quinta-feira, março 31, 2005


Alfred Sisley, Canal de Loing, Moret, 1891

As Três Mortes de Terri Schiavo

Terri Schiavo tornou-se um nome familiar, até Luís Delgado clamou, há dias, contra o seu "homicídio". Terri, que vegetava há 15 anos, morreu a primeira vez quando, fruto de uma insuficiência cardíaca, esteve alguns minutos sem oxigénio. Depois morreu uma segunda vez, quando nos últimos meses, todos, desde Bush, à hierarquia da Igreja Católica, incluindo uns padres que apareciam de hábito franciscano pelo meio, a fizeram refém das suas próprias agendas. Agora, acabo de ouvir, teve a sua terceira morte: deixou de respirar. Finalmente, descansa.

Urgências

Não concordo com a posição que Mário Soares defendeu quanto à despenalização do aborto, que não considera nem urgente, nem prioritária. Se queriamos melhor prova de que esta é uma questão de resolução urgente, ela chega-nos com as notícias de hoje que relatam o reatar de um processo judicial em Setúbal de um julgamento de uma parteira e três mulheres que levaram a cabo interrupções voluntárias da gravidez. Cada uma delas arrisca-se a uma pena de prisão, para além do trauma da passagem por uma barra de tribunal.

Talvez seja da idade, ou se calhar já esqueceu algumas das questões estruturantes que tanto deve ter debatido em Bruxelas, mas não estava à espera desta falta de "humanismo" de Soares.

Adenda: esta posição de Soares tem muito a ver com as posições e debates defendidos por muitos "liberais" nacionais que, na hora da verdade, parecem todos vacilar e caudicar. Não é, pois, invulgar ouvir alguém defender etusiasta e abertamente a eutanásia, ou os casamentos homossexuais, mas depois considerá-los não prioritários e portanto, na prática, atirar a sua resolução para as célebres "calendas gregas".

A nossa terra

"...a nossa terra não é necessariamente onde estamos melhor; é onde, estando mal, preferimos estar."

Ruy Duarte de Carvalho, in Visão

quarta-feira, março 30, 2005

Coelho, no Rato, acaba de...

...anunciar Carrilho como candidato à cidade de Lisboa e Assis ao Porto. Enquanto o primeiro é uma escolha segura e uma aposta vencedora, o segundo é uma incógnita e está longe de ser uma certeza vencedora face a Rio.

Por agora, fico satisfeito e regozijo-me com o nome que me coube para a minha cidade.

Ler os Outros: "O Reino Flutuante" no Património

Apeteceu-me este título velhinho do Eduardo Prado Coelho, lembrando-me que era aí, num hipotético e virtual "reino flutuante", que eu queria estar. Preferencialmente rodeado das personagens-fracasso de Lawrence Durrell construídas no seu Quarteto de Alexandria. Não me comovem excessivamente os bem sucedidos e os contentinhos da vida. Desprezo a superficialidade banana do "homem médio" e a alegria pateta dos que esperam ardentemente pela sexta-feira para um jantar frívolo entre "casais". Do que eu realmente gosto é da nobreza do fracasso e da erosão do falhanço. No último livro do Quarteto, Clea, a dada altura Justine, que tinha desaparecido logo no primeiro livro, diz qualquer coisa como isto: "vontade de engolir o mundo". É isso que eu sinto. A maior literatura não é feliz e, como diria Pessoa, tem a tremenda consciência disso. Não perceber isto - é a vida que verdadeiramente imita a arte e não o contrário - é andar por cá a ver passar os comboios. Talvez por isso Camus tivesse escrito que o suicídio era a única questão filosófica. Terminado o circo da nossa vida pública, tendemos a voltar-nos para o espelho. Eu não gosto minimamente do que vejo. Tenta e fracassa. Tenta outra vez e fracassa melhor, mandava o Beckett. Eu concordo com ele. Tento e fracasso. Tento outra vez e fracasso sempre melhor.

Utilidades curiosas


Um carregador de telemóveis a manivela

terça-feira, março 29, 2005

Haverá alguma ligação entre as férias do Embaixador Português na Tailândia e os desastres naturais que por lá têm acontecido?

É que é sabido que o Senhor Embaixador estava em Lisboa aquando do Tsunami e estava novamente por cá, quando se registou este terramoto...


O último Garcia Marquez deixou muito a desejar para mim. Começando bem, acaba por, contrariamente a outros livros seus, deixar por explorar uma série de elementos importantes na história que conta e reflexões que faz. Ou nós estamos mal habituados com as suas anteriores obras (especialmente Amor em Tempos de Cólera e Cem Anos de Solidão), ou o escritor está mais cansado que o seu nonagenário protagonista...


Vale a pena ler, ou reler o Questionário Proust, preenchido pelo próprio aos 20 anos, em 1892. De notar ainda a excelente ilustração de André Carrilho, in Vanity Fair.
Basta "clicar" sobre a imagem para a ampliar...

segunda-feira, março 28, 2005

O Jumento pergunta:

"A explosão na esquadra da PSP de Viseu, da qual resultaram duas vítimas mortais, suscita-me uma dúvida: quem é que teve a ideia de destinar a depósito de explosivos uma sala contígua com um apartamento de habitação?"

Cá para mim, os mesmos que têm feito vista grossa aos ataques homófobos que se têm vivido naquela encantadora cidade e autores da seguinte declaração, agora profética, "estas situações acontecem a quem as procura"...

