o Tamisa.


Alfred Sisley, Caminho por entre o bosque em Roches-Courtaut

domingo, abril 03, 2005

Visto no Causa-Nossa

Frases que eu gostaria de ter escrito
«Se a teoria da evolução é a matriz da biologia moderna (...), a separação da Igreja e do Estado é a matriz do Estado de Direito (...). Ora, nos últimos tempos esta separação começou a ser minada por revivalismos religiosos na Europa, na Rússia e nos Estados Unidos».(José Cutileiro, Expresso).

KAROL WOTJYLA - JOÃO PAULO II (1920-2005)

Morreu o Papa. Morreu um Papa que, ao contrário de alguns dos seus antecessores mais próximos, irá ficar para a História de uma forma mais presente e marcada. Este Papa, pode-se concordar com parte, ou toda a sua vida, com algumas obras, ou nenhumas, sendo que eu concordo com pouco, reaproximou a Igreja das suas reais origens dogmáticas, numa lógica de que mais vale diminuir em dimensão e força, mantendo-se “puro”, do que conciliar e evoluir, perdendo identidade. Parecendo-me notável que o Papa, pelo menos em algumas áreas, conseguiu os dois objectivos: manter poder e “pureza” dogmática.

Para mim, este Papa foi muitas coisas ao longo da minha vida. Numa primeira fase, quando tinha 11, 12, 13 anos, foi o Papa da Liberdade, associado a um combate contra as ditaduras em que a maior parte da Europa de Leste vivia mergulhada e, em especial claro a Polónia. Combate esse que apesar de poder ter tido como motivação tanto a democratização como um crescimento do poder de influência da Igreja, que resultou numa implantação efectiva de regimes democráticos e numa melhoria generalizada das condições de vida na maior parte dessas sociedades.

Numa segunda fase, veio o Papa que eu não conseguia compreender. O Papa que, quando chega a Timor, não beija o chão. O Papa que não fala alto, como tinha feito poucos anos antes, contra a opressão dos Timorenses às mãos do regime de Suharto. Mas, igualmente mau, o Papa que se apressa a consolidar o poder e ascendente da Opus Dei sobre a hierarquia da Igreja e, logo, sobre a sociedade.

Depois, vem o Papa, em relação ao qual já não alimentava ilusões. O Papa que em África apela à não utilização do Preservativo, mesmo sabendo da evolução galopante da SIDA. O Papa que corta pela raiz o debate em torno da ordenação de mulheres. O Papa que, nos últimos anos, emite uma série de Encíclicas sobre temas como o papel da mulher na sociedade, a homossexualidade, a investigação cientifica, células estaminais, entre outros, que, a serem adoptadas, significaria um retrocesso brutal.

Muito embora a Igreja seja, em teoria, uma organização particular e, logo, livre para assumir as posições que muito bem entenda, não se pode deixar de considerar que a projecção e impacto singular das palavras do Papa e de toda a hierarquia da Igreja Católica os poderiam ter talvez levado a pesar melhor algumas intervenções. E, contudo, isso seria quiçá o mesmo que pedir a Álvaro Cunhal para ter feito alguma coisa diferentemente…As pessoas, especialmente certas pessoas teimosas, conservadoras e capazes de se elevarem a uma certa forma de “autismo” no seu quotidiano não vêm sequer outra forma de orientarem as suas acções.

Não obstante, só o facto de eu, tal como muitos outros, sentir a necessidade de escrever aqui sobre este Papa, demonstra a sua importância e o seu estatuto único mundial. E isso é algo que eu tenho de reconhecer e talvez o único elemento unânime e consensual em todos estes escritos.

sexta-feira, abril 01, 2005

A caminho do Porto


A cor dos diferentes tipos de Vinho do Porto pode variar entre o retinto e o alourado-claro, sendo possíveis todas as tonalidades intermédias (tinto, tinto-alourado, alourado e alourado-claro). Os Vinhos do Porto Branco apresentam tonalidades diversas (branco pálido, branco palha e branco dourado), intimamente relacionadas com a tecnologia de produção. Quando envelhecidos em casco, durante muito anos, os vinhos brancos adquirem, por oxidação natural, uma tonalidade alourada claro semelhante à dos vinhos tintos muito velhos.


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