Fahrenheit 9/11
Fui ver ! cada vez mais actual e complementa o post abaixo sobre factos e números.
«Unless I write something, anything, good, indifferent or trashy, every day, I feel ill.» W. H. AUDEN & «Thanking the public, I must decline/ A peep through my window, if folk prefer/ But, please, you, no foot over threshold of mine» House, Robert Browning, 1874
Li, hoje, uma afirmação de Dias Loureiro, Cardial Richelieu deste regime, que me deixou pasmado: "Quando saí do governo, tive imensos convites para entrar no mundo das empresas. Recusei-os todos."
Ontem foi votada favoravelmente uma moção de confiança ao governo liderado por Santana Lopes, com os votos do PPD/PSD e do CDS/PP. Tal bastou para que Santana considerasse sanadas quaisquer dúvidas relativas à legitimidade do seu governo. Como se uma votação de deputados, neste caso em si próprios, substituisse o valor de eleições legislativas.
You swine, you bastard, upstart,
Está calor. O ano, até agora, teve poucos feriados e ainda menos "pontes". Os salários reais não aumentam há, mais ou menos, dois anos. O nosso Primeiro Ministro, que nos dizia que os sacrificios que faziamos tinham um fito, foi-se embora. O nosso Presidente achou que seria um maçada convocar eleições, pois iria perturbar a direita no poder e a economia nacional, a qual vê-se continua o seu processo de espampanante recuperação. Os fogos recomeçaram, sem que os prometidos meios aéreos tivessem chegado. Entretanto quem chegou foi um novo primeiro ministro cozinhado a partir de um conclave de muito pouco aristocráticos Barões. E com este novo Primeiro Ministro também temos novo governo, novos ministérios, ou serão mistérios. Algumas pastas até guardam supresas aos próprios titulares. Entretanto na oposição, o líder bateu com a porta também, o que tem deixado os Verdes ao leme. Ainda no principal partido da oposição, discute-se agora quem vai ser o próximo líder. Aparentemente o Sócrates leva vantagem, mas já lhe apareceu um Alegre a morder as canelas e um Soares Junior a querer levar tudo pela frente. Hoje, o Sócrates dá uma entrevista em que mais uma vez promete modernismo, mas em que alguns temas se fica por uma metade, não racional (veja-se o caso da adopção por casais homossexuais) e noutros ao afirmar não querer, nem poder agradar a todos deixa antever algumas dúvidas quanto a pusilanidade guterrista. Do outro lado o Lopes bombardeia-nos, crê ele para nosso benefício, com entrevistas a torto e a direito, todas as circunstãncias e locais servem, desde os palácios, que ele vais passar a habitar, aos cemitérios que ele vais visitar. Nem os mortos se escapam às sessões de um primeiro ministro permanentemente compungido.
Nesta quarta-feira pudemos todos assistir à segunda parte de um mau espetáculo, o qual se fosse levado à cena num teatro qualquer, ou seria apupado pela má organização, ou aplaudido como comédia em que se transformou. Foi confragedor ver aqueles actores todos por ali perdidos, em busca de argumento, suando sob os fatos, ou sedas de fino corte, desesperados por saber se os seus papeis teriam sido também trocados, sem que terem sequer tempo para um último ensaio geral.
Lido no Spectator, a coluna Low Life de Jeremy Clarke:
Começou já. Os partidos, os jornais, a própia opinião pública já não deram por terminado o estado de graça, a que os governos têm normalmente direito nos primeiros seis meses de actuação. Tenho ideia que o principio do fim desse estado de graça se deu logo na Ajuda no sábado passado com o esgar de surpresa de Portas ao saber que tutelava também o Mar, esgar esse sinónimo da ausência da mais elementar coordenação e organização interna dese governo. Hoje continua com as acusações a Nobre Guedes de conflitos de interesses entre o seu passado profissional e as suas futuras obrigações governativas. Trata-se de um conflito de interesses de tal forma grave que quase nos leva a questionar porque não será, por exemplo a Sociedade Ponto Verde, a pagar-lhe o salário de Ministro em vez do erário público.
O Público de hoje traz um extenso artigo sobre um livro de Fareed Zakaria que é um colaborador regular da revista Newsweek. No decurso da sua colaboração com a tal revista Zakaria tem assumido algumas posições de coragem, contra algumas políticas Bushistas, mesmo que só o faça na edição internacional da Newsweek, que não é distribuída dentro dos EUA.