Ler os Outros, no Público de ontem:

  1. O "Referendo sobre o Aborto", por Ana Sá Lopes, em que se chama atenção para a posição sui generis de Marques Mendes sobre o assunto;
  2. ...e o "Anúncio", por Carlos Vale Ferraz, em que se aponta a evolução interessante das questões "fracturantes" e de certas direitas.

Para ler no Economist um texto sobre casamentos honossexuais, do qual extraí alguns excertos, que postei abaixo:

  • In 1948, California's Supreme Court ruled that the state's ban on interracial marriage violated the equal-protection clause of the United States constitution. Advocates of the racial ban had asserted that, because historically blacks had not been permitted to marry whites, the statute was justified. The court, Judge Kramer recalled, had rejected this argument: “Certainly the fact alone that the discrimination has been sanctioned by the state for many years does not supply such [constitutional] justification.” In other words, tradition is no excuse.
  • “One does not have to be married in order to procreate, nor does one have to procreate in order to be married.” Indeed, whereas heterosexual couples who are unable or unwilling to have children are free to marry, “same-sex couples are singled out to be denied marriage.” The state can legitimately, for health reasons, ban incestuous marriages, but the judge, citing the 1948 state Supreme Court judgment, said it cannot discriminate on the “arbitrary classifications of groups or races”.
  • But what if homosexual couples are given “marriage-like” rights by California's new domestic-partnership law—proof, says Mr Lockyer, that a ban on gay marriage is not discrimination? Judge Kramer's response, referring to a 1952 Supreme Court ruling on segregated schools, is dismissive: “The idea that marriage-like rights without marriage is adequate smacks of a concept long rejected by the courts—separate but equal.”
Versão completa aqui

domingo, março 27, 2005

"estas situações acontecem a quem as procura"

J á aqui tinhamos falado disto, mas a frase do texto em causa, a mesma que escolhi para título deste post é demasiado emblemática para a deixar cair. É tão emblemática como a do Juíz que, há uns anos, desculpava uma violação devido à falta de comprimento da mini saia da vítima.

Numa altura em que os polícias acordam chocados com as suas próprias mortes e com a violência que têm de enfrentar, outros polícias, cegamente diga-se de passagem, preferem virar as costas à violência que se abate sobre cidadãos que juraram defender, com violações grosseiras da Lei que se comprometeram a aplicar, tudo em nome dos seus próprios preconceitos.

Também aqui reside um desafio do desenvolvimento de qualquer estado: a aplicação do Estado de Direito, com a efectiva garantia de que todos os cidadãos são iguais perante a Lei e que não há forças policiais acima da mesma Lei.

Estará António Costa atento?

sexta-feira, março 25, 2005

Breve Encontro, Sophia

Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida

Arte genial...não percam!


ler no Público hoje. Fantástico!

quinta-feira, março 24, 2005


Juan Gris, Retrato de Picasso, 1912

Dispenso as amêndoas, eu queria mesmo era a Páscoa

Amêndoas, amêndoas

Será por ser Páscoa e haver um fim de semana prolongado, que as boas notícias se têm sucedido em catadupa?

Primeiro foi o anúncio de que o referendo à despenalização do aborto vai mesmo avançar e talvez este ano ainda.Depois, é a retirada de Ferro Rodrigues da cena autárquica de Lisboa, com a consequente assunção de Carrilho como candidato natural à capital.

Por último, são as notícias dos avanços nas negociações interpartidárias sobre o estabelecimento de regras quanto à definição dos cargos sujeitos a nomeação política. Espero que as negociações se traduzam numa mudança que pode ser nada menos que "civilizacional" entre nós.

Warsaw Village Band


Fui ver ontém. Bons músicos, divertidos, um convite à dança para os mais resistentes.

quarta-feira, março 23, 2005

Campo de Ourique


Cinema Europa
os moradores de Campo de Ourique organizam-se.


...e esta é a capa do livro, de que falo abaixo e que eu procurei esconder enquanto envergonhadamente o lia no voo da TAP.

Confesso

que entre os livros sérios que comprei em Bruxelas, se encontra um bom exemplo de leitura leve, do género "chicklit". O livro, que começou como blog, descreve as aventuras íntimas de uma prostituta de luxo em Londres. É viciante, li-o já quase todo durante o meu voo. E não por ser um livro pequeno, sempre são quase 300 páginas de...

No cavaquistão...enquanto o xerife joga às cartas no saloon

Ano 2005, Portugal, Europa.
Então vamos lá ver se o artigo 13 da constituição é mesmo para valer.

Como não há de estar rico Dias Loureiro (e outros quejandos)?

Seria positivo que quando Cavaco avançasse com a sua candidatura a Belém fizesse algum gesto, ainda que simbólico, de afastamento em relação a este círculo de gente, que embora o tenha rodeado enquanto primeiro-ministro, não o deverá rodear enquanto Presidente.

terça-feira, março 22, 2005

À chegada, sem "manga"

Mal o avião aterrou em Lisboa dei por mim a pensar e a desejar uma "manga" (e não era fruta). Mas não tive sorte nehuma, parece que os voos da TAP estão condenados a despejar os seus passageiros em autocarros...mesmo que seja só para andar 500 metros, entre o local de paragem do avião e o edifício. Mistérios à portuguesa, numa hora em que se viam "mangas" penduradas e abandonadas, tristes concerteza e cheias de vontade de se acoplar a qualquer avião, mesmo aos nacionais...

Concerto 46664


Annie Lenox
"We have come here tonight to bring your attention to an unacceptable situation."
"What I have to say is going to alarm you …and you need to be alarmed in order to wake up to the fact that the AIDS crisis has reached unprecedented epidemic proportions." "Among man, women and children, here and in other parts of Africa, AIDS is effectively causing mass genocide." "Let me give you some facts…"
"In Africa, more people are wiped out by AIDS every year, than in the entire Asian tsunami disaster." "There are probably 25,000 people here in the stadium tonight…look around and take it in…now double that number…every day, more than two stadiums like this become infected with HIV.
And for every ten that are infected…six are women."
"In this society women are powerless and vulnerable to the whims of men who refuse to practice safe sex and use condoms." "How can we implement awareness and change the notion that it’s acceptable for women to be exposed or forced in to having unprotected sex? This needs to change. Women’s rights have to be asserted and implemented." ...
"In fact…we are at war, but the nation is asleep. A silent serial killer stalks the land. It murders millions of men, women and children as we ignorantly and passively stand by and watch." "This is completely unacceptable. We absolutely must respond. We cannot allow this to happen. We need to take urgent and effective action right now."

Da Desilusão

Hoje, falando com a minha mãe sobre o debate no Parlamento, ela disse-me algo que acho bastante importante. Ela dizia-me que só esperava que Sócrates não se desiludisse com o país e com isso acabasse por pôr em causa o seu projecto governativo.

De facto pensando bem, a desilusão que alguns dos nossos líderes sentem a partir de certa altura, quando acham que já podem "cobrar" resultados do seu trabalho e do da equipa por si liderada e depois os resultados não existem, ou são parcos, tem sido notóriamente uma das razões para a perda de qualidade das suas acções e uma explicação para alguns abandonos. Espero que Sócrates saiba resistir com a mesma energia e motivação aos dissabores futuros, como soube hoje responder aos ataques dos partidos da oposição no Parlamento.

segunda-feira, março 21, 2005

Ainda a propósito do post de dia 20 - ora aí está uma notícia...


um publicitário preocupado - Rafael Iglésias

Poesia, Dia Mundial

Um poeta - Jorge Palma

Frágil (I)
Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
Frágil Sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
FrágilSinto-me frágil
Frágil Esta noite estou tão frágil
Frágil Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal Este Whisky de malte
Adorava estar "in" Mas estou-me a sentir "out"
Frágil Sinto-me frágil
Acompanha-me a casa Já não aguento mais
Deposita na cama Os meus restos mortais
Frágil Sinto-me frágil
Frágil Esta noite estou tão frágil
Frágil Já nem consigo ser ágil

Ontem o Marcelo da RTP já me fez lembrar o da TVI. Ontem recomeçou o seu jogo de urdiduras subtis e inteligentes.

Continuo sem perceber o que lá faz aquela jornalista Sousa Dias...

As notícias que chegam de Policias abatidos na Amadora

com o choque de uma situação que não é ainda frequente, leva-de directamente à mesma questão colocada por João, no "Património":

Por que é tão difícil encontrar, em democracia, um patamar de equilíbrio cívico que simultaneamente evite a deriva securitária e o garantismo suicidário?

Mar...


Raramente um filme me comove de forma tão profunda. Javier Barden pretence a um grupo de actores que se enfia nos personagens da mesma forma que a figura central nos fala do mar (adentro). Fantástico!

domingo, março 20, 2005

Ora aí está uma notícia em que me custa...

acreditar e concerteza um bom primeiro teste para esta nova equipa da saúde. O que irá a Igreja Católica fazezr? Apelar à não utilização do preservativo? Como têm feito até aqui...

Já há muito tempo que não faz sentido (se alguma vez fez) ter médicos à frente da CNCLS, aliás os resultados estão à vista. Esperemos que o Ministro da saúde esteja atento a mais este grave desenvolvimento e mais este passo na inepta gestào de Meliço Silvestre.

Não fumo, bebo muito de vez em quando..

e é assim que eu me jusifico com a falta de parcimónia e moderação noutras áreas, como com os livros. Desde que aqui cheguei já comprei alguns 10, que se vão juntar aos muitos acumulados, à espera que eu arranje tempo para os ler.

Mas nestas matérias de livros penso um pouco como a personagem principal do Leopardo ( livro de Tomaso de lampedusa) que a certa altura quando questionado sobre o tamanho e a disposição dos quartos do seu palácio de Verão, respondeu que nunca lhe passara pela cabeça conhecer todas as dependências do mesmo, nem sequer saber quantas havia. Eu, não vou tão longe, espero um dia poder dizer que ao menos passei os olhos, ou entreti-me com algumas passagens da maioria dos meus livros...

Estou curioso...

...quanto à reacção europeia sobre a candidatura de Wolfowitz à Presidência do Banco Mundial. Será que os europeus vão utilizar a maioria dos votos que detêm na administração daquela instituição para bloquear aquele campão do neoconservadorismo? Aliás, à semelhança do que os americanos fizeram, há alguns anos atrás, ao vetarem de facto o nome que os europeus propunham para o FMI (havia a tradição, até então, de que os europeus nomeavam o presidente do FMI e os americanos o do Banco Mundial).

Ou, pelo contrário, será que no interesse do maior degelo das relações transatlânticas, será este burburinho, que se ouve em algumas capitais europeias, much ado about nothing?

Ler os Outros

N'O Melhor Anjo, uma das melhores descrições de Londres, em "Acho que vi o Jude Law"

sábado, março 19, 2005

A popularidade do Senhor Bolkenstein

Hoje, em Bruxelas, assisti a uma das maiores manifestações de aue me lembro. Tratava-se de um protesto europeu ( e sim lá estavam os inevitáveis UGTs) contra uma proposta de um Senhor chamado Bolkenstein (que já não está em Bruxelas) que visa uma maior liberalização dos serviços na UE, com a consequência de que os mesmos passam a ser regidos pela lei do estado donde são oriundos, o que está-se a ver visa promover uma concorrência selvagem entre estados, quer q nível fiscal, quer ao nível da legislação laboral, social, segurança no trabalho, etc.