"Estranho" que os vários artigos que saíram em publicações de referência internacionais não tenham encontrado o eco habitual na imprensa nacional. Só para apontar alguns, tivemos recentemente um artigo de quase uma página inteira no Sunday Times que falava dos meandros intimos da passagem de poder entre Durão e Santana, referindo que ambos teriam estado em desacordo a propósito de problemas conjugais...
Entre 8 copos de água e papeis baralhados tomou posse este fim de semana o Santana Lopes. Depois de várias vénias ao seu comparsa Sampaio e de se abraçar a algumas centenas, senão milhares de pessoas que se deslocaram à Ajuda, atirou cá para fora com uma promessa de redução do IRS, caso tenha folga para tal. Não há político que não gostasse de o fazer...logo, voltamos rapidamente à lógica empregue na Câmara de fazer propaganda até às coisas supostamente corriqueiras, como arranjar passeios, repavimentar ruas, etc.
Lembro-me, ainda, de ter aprendido nas aulas de Físico-Quimica que uma acção tinha sempre uma reacção. Esta é, pelo menos no mundo natural, uma lei absoluta. Não tem sido contudo sempre respeitada no mundo dos homens. Onde as acções se sucedem sem reacções ou consequências. Por exemplo o PCP criticou o Presidente, mas mantem-se no Conselho de Estado, o Dr. Santana Lopes anuncia que vai deixar a política, ou então que tem um compromisso com Lisboa e depois sé que se vê, ou, ainda, o Primeiro Ministro no more, no rescaldo das eleições europeias, anuncia ter ouvido a mensagem que os eleitores entenderam enviar-lhe, pelo que se vai dedicar com redobrado esforço à tarefa de governação nos dois anos que se seguiriam, remodelando o Governo e, depois, foi também o que se viu...
Irritam-me os esbirros, da mesma maneira irrita-me quem defende aquilo em que não pensou. Irritam-me também aqueles que copiam o que os outros pensam e dizem, e que não assumem que estão só a papaguear.
Hoje li que o Senado Americano rejeitou a proposta Bushista de levar a cabo uma emenda à Constituição no sentido de proibir a celebraçaão de casamentos entre duas pessoas do mesmo sexo. Trata-se de uma boa noícia, uma vez que cria espaço para que os Estados, individualmente, testem os casamentos homossexuais e verifiquem as suas consequências para a "vida familiar". Contrariamente a muitos penso que as comunidades homossexuais, em vez de mimetizarem os heterossexuais, deviam ser mais ambiciosas e pedir uma revolução, tentando atingir um estado que não definisse fórmulas de agrupamento social, mas tão só permitisse total liberdade à pessoas para que livremente contratassem, com quem bem entendessem, os direitos, as obrigações, ou os deveres que quisessem.
A Primeira Ideia de Santana
Começou já ontem um exercício a que todos nos iremos ter de habituar nos próximos tempos, o de nos atirarem areia para os olhos. Trata-se de uma prática muito comveniente quando não querem que constatemos o vazio de obra, ou de ideias. Foi assim que Santana deu inicio ao seu consulado, ao ir a correr para a residência oficial de Presidente da Câmara de Lisboa e dar uma entrevista à SIC. Muito se poderia dizer sobre a confusão do senhor utilizar ainda essa residência, quando nitidamente já não quer saber das funções de edil para nada, mas deixemos isso para outras núpcias. A entrevista resumida deu no seguinte: por um lado a descentralização de alguns ministérios do governo, com a seguinte lógica, quem lida com férias e viagens só pode estar no Algarve, quem, por sua vez lida com empresas deve estar no Porto e por aí em diante. Num país onde tão pouco funciona, vai-se pôr em causa assim de uma penada o pouco que ainda funciona. Mais tem se a ideia clara que o senhor tinha acabado de ter algumas das ideias de que falava e que, por conseguinte, era impossível concluir que as mesmas eram o resultado de um processo de amadurecimento profundo relativamente à sua viabilidade e custos.
A democracia vai manca, depois de ontem à noite o Presidente ter aberto a caixa de pandora do populismo e demagogia e ter assim entregue o ouro ao bandido (neste caso bandidos). Grave é o próprio, no discurso que faz explicando os motivos que o levaram àquela decisão, ter enumerado uma série de avisos e condiconalismos, ao novo governo da velha maioria, que, por si só, seriam suficientes para uma convocação de eleições.
"The president of the republic, Field Marshall Hindenburg, long distrustful of Hitler, was at last persuaded by right wing advisers that the Nazis must be given a chance to show whether they could deal with Germany's problems. He may have thought that office alongside right wing parties in a coalition would show them ups as politicians like the rest, good at barracking and opposition but not at providing answers to the country's needs. He may have thought that they could be tamed (...). He asked Hitler to be chancellor and in so doing made what must be reckoned one of the momentous decisions of the century."