Ou seja, trata-se de desferir mais uma machadada ao modelo europeu de desenvolvimento, por aqueles que acham inevitável o avanço do neoliberalismo económico (atenção que os mesmos já são conservadores no que respeita ao neoliberalismo social). Uma coisa é a promoção das reformas necessárias à manutenção do Estado Social Europeu, outra é a sua delapidação de tal forma profunda que o torne irreconhecível e c om maiores pontos de identidade com o sistema americano ( o mesmo em que os indices de mortalidade infantil, ou de população a viver abaixo do limiar da pobreza foram já ultrapassados por muitos estados "em vias de desenvolvimento").

A manifestação, no seu misto de marcha popular e carnavalesca, não deixou de impressionar, pela dimensão e pelo aparato. Estarão Durão e os seus donos atentos?

Não se encontram artigos sobre isto em Portugal

Por alguma razão, nos tempos que correm chegam-nos poucas novas de Espanha. O derrube de uma estaatua de Franco, a uultima em Madrid é apenas um dos muitos fenoomenos transformadores e, creio eu, indiciadores de maior desenvolvimento que Espanha estaa a atravessar.

sexta-feira, março 18, 2005

Delícia de baunilha

Licenças de paternidade: sim, ou não?

Os quartos de hotel, quando são bons, apetece ficar neles, deitar atravessado nas sempres gigantescas camas e pedir room service, enrolado num roupão, com o remoto controle a fazer zapping furioso na TV cabo local. Ontem apanhei fragmentos de um documentário da RTP sobre a presença portuguesa no Sudeste Asiático, com histórias de aventureiros destemidos, a fazer lembrar o Sandokan, não fora o pouco happy ending e um documentário tipo "fly in the wall" da BBC sobre crianças mal educadas e os seus pais impotentes e também muito mal educados. Este último programa incomodou-me, afinal, nós não temos a exclusividade da imbecilidade, ou falta de valores. O que mais me espantou foi, não o comportamento ao género Lord of the Flies das crianças, mas a total falta de referências dos pais, que depois de serem insultados e agredidos ainda tinham receio de dizer não e basta. Por falta de referências, não se julgue que estou com isto a advogar o regresso de uma educação religiosa, a qual acho que para resolver uns problemas de um lado, cria outros de outro lado.

Mas será que nao se deveria ter de tirar uma licença para se ser pai e mãe? se para se poder adoptar é necessário seguir 1001 procedimentos. Se para se conduzir é preciso estudar e passar dois testes. Não me parece nada bem que para se ser pai e mãe seja só necessário ter os respectivos no sitio e em bom estado de funcionamento.

confesso que me faz sorrir...

O cromossoma Y é minúsculo, em comparação com o bem nutrido X, mas julga-se que têm uma origem comum: há mais de 300 milhões de anos, eram um par de cromossomas comum, mas sofreram modificações que os tornaram essenciais para determinar o sexo dos mamíferos (nos répteis o sexo do embrião depende da temperatura do ovo). O cromossoma Y tornou-se um deserto genético - tem só cerca de 100 genes. O X é grande, embora não tenha assim tantos genes como se poderia supor: os mais de 250 cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha que o analisaram em pormenor identificaram 1098. Mas os genes do X são muito importantes.

Dar o salto

Todas as cidades têm fronteiras, parte do prazer de as conhecer reside, precisamente, em desocbri-las e, depois, atravessá-las. Foi o que fiz, onde me encontro. Peregrinei, por assim dizer, até à minha velha casa. Aqui até 5, 6 anos, são suficientes para apagar e transformar os passeios, algumas lojas, o jardim, mas não chegaram para obliterar por completo o meu velho nome, que a campaínha orgulhosamente ostenta. Recuando alguns passos, olhei para cima, para aquele último andar encavalitado num prédio "palitar" e imaginei, mas ó por segundos - é que não sou grandemente dado a nostalgias - quem viveria agora ali e como viveria ali, se como eu, ou não.

Aquela minha casa já ficava próxima da fronteira desta cidade. Uma fronteira que eu avistava da minha janela, entre o primeiro mundo e um terceiro e qurto mundos (como gostam de lhes chamar). Entre uma vida familiar burguesa e repetitiva e a aventura, a angústia e o prazer. Viver à beira da fronteira, mostra-nos, todos os dias, o plano de fuga, a saída de emergência.

...e molhei os lábios naquele chá quente mentolizado.

quinta-feira, março 17, 2005

Colecção Champalimaud vendida na Christie's em Londres

Faz parte da miséria intrinseca deste torrão à beira-mar plantado, que um dos seus homens mais ricos, tenha uma colecção em que as estrelas são um Fragonnard, ou um Canaletto. Em qualquer outro país, já nem digo europeu, um magnata, de menores recursos teria, por exemplo Picassos, Matisses, Lautrecs, ou, para ser "moderno" um Dali, um Pollock, ou um Bacon. Mas, o problema está no facto da nossa mediocridade não estar cingida às chamadas classes menos favorecidas, mas alargar-se (e conhecer aí alguns dos seus expoentes diga-se de passagem) às classes, pelo menos, economicamente mais privilegiadas. Esta ausência de elites, que, entre outras coisas, saibam apreciar arte, é seguramente um dos dramas nacionais.

quarta-feira, março 16, 2005

Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque


Lisboa 18.19.20 Março 2005
Auditório da Torre do Tombo
Alameda da Universidade

Um inquérito suspenso...