1. Já há muito tempo que não se verificava um momento político tão interessante e tão discutido como o actual. Há anos que não se via os principais noticiários televisivos abrirem com as declarações sucessivas e necessariamente contraditórias dos vários dirogentes partidários, assim como dos habituais comentadores de serviço (ao serviço deste, ou daquele partido, com maior ou menor clareza).
Ontem fui almoçar a um sitio que já toda a gente dá por morto e enterrado: a feira popular. Deve haver já poucos sitios em Lisboa assim, com aquele ar "piroso" meio decadente, cheio de canteiros que era tão tipico em Portugal. A feira popular parece uma gigantesca colectividade de bairro trasladada para um dos novos centros da cidade. De um lado o hiper moderno edificio sede da TMN, de um outro a torre da Air Luxor, que com este nome até podia ser uma das velhinhas atracções da feira, assim um passeio com fantasmas de múmias e espetaculares colunas egípcias, aqui e acolá pontuadas de papiros cobertos de hieróglifos. Mas não o que se passa é que o tempo da feira passou. Hoje a feira é por todos, até aqueles que as procuram pelas sardinhas ao almoço, regadas por sangria, à sombra de guarda-sóis de marca desbotados e rodeados de canteiros plenos de sardinheiras, considerada um anacronismo.
Afinal há esperança. Hoje o Presidente de todos nós convocou o Conselho de Estado, um sinal de que estará, pelo menos, a considerar o cenário de dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas (a Constituição exige a convocação do primeiro para que possa haver convocação da segunda). Também hoje o Bloco de Esquerda teve um acesso de "responsabilite" ao assumir que poderá estar disposto a fazer as concessões necessárias para poder vir a formar Governo com o PS, caso este não tenha maioria absoluta, o que significa que temos um BE um pouco menos sonhador, mas esperemos não menos idealista nas suas/nossas causas fracturantes...a ver vamos.
Hoje acordei mal disposto, com a boca a saber mal. Dormi mal, tive sonhos estranhos. Mal adormeci sonhei com o Manuel Monteiro, que dizia numa conferência de imprenssa que queria eleições, que sabia que ia ter um bom resultado e que os seus militantes do PP tinham saudades dele. Parecia-me uma piada de mau gosto. Por um lado aturá-lo, por outro dava-me cabo da coligação. E onde estava o Portas?
Agora que já consegui visionar a intervenção do Marcelo ontem na TVI tenho de confessar ter uma certa inveja dele, apesar do sentimento ser feio, como feio é o tipo, ele de facto é lixado de esperto que é. Mas ontem até tive pena dele. Fazer aquela intervenção toda pontuada pelas interrupções constantes da Manuela não deve ser fácil. Eu ainda me lembro quando ela me entrevistou a propósito do túnel, a tipa ia-me fritando e nem o Paulo a conseguiu influenciar. Rica Judite, com essa tenho podido contar.
Hoje tenho de me reunir com o Marco. Tenho de lhe pôr algum travão, logo agora que eu me sai tão bem na entrevista de ontem com a Judite seria uma pena tudo cair por terra devido a alguns excessos dos meus amigos.
Não me posso esquecer também de ralhar ao Chaves. Que mal fiz eu para estar rodeado por estes imbecis!?! Até parece que querem ser mais papistas que o papa e comigo à primeira estão lixados. Os tipos não percebem que uma defesa demasiado intrasigente do meu nome provoca anticorpos...
Hoje acordei mal disposto. Perdemos ontem frente à Grécia, um país mais ou menos pobre como nós, o que não está nada bem. Não percebi o que estava o Pauleta lá a fazer, tenho de mandar a boca na próxima crónica. Fiquei triste e penso que esta derrota vai trazer mais chateiras ao meu partido, já que o pessoal vai todo querer assacar culpas a alguém e como o Scolari safou-se bem e o Arnaut poucos o conhecem, vai tudo querer cair em cima do Governo e de Belém a pedir eleições. Nestas alturas é que eu sinto que poderia ajudar o país, caso ocupasse uma posição de relevo institucional. Se eu já estivesse em Belém há muito que já teria tomado uma decisão, comunicado a mesma ao país e posto toda a gente na ordem. Não me posso esquecer, tenho de me atirar ao Pauleta.
Depois de muitas horas de conversações Santana Lopes
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