O inquérito do Público sobre o alargamento da venda de medicamentos sem receita médica, teve de ser suspenso, porque foi detectada uma fraude. Cá para mim, está aqui o dedo da associação nacional de farmácias, que vê o seu império ameaçado.

Livros e viagens

Para mim sempre houve livros que também fizeram viagens, ou melhor que fazem parte das recordações de uma viagem em particular. Nesta em que me encontro, esse livro é "Sharon and MyMother-In-Law", um livro auto-biográfico, em que uma mulher académica palestiniana descreve o seu dia a dia sob ocupação. Longe de ser um longo relambório comiserativo, apesar de ter os seus trechos, este livro mostra-nos o sublime que pode ser o espírito na maior das adversidades.

Vai ficar na minha memória a forma como Suad Amiry afirma poder perdoar a Sharon a destruição do centro histórico de Nablus, ou as sucessivas restrições aos movimentos dos palestinianos, mas só nunca conseguirá perdoar-lhe que os bombardeamentos israelitas a tenham obrigado a acolher a sua sogra.

terça-feira, março 15, 2005

Pois não, pois não,

é mesmo soo (desculpem a falta de acentos, porque por vezes não os encontro neste de,oniiaco teclado) para terminar a boa obra começada.

beneficios inesperados


As epidemias que arrasaram a europa na idade média parecem ter conferido aos europeus, pelo menos a 10% deles, resistência à infecção pelo VIH, segundo um artigo da revista Nature.
Uns acham que foi a peste , outros a varíola. A realidade é que uma mutação que afecta uma proteína chamada CCR5, que está presente nos glóbulos brancos, previne a entrada do VIH nestas células e como tal o vírus não consegue destruir o sistema imunitário.

segunda-feira, março 14, 2005

Dominique Fernandez


Li pela primeira vez um livro dele nos anos oitenta e gostei. Chamava-se Dans la main de l'ange.
Na minha caminhada pelas ruas de Paris, no domingo passado, lá encontrei uma livraria aberta e não resisti a espreitar. Encontrei o último livro deste autor e não resisti.
Título - Sentiment Indien - e segundo diz na contra capa não é nem um guia nem uma explicação sobre este país, apenas um registo de um viajante por diversas regiões da Índia.

Um dos autores deste Blog vai-se, novamente ausentar durante uma semana, postarei quando possível.

doem-me os pés...


Paris faz-me dor nos pés... de tanto andar.
Estava frio, mas não chovia, portanto andei kilómetros de Montparnasse à l'hotel de Ville, Notre Dâme e Centre Pompidou, para ver a exposição DIONYSIAC. Valeu a pena.

domingo, março 13, 2005

As Mulheres do PS

é o título da crónica de Pulido Valente, hoje no Público, a qual vale a pena ler. Afinal de contas o que pode significar o objectivo da paridade? E a que custo estamos dispostos a pô-lo em prática? E que lugar deve a realpolitik ocupar no meio de toda esta discussão?

Uma original forma de outsoorcing...

sexta-feira, março 11, 2005


Sem Título, Sonia Delaunay, 1917

No Reino Unido não se discute agora a luta contra o terrorismo, mas o futuro da democracia.

Ao abrigo da chamada Guerra contra o Terrorismo, os EUA primeiro e o Reino Unido agora põem em causa os alicerces do Estado de Direito e as próprias regras da democracia e direitos humanos. Quanto aos EUA enough has been said. Já, quanto ao RU, a acção do governo Blair tem passado relativamente despercebida internacionalmente. Numa primeira fase, o governo de Sua Majestade aprovou um acordo de extradição com os EUA que permite a estes últimos requerer o transporte de qualquer suspeito para ser julgado no seu território. Claro que este acordo já foi utilizado para tudo, menos para terroristas. Agora, discute-se, com carácter de urgência, uma lei nos Comuns, que permitirá ao Estado deter, por tempo indeterminado, sem acusação cidadãos suspeitos de terrorismo. Bem sei que o terrorismo não tem regras, mas não devemos nós manter as nossas, recusando qualquer cedência ou pôr em causa os nossos princípios fundamentais?

Veja-se e compare-se com a resposta de Espanha ao 11 de Março, agora que passa um ano sobre aquele atentado.

Bons augúrios?

Gostei, quer do cancelamento da cerimónia monarquico-republicana do beija mão das tomadas de posse, com filas imensas de gente acotovelando-se para deixar um bem haja aos ministros e primeiro ministro, quer do facto de ontem Sócrates ter estado a tarde toda no Parlamento, por sinal com Carrilho à sua direita.

Ler n'O Jumento: E AS MULHERES?

O que o João não compreendeu no meu post “Acalmia” foi que eu estava tão só a pedir que a blogosfera continuasse a fazer em relação à maioria PS, o que soube fazer tão bem em relação à maioria anterior. Pedia que não deixasse passar um erro, um abuso de poder, ou uma prepotência em branco. Até porque os tempos que vêm serão difíceis e requererão uma cultura de exigência e responsabilidade pouco usual entre nós.

O que o meu amigo João não compreendeu no meu post “Acalmia” foi que eu estava tão só a pedir que a blogosfera continuasse a fazer em relação à maioria PS, o que soube fazer tão bem em relação à maioria anterior. Pedia que não deixasse passar um erro, um abuso de poder, ou uma prepotência em branco. Até porque os tempos que vêm serão difíceis e requererão uma cultura de exigência e responsabilidade pouco usual entre nós.

quinta-feira, março 10, 2005

Acalmia

Tenho lido alguns "posts" sobre a acalmia que se tem vindo a registar na "blogosfera" após as eleições de 20 de Fevereiro. De facto, temos razões para estarmos todos mais serenos e tranquilos. Mas não temos razões para baixar os braços e desistir de utilizar a "blogosfera" como uma das mais criativas e eficazes armas da cidadania a surgir nos últimos anos (certamente mais eficaz que os tribunais que se demitem diariamente dessa função).

Creio que teremos, enquanto sociedade e estado, desafios estruturantes pela frente. Desafios esses que exigirão de todos consciência de quais são e do que é necessário fazer para os ultrapassar com sucesso. Creio que os Blogs, também aí, poderão desempenhar um papel análogo ao desempenhado, nos últimos três anos, com a denúncia dos sucessivos erros cometidos pela dupla Barroso-Lopes.

Mas, por agora, podemos, ainda que só momentaneamente, respirar de alívio.

quarta-feira, março 09, 2005

O Processo, ou “À Procura do Update Perdido”

Numa altura em que tanto se fala em ganhos de eficiência e produtividade e de como o sector público do estado nos arrasta a todos com a sua ineficácia e lentidão, vale a pena ler esta história sobre uma grande empresa do sector privado:

Estava o J muito satisfeito com a TMN que lhe acabava de atribuir um Telemóvel novinho em folha. Ele, que pertencia à Direcção de Grandes Clientes, mas que até nem ligava muito ao facto, nem às novas tecnologias. Mas, pronto após três anos sem mudar o equipamento, deixou-se entusiasmar pelas facilidades empresariais e novidades da Nokia, que por acaso eram bestiais.

Há cerca de uma semana lá chegou o prometido aparelho, topo de gama, com uma série de funcionalidades que irão levar alguns meses a explorar. E os primeiros dois, três dias foram uma alegria, cada vez que o telefone tocava, com aqueles sons, chamados “polifónicos”, mesmo que fosse o chefe a chatear com alguma coisa, ele era só alegria e sorrisos. Até que o gestor de conta o informou de que naquele aparelho tinha sido detectado um pequeno problema que ele poderia resolver com um “update” de software, que poderia ser feito, cria o gestor de conta, em qualquer “mega store” da TMN. Pelo que J, apreensivo, mas esperançoso de que os “5 Milhões” não poderiam estar enganados em relação ao seu operador de telemóveis, lá se dirigiu à TMN mais próxima, no Fórum Picoas, onde após 30 minutos de espera, lhe disseram que ali não podiam resolver nada. J teria de se dirigir à TMN na Avenida da Republica.

Uma vez lá chegado, J, munido do seu topo de gama e recordado da explicação do seu gestor, de que era só um “update”, leu atentamente a sinalética da loja da TMN e hesitou entre a assistência técnica, em que só se tiravam senhas para entregar telemóveis avariados e para levantar telemóveis reparados e pensou para consigo e convenceu-se que ali não poderia ser. Pelo que se dirigiu novamente ao balcão de empresas da Avenida da Republica, onde após uma espera de 15 minutos, lhe foi dito o que mais temia, que teria mesmo de ir à assistência técnica.

Lá chegado, tendo sido imediatamente atendido, ninguém percebia o que tinha de ser feito. Contactada a Direcção de Grandes Clientes, não estava lá ninguém quer com acesso à sua ficha de clientes, quer que conseguisse explicar bem o problema. Após grandes discussões entre colegas, lá se consegue chegar a uma conclusão, era preciso reinstalar o software. O próximo passo era o de recolher informações sobre o J, qual era a sua empresa, número de contribuinte e o de pedir um documento comprovativo da aquisição que funcionasse como garantia. Claro que J, a quem tinha sido dito que ia fazer só um “update”, não lhe passou pela cabeça que o aparelho ia ser reparado e que portanto precisava do documento da garantia, pelo que não o tinha consigo.

Nesse ponto, e como o atendedor quer dar o caso por terminado e mandar J, que por acaso é um trabalhador ocupado, com muito trabalho mesmo e que começava a ficar exasperado com todas estas demoras e com duas reuniões que se aproximavam, voltar no dia seguinte a ir lá, munido do documento. Ao que J pediu para falar com o supervisor, que se prontificou para telefonar à Direcção de Grandes Clientes, para que enviassem por fax o documento em falta. Só que àquela hora, perto das 18horas, naquela Direcção, já tinham desligado as aplicações, pelo que não poderiam fazer mais nada, até ao dia seguinte.

Também na loja, não aceitavam o equipamento, sem o documento. Se J o lá deixasse, eles enviá-lo-iam para a morada de J, sem qualquer “update”. Pelo que não restou qualquer alternativa a J, que no seu trabalho não funciona assim, a desistir. A desistir da sua fé na inteligência dos 5 Milhões da TMN. A desistir de duas horas do seu tempo e da crença nos funcionários da TMN. A desistir da bondade dos “updates” e, pior que tudo, se calhar a desistir do seu novo equipamento, que só lhe vai trazer maçadas e gastar tempo que ele não tem.

A situação das mulheres em Portugal

No fim da década de 90, as mulheres já tinham ultrapassado os homens na população universitária em todos os países da UE, menos em três, Áustria, Alemanha e Holanda. "Quando isso ocorreu em Portugal, a reacção foi violenta. Todo o debate se orientou para a culpabilização das raparigas", afirmou Lígia Amâncio. Em todas as profissões qualificadas, da ciência, ensino superior, medicina e magistratura, em Portugal, mais de 40 por cento são mulheres. Mas, refere Lígia Amâncio, apesar disso o decreto-lei que regula as condições de substituição dos docentes do ensino superior "é omisso no que toca à licença de maternidade e paternidade".


Mark Rothko, Sem Título, 1949

Tenho acompanhado, com atenção, o debate em torno dos resultados de um estudo sobre justiça e imigrantes. A partir deste estudo conclui-se que os imigrantes têm uma justiça de mão pesada, mais penalizadora que, proporcionalmente, os cidadãos nacionais.

Claro que muitas vozes se levantaram já para reclamar contra esta putativa discriminação. Ainda não ouvi ninguém dizer que este desequilíbrio poderá ter simplesmente a ver com o facto de que a falta de integração e de oportunidades, que muitos imigrantes enfrentam, poderá levar, também muito simplesmente, a mais elevados índices de criminalidade entre a população imigrante, ou dela descendente, do que nos indígenas.

Depois, ainda ninguém disse que até os próprios indígenas são discriminados, diariamente, pela justiça em função de factores tão prosaicos, como nome de família, ou rendimentos.

terça-feira, março 08, 2005

Manias, Cesário Verde, 1874

O mundo é velha cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca

Bom filho à casa torna

  • Acabo de ouvir que Lopes está prestes a anunciar o seu regresso à CML e Carmona Rodrigues a anunciar a sua saída.

  • Dizem-me que na Câmara os trabalhadores comentam em surdina a hipótese de protestos e até de uma greve.

  • Agora só espero que seja Lopes o candidato do PSD, por Lisboa, nas autárquicas.

Dicionário no feminino

hoje pela manhã do dia internacional da mulher ofereceram-me este livro.
Pretende dar visibilidade ao universo das mulheres que, com actuação diversificada no espaço público numa afirmação de direitos e cidadania, contribuíram para a História das Mulheres em Portugal

Estranha forma

esta do DN assinalar o Dia Internacional da Mulher

Ecos do Realismo, Cesário Verde (1874)

Impossível

Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.

segunda-feira, março 07, 2005

voar num pássaro pequeno


Já sabia que este percurso existia,
Bragança
Vila Real
Lisboa
mas nunca tinha experimentado. E gostei. É um avião pequeno, mas com aspecto seguro e a vista é fantástica num dia frio, sem nuvens e cheio de sol.

A melhor proposta para o Parque Mayer

surge hoje no Público, pela mão do Arquitecto Rui Valada, com a criação de um jardim que fizesse a ligação do Jardim Botânico à Avenida da Liberdade, permitindo um maior usufruto daquele "quase abandonado" espaço e enriquecendo a vivência da Avenida, hoje despojada da sua valência de Passeio Público, excessivamente urbanizada e poluida.

Irá alguém ouvi-lo?

On a lighter note...

O Briteiros declara o seu amor a Camilla Parker Bowles e eu concordo com ele.


Fernand Leger, Les Constructeurs Sur Fond Bleu, 1951. Porque hoje é segunda-feira, é altura de voltar ao trabalho...

domingo, março 06, 2005

O Sentimento D'Um Occidental, Cesário Verde

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, ha tal melancholia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de soffrer.
(...)

O Fim do Namoro

Acabo de ouvir na rádio uma notícia que me espantou. O CDS prepara-se para mandar embrulhar o retrato de Freitas que tinha pendurado, ao lado de todos os ex-líderes do partido, na sua sede ao Caldas, para enviá-lo para o PS. Por muita estranheza e mesmo alguma preocupação (por algumas declarações suas em relação ao Senhor Bush & Cia) que possa causar esta nomeação de Freitas para o governo, esta última fita dos populares do topo da Rua da Madalena, faz lembrar o final das relações de namoro na adolescência com a devolução dos presentes trocados: «Ai já não queres ser a minha namorada!?! Então toma lá este anel e perfume que me deste no ano passado! O quê, queres vir cá buscá-los? Não senhor, eu mando-tos, por um amigo

O fim do recolher obrigatório

Em boa hora Sócrates terminou o estado de recolher obrigatório em que o processo governativo parecia estar desde as eleições. Em boa hora porque, por um lado, coordenou um processo em que não houve grandes especulações, nem visíveis lutas e, por outro, porque quem teve primeiro conhecimento do elenco governativo foi o Presidente como aliás deve ser.

Quanto ao governo em si, o balanço global é positivo. Se atentarmos a casos individuais, varia entre o muito bom e a incógnita. Veja-se António Costa e Silva Pereira. Já no que toca à prometida renovação, se ela for equiparada ao recrutamento dos famosos independentes, temos então alguma renovação.

Os dias seguintes ao anúncio do elenco governativo foram já pontuados por alguns incidentes, perfeitamente evitáveis. Foi o caso das declarações do indigitado Ministro das Finanças, acenando com um possível aumento de impostos e a afirmação de Freitas, em que diz que só aceitou entrar para este governo depois de tomar conhecimento de todos os nomes que o compõem. Um levantou uma lebre antes de tempo e, portanto, desnecessariamente, o outro, acaba por pôr em causa Sócrates.

Como diz o João, no “Portugal dos Pequeninos”:

O que teve de avisado o silêncio do primeiro-ministro indigitado no processo de constituição do governo, faltou, na primeira oportunidade, a Campos Cunha e a Freitas do Amaral.

Este governo pode e deve aproveitar, prolongando ao máximo, o seu estado de graça. O problema é que estas actuações individuais não ajudam a que isso aconteça.

sexta-feira, março 04, 2005

O Regresso da Múmia, Parte II

Não me espanta o cenário do regresso de Lopes à presidência da CML. Embora tenha amigos que lá trabalham e que não gostarão do que eu agora defendo, penso que a CML é o local indicado para o fim natural desta fase da vida do Guerreiro Menino.


Fernand Leger, Les Loisirs sur Fond Rouge, 1949. Porque enfim é fim de semana!

Silva Pereira, o "castigador" e Coimbra: enfim, isto acaba de começar e já não há pachorra!

O Recolher Obrigatório

O PS parece que entrou em recolher obrigatório nas últimas semanas, o que até em si não foi mau, mas fez com que as expectativas se elevassem em relação ao governo que aí vem. Ora, como nem o governo que aí vem será perfeito, nem os nossos valorosos media e bloggs irão conceder muito mais tempo de benefício de dúvida a Sócrates, é importante que este momento de recolhimento não dure muito mais tempo, para que voltemos todos, o mais depressa possível, ao mundo real.

Urgente ler "A Testemunha de Acusação" e "Os Atrasos da Justiça" no Random Precision

sobre um dos maiores desafios de Sócrates: a reforma da justiça. Uma das áreas que contiuam teimosamente a dificultar o desenvolvimento do país.

quinta-feira, março 03, 2005

Estará Sócrates a pensar assim?

A 3 de Março de 1912, Kafka escrevia:

"...Ainda vislumbrei a hipótese de um bom estado de espírito, de modo que não havia grande razão para me acusarem."


Henri Matisse, La Musique, 1949

Ler no Jumento: O REGRESSO INFELIZ DE CAVACO SILVA

Bem observada, pelo Nuno Pinho aka Resistente Existêncial, a perda de qualidade que implicou a evolução do site do Público e a melhoria verificada pelo site do DN:

"Pelo menos em matéria online, inverteram-se os círculos evolutivos do jornalismo de referência."

Já repararam como se liga pouco aos, cada vez mais frequentes, dislates da Igreja nos tempos que correm?

Claro que é também por esta visão, muito pouco tolerante, mas compatível com os verdadeiros ensinamentos da doutrina Cristã, que é urgente manter a natureza laica do estado e ter cuidados constantes com a nomeação de certas figuras assumidamente Católicas para certos lugares.

gosto deste escritor e gosto de Nápoles


Un homme contrarié quitte Marrakech et part a Naples, fuyant un désastre conjugal et une vie étroite. Sur place, il découvre un batiment extraordinaire et délabré: l'Auberge des Pau-vres, édifiée jadis par Charles III soucieux de se faire pardonner la munificence de son propre palais. C'est dans ces souterrains obscurs qu'il découvre une vieille femme, saisissante matrone fellinienne. Autour d'elle gravite tout un petit peuple de personnages meurtris par la vie, dont les histoires vont s'entremêler et mystérieusement se rejoindre. Plusieurs femmes emblématiques, rêvées ou réelles, habitent cet extraordinaire roman, au centre duquel s'expriment la quête de l'amour, la passion perdue et la compassion espérée.

quarta-feira, março 02, 2005


Henri Matisse, La Leçon de Musique, 1917

A CML

Outra das corridas que tornou a ganhar fôlego, após as eleições legislativas, foi a das autárquicas. A prova está na discussão em torno do nome do candidato do PS para Lisboa, a qual tem sido lançada, quer pelo inevitável DN, quer por alguns Blogs. Aparentemente Ferro está a ganhar alguma notoriedade nesta corrida. Não obstante a minha simpatia natural por Ferro e a consciência de que deverá ter sido vítima de uma situação enormemente injusta, continuo a preferir Carrilho para meu edil.

Lisboa precisa, não só de obras e conservação, mas de um pensador que saiba onde tem de se apostar para tornar a colocar a cidade no roteiro das capitais europeias, donde saiu nestes últimos anos. Carrilho parece-me ser o homem indicado para essa missão.

Assim escuso eu de escrever o mesmo, com outro sujeito...é que o João já o fez:

DO CABARET PARA O CONVENTO

Um amigo enviou-me uma "sms". "Isto está mortiço", queixava-se ele. É verdade. O sossego "socrático" corresponde à "mudança" no registo geral da pátria. Foi como se, em uma semana apenas , tivéssemos passado "do cabaret para o convento". Como diz o outro, habituem-se.

Estranho museu


Em Boston levaram-me a este museu. Estranha forma de colecionar obras de arte e de as manter. A casa foi construída com pedaços comprados pelo mundo e aí aloja as mais diversas obras de arte. A fundadora escreveu no testamento que nada pode ser alterado e que alguns dos quadros não têm sequer o nome do autor para estimular a criatividade.
Podem-se admirar, entre outras obras de arte, quadros de Rembrant, Botticelli, Raphael, Manet, Matisse, por entre esculturas do egipto, janelas de Veneza, cadeiras de igrejas francesas, paineis japoneses e muito mais a encher os olhos!

terça-feira, março 01, 2005


Georges Seurat, Un Dimanche après-midi à l'Ile de la Grande Jatte, 1884. Porque continua a estar frio...

Apesar de não achar o método de Saldanha Sanches de chamar a nossa atenção para o fenómeno da corrupção e incompetência nas autarquias locais particularmente brilhante, também não considero que Fernando Ruas, o qual aparece sempre nestas ocasiões como um fanático hindu a proteger as suas "vacas sagradas" que são os autarcas, ao prometer processos judiciais compreenda lá muito bem o que é esta coisa da democracia.

Bom Dia

Há manhãs assim, frias, azuis e cristalinas.


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